Uma Figurante Qualquer

VII

Depois que as meninas foram embora, eu limpei tudo e apenas a Yasmin ficou, já que meu pai e minha madrasta tinham viajado. Depois de deixar o lixo lá fora, fui na sala e a Yasmin começou a puxar assunto.
- Dormiu bem, Effy? Você ta com uma cara de morta. - ela disse expressando preocupação.
- Não consegui dormir e você ainda ta com um pênis na bochecha - dei uma gargalhada.
- Esse lápis é a prova da água - ela fez aquelas caras de cachorro abandonado.
- Vou pegar o limpador de maquiagem da minha mãe - a olhei com cara de desprezo e ela riu.
Subi e fui no quarto de minha mãe, enquanto procurava o removedor de maquiagem, achei um colar, parecia ser antigo, era prata e o pingente era uma bailarina, como eu sabia que mamãe não brigaria, peguei-o para mim, coloquei em meu pescoço, me admirei um pouco no espelho e até parei pra dar uma arrumada no cabelo que estava super bagunçado, depois que achei e peguei o removedor, desci e entreguei a Yasmin.
Depois de limpar seu rosto com um pouco de esforço a Yah foi ver um filme e eu fui tentar dormir um pouco, mas não consegui, minha mente voltava ao meu encontro com a Júlia, que não tenho certeza se era o espirito dela ou minha imaginação de bêbada, aliás, minha cabeça esta doendo pra caralho. Fui pegar um remédio e notei um bilhete perto do armário com os remédios, o peguei e li meu nome escrito nele:
"Eu realmente estive aqui ontem, Ef. -Juh"
Rasguei o bilhete depois que terminei de ler e peguei o remédio, aquilo deveria ser brincadeira de alguma das meninas.
- Elizabeth? - grita alguém na porta da frente.
- Já vou - vou para abrir a porta - Olá? - pergunto à mulher alta de cabelos loiros que estava na minha frente.
- Você é a Elizabeth Montgomery?
- Sim, por que?
- Sou Liz Stonem, mãe do Marcus.
- Aconteceu algo com o Marcus? - Marcus nunca tinha me falado dela.
- Não, eu apenas queria lhe conhecer, na ultima carta que o Marcus me mandou ele falou de ti.
- Ah sim, quer entrar? Beber algo?
- Não, não, obrigada, já lhe conheci, você pode mandar um abraço pro Marcus por mim?
- Claro, mas por que você não vai na casa dele?
- Não da, adeus Elizabeth. - então ela foi andando até um carro prata sem olhar para trás.
- Effy, quem era? - Yah pergunta gritando da sala.
- Ninguém de importante. - falo pensando no quão estranho esse diálogo foi.
Subo para meu quarto e pego meu celular e vejo que ele está descarregado, coloco-o para carregar e vou pra sala assistir ao filme com a Yah.
- Qual filme é?
- Dezesseis Luas. - a conversa acaba ali.

Depois do filme ter acabado eu e Yah fomos ao parque passar um tempo, chegando lá sentamos num banco na sombra e ficamos observando as crianças brincando no parquinho.
- Quer sorvete? - pergunto.
- To sem dinheiro.
- Pode deixar, eu pago, chocolate certo?
- Isso mesmo - ela sorri e saio andando para comprar sorvete.
Quando chego na sorveteria espero uns três minutos até que sou atendida por uma mulher sorridente.
- Qual seu pedido, moça? - a atendente pergunta.
- Duas casquinhas de chocolate, por favor.
- Quatro reais - a pago, pego as casquinhas e vou andando em direção ao banco que a Yah esta.
- Foi rápido.
- A fila tava pequena.
- Ah, enfim, aquele não é seu namorado? - ela aponta com uma cara meio espantada para um menino que estava beijando outra menina.
- N-não sei... - me levanto e vou andando em direção ao casal, e era ele, quando chego perto faço um barulho pra chamar a atenção e ele me vê.
- E-Effy, eu, eu posso explicar, desculpa. - ele diz espantado enquanto a menina de cabelos vermelhos que não tinha visto antes em minha vida sorri com satisfação.
- Não tem nada para explicar, Caleb, adeus - deixo meu sorvete cair e saio andando em direção à minha casa e a Yah vem atrás.
- Effy, calma, EFFY - ela grita - da pra parar um pouco e olhar pra mim? Sou tua meia irmã e quero te ajudar - eu paro e ela me abraça, começo a chorar.
- Por que ele fez isso? - pergunto entre lágrimas.
- Ele é um idiota, acalme-se maninha! - ela diz me consolando, quando estou me acalmando, ouço passos, alguém correndo, solto Yah e me viro, era ele.
- Effy, por favor, me escuta, eu não a beijei, ela me beijou, eu tentei me livrar, mas não deu, me perdoa, por favor, não posso te perder, princesa, por favor! - ele diz quase chorando.
- Como posso ter certeza? - falo limpando as lágrimas e ficando firme.
- A Yasmin viu, eu e ela tínhamos marcado de eu ir lá te ver, ela viu aquele menina, que nem sei o nome, me beijar. - ele falou parecendo um cachorrinho.
- Yah, isso é verdade?
- Sim, Ef. - ela diz calmamente.
- Tudo bem então... - falo ainda insegura mas firme, ele tenta me beijar mas eu o afasto - Você ainda tem saliva daquela menina na sua boca, não quero te beijar agora.
- Tudo bem... - ele diz com a cabeça baixa e eu saio andando em direção a minha casa, não espero para ver se a Yasmin estava me acompanhado.