𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐐𝐔𝐀𝐑𝐄𝐍𝐓𝐀 𝐄 𝐒𝐄𝐓𝐄

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KATE

Fecho a porta pela qual passei e tento localizar Anthony na total escuridão que está a minha frente. Não ouço nada, então sigo cegamente pelo único caminho que há para sair dali. Levanto os braços tentando descobrir a altura desse corredor. Se eu ficar na ponta dos dedos consigo encostar a palma na superfície. Tento esticá-los para os lados, mas o corredor é estreito demais para que eu consiga abri-los totalmente.

Continuo andando por mais alguns minutos até ouvir o ranger de uma porta a minha frente não muito longe de onde eu estou. Avisto uma claridade feita por luz de velas entrar durante alguns poucos segundos e depois o ranger da porta novamente, me inundando em completa escuridão. Conto até 10 mentalmente e vou até lá. Tateio a parede a minha frente sentindo a pedra áspera e toco em todos os cantos até achar uma pequena maçaneta.

Giro-a, abrindo delicadamente a porta para que faça o mínimo de barulho possível. As dobradiças soltam um pequeno grunhido quando eu as mexo, mas nada comparado ao barulho que Anthony fez.

Olho em volta e percebo que estamos em um corredor normal do castelo, mas nos distanciamos muito do salão de baile. Não vejo guardas, nem ouço a música em lugar algum. O que me ajuda a distinguir os passos de Anthony a uns 2 corredores de mim.

Começo a ir atras dele e antes de virar no corredor olho para trás a procura da entrada. A parede pela qual entrei não está nem ao menos escondida. Um papel de parede a encobre normalmente e a parte onde a porta se abre é levemente escondida por prateleiras. Me pergunto por quantas dessa eu já não devo ter passado sem perceber.

Viro à direita e depois a esquerda. Vejo o pé de Anthony quando ele cruza o corredor e eu me certifico de estar a uma distância segura.

Não há janelas no corredor onde estamos, nem em nenhum pelo qual passamos. Um eco parece se instalar nessa área fazendo com que os passos se multipliquem em cada corredor. De vez em quando duvido se estou seguindo o barulho dos passos de Anthony ou dos meus.

Creio que eu nunca nem tinha passado por aqui. Diferentemente das áreas comuns, que tem um ar veraneio, tudo aqui dentro é um pouco mais escuro. As paredes são avermelhadas e os moveis feitos de madeira.

Adentro um pouco mais o lugar, seguindo-o. A pouca iluminação é ao mesmo tempo uma aliada e uma inimiga. Alterno meu olhar entre o chão a minha frente e os vislumbres do corpo de Anthony cada vez que ele vira um dos corredores. Seus passos começam a ser silenciosos e redobro a minha atenção por isso. A partir de um certo ponto o eco simplesmente some e eu estranho os barulhos nítidos.

Depois de mais algumas curvas ele vai diminuindo o ritmo até parar em frente a uma porta de prata imponente bem no meio do corredor. Ao mesmo tempo que ela parece ser simplesmente uma parte da decoração há algo em seus detalhes que faz com que sua presença seja rapidamente notada. Olho para os lados e para trás a procura de um guarda, mesmo que eu saiba que não haverá nenhum aqui.

Anthony para um segundo em frente a porta e eu me pergunto se ele descobriu que eu estou aqui, mas ele logo gira maçaneta e entra. Não ouço o click metálico de uma fechadura, então me aproximo silenciosamente.

Respiro fundo e minha mente capta o peso da arma na minha cintura por baixo da minha meia calça. Uma parte de mim só consegue lembrar da minha primeira missão. Da primeira vez que eu havia segurado uma arma. Da primeira vez que eu havia matado alguém. Engraçado como mesmo sendo a mesma pessoa eu nunca mais vou ser aquela garota. Não, não mesmo. Não poderia voltar atras em tudo que fiz e mesmo se pudesse não sei se eu voltaria.

Deixo os pensamentos sentimentais de lado e me aproximo ainda mais da porta, encostando meu corpo sobre a prata fria. Ouço vozes lá dentro, mas não consigo distinguir de quem são ou sobre o que estão falando.

𝐓𝐨𝐫𝐦𝐞𝐧𝐭𝐚 Onde histórias criam vida. Descubra agora