Líquido

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Odeio amar o gosto do café. Sei que o café me faz mal, acelera meu coração, me faz suar, ficar gelada, literalmente passo mal, mas o gosto do café é delicioso.

Aquele pó preto diluído em água quente.

O amargo descendo morno pela garganta, acordando todos os meus sentidos, me deixando nos primeiros quinze minutos eufórica e depois com fome, é como uma droga, é como o amor.

O Café é como o amor.

Me faz mal, mas eu amo sentir o seu gosto.

O amor é como o café.

Me faz mal, mas eu amo sentir o seu gosto.

O amor entorpece meus neurônios, me deixa sensível, eufórica, me ilude nos primeiros quinze dias e depois fico faminta.

De sentimentos, de sensações.

O amor é uma droga.

O café é uma droga.

Em todos os sentidos da palavra.

Não quero parar de tomar, quero cada gota da garrafa, quero encher meu ser do líquido que me faz sentir.

Me faz sentir viva.

Extasiada.

Completa.

O líquido que machuca o meu corpo mas que me faz sentir.

Líquido, o amor é líquido.

Ele se desfaz  e se refaz.

Muda de forma, evapora, se solidifica e se condensa na forma de uma chuva tempestuosa e aí começa tudo de novo.

Somos apenas seres sentindo esse liquido correr nas nossas veias sentimentais, é como nosso sangue.

A gente precisa deles para viver.

O café o sangue o amor.

O café é preto, pode ser apresentado de várias formas: espresso, duplo, capuccino. Mas em sua essência ele é preto, servido diariamente na nossa mesa.

O Sangue é vermelho, pode ter vários tipos: A, B, O mas ele sempre será vermelho, em sua constituição natural. Correndo nas nossas veias

O amor é a junção daquilo que nós sentimos e carregamos em relação a uma pessoa ou milhares delas.

Ele é puro, não tem cor, ele é apenas sentido.

O amor é como a junção do sangue e do café.

Ele é único.

Indescritível.

Ele é vermelho, preto e tem uma infinidade de tipos.

Gostos, formas.

Ele é abstrato, lírico, composto, singular, poético.

O amor é arte.

O café é líquido.

O sangue é vida.

Os três são líquidos que correm nas nossas veias, inundando nosso ser.

Nos dando luz, nos fazendo descer as profundezas do desespero, nos dando vida, nos dando a morte.

O Café, o amor, o sangue, todos eles se misturam em um liquidificador de sonhos, de dor, de sentimentos, de emoções, de vida.

O Café o sangue e o amor.

O café o  sangue.

O café.

Odeio amar o gosto do café.

INCOMPLETAOnde histórias criam vida. Descubra agora