𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐃𝐄𝐙𝐄𝐍𝐎𝐕𝐄

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JACK

Tento ser o mais educado possível. Ainda mais porque sei que ficarei os próximos dias trancafiado com essas pessoas e talvez alguma delas saiba sobre o segredo do meu pai. A cada passo que dou ouço alguém murmurar Alteza e fazer uma reverência. Sorrio para todas, mesmo que essa fachada me irrite. A maioria desses nobres me conhece desde pequeno. Não acho que tanta formalidade assim seja necessária.

Esse é o primeiro jantar formal que vamos ter durante a viajem. Vai haver 1 aqui no trem e o outro será sobre as águas do Rio Shuld. O que ocorrerá no navio terá a participação dos 6 e eu não consigo imaginar nada menos do que algum grande acontecimento. Mas no de hoje à noite, o jantar do primeiro dia de viajem, são só os nobres e alguns soldados com a renda mais elevada.

Nunca gostei muito desses jantares. Acho que no fundo ninguém gosta deles. Na maior parte do tempo as pessoas só falam coisas muito por alto e terminamos a noite com um brinde.

Olho em volta observando o salão de jantar. A mesa principal está no canto esquerdo como sempre esteve, mas as poltronas e os moveis de decorações estão espalhados diferentemente de como estavam no último ano. O papel de parede azul com formas geométricas dá ao mesmo tempo um ar de seriedade e conforto ao ambiente. As janelas fechadas impedem que a brisa da noite entre e apague as velas. Ainda assim consigo ver as estrelas no céu e as montanhas passando rápido pela minha visão.

Às vezes me pego pensando no acordo que fiz com Tormenta a poucas horas. Não sei se ela realmente me contará o que descobrir ou se só vai pegar as informações que eu der para, aos poucos, ir juntando o quebra cabeça. Não a conheço o suficiente para acreditar em sua palavra, mas uma parte de mim gostaria muito que isso mudasse. Algo nela me atraí. Eu só não ainda descobri o que é.

Me afasto dos nobres a quem acabei de cumprimentar e vou para um canto mais vazio. Abro a janela e coloco a cabeça um pouco para fora tentando ver o céu. Um vento frio e forte atinge o meu rosto. Tento arrumar os fios desgrenhados do meu cabelo, mas depois de um tempo acabo desistindo.

Apoio os meus cotovelos na janela e olho para os pontos brilhantes das estrelas. Se não fosse pela paisagem passando rápido não perceberia que estamos andando. O silencio aqui do lado de fora consegue ser quase magico comparado com o que está ali dentro.

-Alteza. – ouço uma voz do meu lado e me viro já com o sorriso habitual no rosto e preste a fazer um cumprimento com a cabeça, mas assim que vejo quem é desisto da máscara.

-Oi, Hazel. Você sabe que não precisa me... – começo, mas ela me interrompe. Acho que é a única nessa sala que tem coragem de fazer isso além dos meus pais.

-Eu sei, mas é sempre bom ver você colocar o seu sorriso falso na cara enganando todas as pessoas por quem passa.

-Menos você. – coloco um sorriso sincero no rosto.

-Menos eu.

Eu e Hazel nos conhecemos desde novos. Ela e sua irmã gêmea foram apresentadas para mim como futuras pretendentes. Lembro exatamente da cara de raiva dela cada vez que seu pai dizia essa palavra. E foi naquele momento em que nos tornamos amigos.

Ela nunca foi do tipo que saia por aí se exibindo ou tentando parecer melhor que as outras. Hazel sempre foi na dela e eu sempre que podia tentava passar um tempo ao seu lado. Muitos acham que conversamos porque tenho interesse de que ela se torne minha noiva, mas nós dois sabemos que não. Não tinha visto Hazel nas últimas semanas. A chegada dos 6 mudou muita coisa...

Avisto Samuel vindo em nossa direção com um sorriso no rosto. Nos últimos dia ele parecia diferente, mais sonhador. Sempre que perguntava o que estava acontecendo ele mudava de assunto, então aos poucos comecei a deixar isso de lado.

𝐓𝐨𝐫𝐦𝐞𝐧𝐭𝐚 Onde histórias criam vida. Descubra agora