Antes que eu pudesse perceber, Théo e Lucius tinham se aproximado, rápidos como um par de linces.
- O que aconteceu? - Perguntou Lucius de pronto, mas ele não me olhava, encarava a porta e de certo, farejava Artur.
Dei de ombros, tentando fazer pouco caso.
- Pode parecer confuso, mas nem eu mesmo saberia dizer. - Confessei. - Fui à biblioteca. Encontrei-o no meio do caminho, enquanto voltava e ele começou a se insinuar para mim. - Tentei me explicar. Meu olhar foi automaticamente para Théo. - Ele tentava me convencer sobre como ele era uma... Melhor opção. - Meu rosto tinha iniciado seu processo de rubor. - Quando disse que não me importava, ele fez essa cena.
Meu olhar voltou-se para trás automaticamente. Talvez a ameaça de Artur tivesse me afetado afinal. Engoli em seco e continuei.
- Disse-me que faria entender isso. Ele ser "uma melhor opção". Mesmo que eu não quisesse.
- O que? - Falaram os dois uníssonos num quase grito.
Para minha surpresa, fora Théo quem primeiro tomara minhas dores.
- Ele simplesmente não pode fazer isso! - Falou ele num tom grave. Os seus punhos estavam cerrados, mesmo que todas as vezes que nossas vistas se encontravam, fosse preocupação o que ele transparecia. - Eu não deixarei que ele simplesmente venha aqui e...
- Théo! - O interrompi.
Eu não duvidava da força que Théo podia ter. Acredito que se ele quisesse bater em alguém, o faria. Mas isso não significava que o outro não revidasse. Mas sinceramente, se alguém deveria bater em Artur, esse alguém não seria Théo ou Lucius, seria eu.
- Já passou. - Afirmei, tentando transparecer em minha voz que aquilo não tinha sido nem um pouco relevante. - Além disso, as pessoas estão olhando e já basta ser a novata. - Brinquei. Embora houvesse verdade nos olhares de julgamento. - Não vamos fazer disso algo maior do que é. Essa deve ter sido a primeira vez em que ele recebeu um não. Ainda deve estar aprendendo a reagir.
- E o seu pé? - Perguntou Lucius que só agora parecia ter passado a nos ouvir. - Diga-me, foi ele que machucou?
A voz dele estava tão áspera quanto à língua de um gato. Suas pupilas quase reduzidas a nada significavam que aquele não era mais Lucius, mas sim o Cerberus em sua mais cruel forma.
- Foi um acidente Luc! - Argumentei com o que diria doçura na voz. Podia sentir a ira dele por nossa ligação. E isso poderia causar estrago, muito estrago. - Eu estava com muitos livros e tropecei e acabei machucando o pé. - Me voltei para Théo que tinha olhos mais preocupados que antes. - Foi só uma entorse. Está tudo bem.
Lucius tomou os livros de minha mão.
- Pode ajuda-la? - Perguntou ele a Théo. - Preciso colocar o osso no lugar.
Théo nem pensou duas vezes. Puxou meu braço direito sobre seus ombros e o segurou com a mão correspondente à medida que eu podia me sustentar com apenas uma de minhas pernas e as suas duas, podendo apenas suspender o pé machucado.
- Isso é um exagero! - Afirmei. Embora não estivesse nem um pouco disposta a afasta-lo. - Eu posso muito bem andar sozinha!
- Ah é? - Questionou ele.
Com a mão que prendia minha cintura, Théo atreveu-se a me fazer cócegas.
- Pare já com isso! - Ordenei entre risadas.
- Agradeça por eu não leva-la no colo!
Uma parte de mim estava extremamente receosa de demonstrações de afeto público, mas ele por sua vez, pouco se importava. E embora eu não tivesse considerado ameaçador o tom que ele usara ao afirmar que me faria cocegas, quando suas mãos causaram os espasmos em mim, percebi que Théo causava em mim um divertimento diferente de tudo o que eu tinha experimentado. Era natural e espontâneo.
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As Crônicas do Caos - Perdição (EM REVISÃO)
Paranormal🐍 Até onde você iria por uma segunda chance? Serafine já foi um anjo, da mais alta hierarquia, mas tudo mudou quando ela quis interferir na liberdade de escolha dos homens. Condenada a uma eternidade num corpo inerte, em Perdição, Serafine s...