Pus-me de pé e me afastei.
A essa altura eu já estava no meio da rua. Eu não costumava ter medo, mas aquela situação em particular me deixou bastante intimidada. A figura alta e corpulenta saiu por um segundo da escuridão que lhe cobria. Agora eu podia encarar bem, a pele pálida, o cabelo escuro penteado para trás, um terno num grafite escuro, sapatos lustrosos e em seu rosto um sorriso. Um sorriso tão intenso que chegava a ser assustador.
Apurei a audição, só escutava voz humana a quase cinco quilômetros de distância, qualquer que fosse a intenção do homem a minha frente, correr — mesmo que fosse o mais rápido que pudesse — seria uma atitude inútil. De pronto me amaldiçoei por ter me afastado tanto de contato humano.
O homem ainda me encarava atentamente. Recusei-me a me envolver com os braços, pelo contrario, cerrei meus braços e o encarei firmemente. Engoli a seco e busquei minha voz.
— Quem... Quem é você?
O sorriso do homem só se abriu mais, dando alguns passos para mais perto ele falou novamente com sua voz de discurso. Desta vez, tocada por um tanto de soberba.
— Eu tenho muitos nomes, sou chamado de muitas coisas, creio que escolher apenas um é uma tarefa um tanto complicada.
Minha segurança ainda não havia retornado, mas a petulância que havia em mim, saudava a petulância que havia nele.
— Bem, então me permita adicionar mais um há sua coleção. Perseguidor me parece fazer bastante jus a você.
Ele riu.
— Creio que esta é a primeira vez que me agregam este titulo, ao menos cara a cara — Ele se aproximou um pouco mais, agora estava a poucos passos de distância.
— Acha que as pessoas tem medo de você?
Perguntei implorando que a arrogância em minha voz não falhasse. A final, eu era uma das vitimas de sua intimidação.
— Cá entre nós, minha jovem, a maioria tem medo de dizer se quer uma palavra gentil há minha presença. Mas para sua sorte, eu estou de ótimo humor.
— Mas olhe só, que sorte a minha.
Murmurei.
Ele se aproximou um pouco mais.
— Não imagina o quanto, minha criança.
O modo como sua voz soava, me deu alguma familiaridade ainda desconhecida. E aquilo acrescentou uma acidez a minha voz.
— Sou muito mais velha do que você imagina.
— Oh, eu sei, eu sei. — Ele se aproximou de mim o suficiente para sussurra em meu ouvido com sua voz, agora baixa e tênue. Controlei meu ímpeto de fuga e apenas congelei com suas palavras seguintes.
— Reconheço um anjo caído quando vejo um.
Sabia que meus olhos se arregalavam, mas meu queixo não caiu. Muitas criaturas do submundo poderiam sentir o meu cheiro e me reconhecer, mas este não parecia um submundano qualquer.
— E o que você quer comigo?
Questionei.
— Oh criança, quero lhe dar oque mais deseja!
— Como sabe o que eu mais desejo?
O sorriso dele se desfez um tanto e mesmo bem iluminado pelos postes, uma sombra escura tomou seu rosto.
— Aqui em baixo, eu sou oque mais sabe de coisas. Desde a sua queda, o fogo a consumindo...
— Isso não é da sua conta!
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As Crônicas do Caos - Perdição (EM REVISÃO)
Paranormal🐍 Até onde você iria por uma segunda chance? Serafine já foi um anjo, da mais alta hierarquia, mas tudo mudou quando ela quis interferir na liberdade de escolha dos homens. Condenada a uma eternidade num corpo inerte, em Perdição, Serafine s...