Thayna estava se mexendo muito, eu tentei acorda-la, mas ela não parecia querer acordar, então a deixei dormindo e fui mexer no computador que tinha no meu quarto, verifiquei minhas redes sócias, nada de interessante, verifiquei meu e-mail, nada de interessante, então coloquei no YouTube e fui ver alguns vídeos que eu gostava, passaram-se em torno de 30 minutos e a Thay acordou.
- Que horas são?
- Quase dez da noite.
- Dormi muito...
- Nem foi tanto, vamos comer algo, e você vai ingerir e nada de vomitar depois!
- O.K. – ela disse com certo tom de raiva e se levantou, rápido demais, ela quase caiu, levantei da cadeira e a segurei.
- Melhor eu trazer algo para ti, fique deitada e não tome meus remédios de dormir.
- Tá tá, vai logo e para de encher, e põe aquele CD que estava tocando quando cheguei, gosto daquela banda.
- É sério Thayna, nada dos remédios, vou colocar a musica – apertei o play no som, e fui para a porta – não me decepcione de novo boba.
- Pode deixar rainha da chatice.
Desci as escadas e peguei três pedaços do bolo que chocolate que mamãe havia feito (um para mim, dois para ela), peguei suco de laranja pra mim e de uva pra ela. Olhei ao redor para ver onde mamãe estava e a vi na sala, ela tinha dormido no sofá, deixei os pratos e os copos encima da mesa na copa e a cobri com o coberto preto da vovó. Peguei de novo os pratos e os copos e subi devagar para não derramar nada, cheguei ao quarto e empurrei a porta com o quadril, ela estava sentada lendo Circulo.
- Toma – entreguei o prato com os três pedaços de bolo e o copo de suco de uva – sei que é seu preferido.
- Vou comer rainha – ela excitou primeiro, depois devorou o bolo e o suco. – Seu aniversário é depois de amanhã, ne?
- Sim... – respondi com aquele tom monótono e meio triste – meu aniversario não é como antes dos meus pais se separarem.
- É eu sei te conheço há bastante tempo. Mas e ai, vai fazer algo?
- Ah, andei pensando em ir ao shopping ou fazer alguma festa do pijama ou sei lá, não dá pra fazer uma festa muito grande já que minha mãe ta guardando dinheiro pra de 15 no ano que vem.
- É chato ser mais velha que você, e eu nem tive festa de 15 anos...
- Você só é um ano mais velha que eu, nem é tanta diferença, e eu que aparento ser a mais velha já que cuido de você – rimos.
- Esse bolo ta muito bom, sua mãe sempre cozinhou bem...
- Ela andou melhorando nesses últimos anos. Lembra-se do desastre que ela fez na cozinha tentando fazer pizza?
- Lembro sim – ela riu – nós tivemos que limpar tudo porque “somos mais novas”. – ela imitou minha mãe como sempre costumava fazer para me alegrar.
- Tenho saudade de quando ela tentava fazer uns pratos estranhos.
- Como na vez do sushi?
- Meus deuses, sim – demos risadas – ela queimou o peixe e nem no fogo era pra ter colocado, tinha que ser cru – ri muito com aquilo.
- Ela nem deve ter lido a receita direito – ela estava com aquele meio sorriso no rosto – e então, como anda seu pai?
- Faz um tempo que não vou a casa dele, a Emmalândia é chata demais para minha mente.
- Mas e a Yah? Você deveria visita-la mais, mesmo não gostando da Emma, a Yah é filha dela...
- Eu sei, e eu a vejo todo dia na escola, não consigo suportar a Emma, como não suportei a Jasmine e nem a Maryanna, meu pai nunca teve bom gosto pra amante.
- Até que a Raquel foi legal contigo, te levou pra viajar e tal.
- Mas ela tinha idade pra ser minha irmã!
- E o irmã linda. – ironia mais sarcasmo tonou a frase engraçada.
- Enfim, falta apenas um dia pro seu aniversario, e eu não vou deixar passar em vão, vamos fazer uma festa do pijama, eu chamo as meninas, e você usa sua mesada pra comprar as coisas, to sem dinheiro nenhum.
- O.K. O.K. – ela sempre com uma aura alegre, isso me irrita.
A conversa parou ali, ela voltou a ler o livro, eu deixei os pratos e copos na cozinha e fui mexer no computador, entrei no blog secreto da Júlia, e nada, não tinha nada lá, tinha apenas a publicação de quando brigamos, ela não fez carta de suicídio e nada, isso não era coisa da Júlia, ela sempre amou atenção.
Fiquei mexendo em blogs aleatórios, alguns de moda, outros de maquiagem, então me cansei, não tinha nada de interessante, me virei e a Thay estava ainda lendo o livro, a olhei por uns poucos segundo então me levantei da cadeira, desliguei o notebook, peguei meu celular, sentei na cama ao lado da Thay e fui verificar minhas mensagens, a maioria eram grupos de pessoas que eu não conhecia, mas tinha uma dele.
“oi Effy, faz tempo que você não fala comigo, aconteceu algo?”
“Não Victor, apenas não andei mexendo no celular.”
Ele me respondeu na hora.
“Bora lá, eu te conheço, e também fiquei sabendo da Júlia, meus pêsames, sei que a amava, mas por que não me disse nada, não me avisou por sms ou me ligou? Antes, sempre quando tinha algum problema você me procurava...”
“Ah, só não pensei em ti e nem em ninguém, queria ficar sozinha entende?”
“...”
E então a conversa acabou.
Sempre acabava assim, desde que o conheci em um grupo, nunca dávamos tchau um para o outro, mas isso não me importava. Mesmo que fosse virtualmente ele conseguia me entender e me acalmar, queria tanto poder ir visita-lo... Mas ultimamente não temos conversado muito, talvez seja por causa da nossa ultima conversa séria em que ele me falou coisas que mexeram comigo, ou talvez porque ele passa tempo demais conversando com a namorada dele e esquece-se de mim, ou talvez seja porque eu não quero mais falar com ninguém, são tantos “ou talvez...”.
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Uma Figurante Qualquer
RandomAgora recolhida em um canto, sendo assombrada por mortes, desilusões e fantasmas, sem mencionar as vozes em sua mente, chorando e não sabendo o que fazer, Effy que era uma garota normal, boa aluna e feliz, se torna uma garota que ninguém ousa dizer...