𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐕𝐈𝐍𝐓𝐄 𝐄 𝐒𝐄𝐓𝐄

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KATE

Os corredores até o salão principal do navio são largos e muito bem iluminados, mas não entendo para que tantas luzes se o sol ainda nem se pôs completamente.

Meia dúzia de guardas nos escoltam e, como se estivéssemos em algum tipo de escola, andamos em fila.

Por algum motivo, que nenhum de nós entendeu direito, todos os convidados têm que chegar de braços dados com um par. Por isso Lou e Tom estão na frente, uma Sam de cara fechada está com Simon no meio e eu e Mike estamos por último tentando não rir dos quadros estranhos que os nobres colecionam.

Vendo os irmãos Wade assim percebo os quão parecidos eles são. Se não soubesse da diferença de idade acharia que são gêmeos. Os dois tem os mesmos olhos e cabelos castanhos e as feições finas. O corpo esguio e o sorriso que já seduziu mais pessoas do que eu poderia contar. Os dois são lindos de uma forma quase majestosa e, até onde sei, eles têm total ciência disso.

Sinto alguém cutucando minhas costelas e me viro para Mike. Acho que não importa quantas vezes eu o veja essa noite, nem quantas vezes eu me lembre que aquele é o mesmo Mike de sempre, eu vou continuar me espantando com o quão diferente está.

Não que ele não seja bonito naturalmente, ele é, com certeza. Mas de algum modo hoje é como se conseguisse estar ainda mais estonteante. Os cabelos castanhos estão penteados, mas ainda assim um pouco rebelde em algumas partes. Mike usa um terno que de alguma forma demarca perfeitamente os músculos.

Seus olhos esmeraldas estão com um brilho de divertimento que há muito tempo eu não via e seu maxilar está mais demarcado que o normal por conta da força para não rir.

Olho para sua mão livre e percebo que está apontando para algum lugar na nossa frente. Os guardas abrem mais uma porta e eu vejo do que ele está rindo. Nunca fui de entender muito a moda das nobres, mas o que aquela mulher está vestindo passa de toda a minha capacidade de entender como alguém acha aquilo bonito.

Seus cabelos castanhos escuros, com alguns poucos fios grisalhos, estão penteados no alto da cabeça em um nó. E o vestido claro é quase da cor de sua pele o que faz ela pareça estar nua. Aperto o braço de Mike que está encaixado no meu um pouco mais forte e tentamos olhar para qualquer outro lugar.

Observo os guardas e percebo que estão tão espantados quanto nós com a mulher e uma parte de mim se sente um pouco aliviada por isso. Se aquele fosse o estilo da maioria das nobres não sabia se nós dois conseguiríamos passar um jantar todo sérios.

Assim que entramos na sala a mulher nota a nossa presença. Ela vem até nós, com os saltos fazendo um barulho alto no chão de mármore a cada passo, como tiros.

Encaro-a mais de perto e percebo que mesmo com toda a maquiagem é uma mulher bonita. Não deve passar dos 50 anos e toda a sua postura demonstra um certo ar de riqueza.

-Boa noite, sou Rosalyn Riley. Levarei vocês até o salão. Vossa Majestade pediu que os avisasse que nenhum tipo de desrespeito será aceito de nenhum de vocês, então tratem-nos como pessoas como vocês devem tratar pessoas como nós. Entendido? – seus olhos verdes escuros vagam entre todos nós com um nojo quase surpreendente.

Não respondemos nada e isso parece irritá-la. Pelo visto escoltar os assassinos não foi uma ação voluntaria. Rosalyn se vira e começa a andar. Ouço Sam bufar a minha frente.

Andamos pela sala e me vejo observando cada detalhe dela. Provavelmente é uma das muitas salas de estar. Poltronas e sofás estão colocados pelo cômodo e as grandes janelas fazem com que os que imagino serem os últimos raios de sol passem através da vidraça dando um toque quase mágico em todo o ambiente.

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