Théo não respondeu de pronto, seus olhos foram dos meus para os de Madeleine.
Contive a necessidade de olhar para o lago. Envolvi-me com meus próprios braços, meu interior parecia gelar-se.
A pulsação de Théo estava mais acelerada do que o normal. Em sua mão ainda carregava o equipamento de mergulho que Lucius desejava, o mesmo que ambos teriam ido buscar juntos. Parecia ilógico Lucius não ter voltado com eles.
— Onde está o Luc? — Madeleine quem questionou, se aproximando levemente dele — Por que ele não voltou contigo?
— Madie...
— Cadê meu irmão, Théo? — Minha voz teria saído cortante. Por mais que eu apreciasse o zelo de Théo conosco, precisava que ele fosse objetivo.
— Ele saiu. — Respondeu de pronto logo depois de suspirar pesadamente. — Com Catarine e Arthur.
Voltei-me para Madeleine rápido o suficiente para ver sua expressão escurecer-se.
— Não... Não faz sentido. — Eu deixei escapar.
— Eu tentei impedi-lo, Sier. Tentei questiona-lo, mas ele parecia inerte, pareceu até me ignorar. Não me deu ouvidos, simplesmente disse "eu já volto" enquanto caminhava até eles.
Fechei os olhos e chamei-o levemente por nossa ligação.
Não houve resposta, talvez ele ainda estivesse me ignorando. Esse não era um bom momento para pirraças, Lucius. Chamei-o por uma segunda vez.
Madeleine levou a mão ao peito.
— Por que não foi até ele? Por que o deixou sozinho? — Ela questionou. Seus olhos se voltaram para mim, levemente decepcionados. — Eu não o entendo.
— Eu tenho certeza de que existe uma justificativa, Madie. — Afirmei desejando que realmente houvesse. — Para onde ele foi?
— Só o vi atravessando a ponte.
— Vou procura-lo. — Acelerei meus passos, mas Théo se pôs no meio do caminho, com seus olhos questionadores. — Preciso entender o porquê ele está tratando Madie assim, ele a deseja e a rejeita? Lucius é um cão, mas não um canalha, ele não pode fazer isso.
Théo fez que sim com a cabeça em concordância. Selou seus lábios em minha testa, como costumeiramente fazia, antes de se afastar por um tanto.
— Sier... Só tente não brigar, está bem? — Ele pediu. — Você não quer piorar as coisas.
— Não precisa ir a lugar nenhum. — Madeleine disse apressadamente. — Ele está lá!
Segui a direção onde seu dedo apontava, me aproximando da beirada. Enruguei o rosto ao não ver nada além da densa floresta. Madeleine definitivamente não estava bem.
— Não vejo nada... — Sussurrou Théo.
Estava prestes a me afastar quando Madeleine prendeu meu pulso em sua mão e insistiu. "Lá.".
Fechei meus olhos por um segundo. Forcei-me a ir além daquilo que afastava meus sentidos. Ouvi calmamente a gota d'água respingada que atingiu minha bota, a lagarta que rastejava sob a terra e a borboleta que rompia o ar e atravessava os dois lados de Estanys de Julcar. Não demorou muito para que sobrepujando a paz da selva.
Luc demorou ainda mais para tornar sua silhueta distinguível.
— Como você sabia? — Théo perguntou.
E embora a resposta me deixasse tão curiosa quanto deixava a ele, minha atenção fincou-se por completo na visão de Lucius. Tinham surgido numa clareira mais a diante, Lucius tomava a frente tendo Catarine e Arthur em sua escolta.
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As Crônicas do Caos - Perdição (EM REVISÃO)
Paranormal🐍 Até onde você iria por uma segunda chance? Serafine já foi um anjo, da mais alta hierarquia, mas tudo mudou quando ela quis interferir na liberdade de escolha dos homens. Condenada a uma eternidade num corpo inerte, em Perdição, Serafine s...