Capítulo XIX

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Algo verde, algo branco, algo marrom, uma lata de suco e uma maçã.

Era isso que os jovens tinham como comida? Não era de se surpreender que acabavam por se entregar ao álcool.

- Sentindo falta das vitelas? - Lucius brincou novamente.

- Você não imagina o quanto.

Queria usar magia. Maldição! O quão tentador era usar magia.

Queria que me desejassem um grandioso pedaço de pernil. Até mesmo um frango magricela e vinho barato servido num copo de plástico, me pareciam extremamente suculentos agora.

Lucius sentara a minha frente naquela mesa arredondada e embora a cadeira me coubesse perfeitamente, para Lucius parecia faltar pelo menos três centímetros a cada lado. Seus músculos retesavam para a camisa branca, arrancando suspiros de inúmeras garotas.

Era inevitável e incontrolável não entrar no paralelo que o mundo vermelho me trazia. As imaginações dos outros que tornavam Lucius uma figura erótica nas mais inimagináveis posições tinha sido algo para qual eu não estava preparada. Lucius era meu irmão, meu amigo, meu melhor amigo.

Meu estomago embrulhou só de vê-lo daquele modo - de quatro, de costas, uivando. Ele provavelmente adoraria realizar cada uma daquelas fantasias, eu apostaria até meu chifre dizendo que já o fizera. Mas vê-lo em minha mente, de modo repetido, tão detalhadamente, me enjoou até o ultimo centímetro de estomago.

Sendo assim, é compreensível minha cara de poucos amigos quando Théo retornou a mesa acompanhado de um par de alunos.

"Mude essa cara imediatamente".

A voz de Luc retumbou em minha mente e eu me obriguei a forçar um sorriso ignorando o mau humor que o próprio Lucius me causara. Entretanto, tenho certeza que meu rosto voltou-se a se fechar quando o aroma adocicado como talco de bebê inundou minha narina.

A voz de Théo ressoou simpática assim que sentou a minha frente com um par de amigos presos em um meio abraço.

- Esses são meus amigos - Théo começou a apresenta-los. - Marcus...

O rapaz pálido tinha cabelos absurdamente escuros escorrendo pela testa e olhos de um azul claro e nem um pouco simpáticos. Marcus, nem se quer fez menção ao me cumprimentar. Se reduziu em um pequeno balançar de cabeça e nenhuma mensura de sorriso.

Antes mesmo que eu me permitisse ficar furiosa com antipatia, a garota do lado direito de Théo se pronunciou.

- E eu sou a Madeleine!

Madeleine tinha olhos tão claros quanto os de Marcus - se não fossem mais - e a pele tão escura quanto seu cabelo, que caia em uma longa cascatas de cachos volumosos e definidos, emoldurando seu rosto. Lábios carnudos e um nariz arrebitado ficaram ainda mais atrativos quando ela sorriu e estendeu sua mão sobre a mesa.

Ela diferente de Marcus tinha uma alegria escorrendo por seus poros.

- É um prazer finalmente conhecer a ruiva de Ibiza! Théo não parou de falar sobre você durante horas!

Meu olhar se moveu dela para Théo rápido o suficiente para que eu o visse enrubescer.

Por um segundo, a comida ruim; a antipatia de Marcus e o inconveniente que Lucius provocava instigando luxúria alheia, desapareceu. O sorriso que se formara em meu rosto era involuntário e aquecia algo dentro de mim.

- Você falou tanto assim? - Algo em mim gostava de provocar os rubores nele.

- Madeleine me faz parecer um obcecado.

As Crônicas do Caos - Perdição (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora