Adeus

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Porque despedidas são sempre tão ruins de se lidar?

É como querer correr nos sonhos e não conseguir sair do lugar, é angustiante, estamos sempre nos despedindo de alguém.

As vezes um adeus silencioso, outras vezes o adeus toma a forma de um texto longo onde você bota todas as razões de estar indo embora.

Particularmente sou adepta da arte de sumir, do nada tanto quanto da arte de avisar umas trinta vezes que algo me machucou, que uma hora ou outra eu vou partir por causa disso.

E é assim que as vezes meu cérebro parece funcionar, como uma engrenagem que tenta...tenta...tenta até não conseguir tentar mais e tudo o que resta é se desligar.

As vezes a parte que mais dói não é partir mas sim dizer (gritar) para alguém as razões pelo o qual você se sentiu tão quebrada e o pior de tudo é a pessoa não entender.

Porque a verdade é que ninguém estar sob a sua pele, ninguém além de você mesma e no fundo estamos sozinhos em nossa singularidade.

Estamos sozinhos em nossa singularidade!

A vida é muito sacana com a gente, ela faz inúmeras conexões com pessoas durante toda a nossa vida, é muito mutagênico, é o que forma parte do nosso caráter, das nossas opiniões, do nosso eu.

Mas também é o que nos quebra, o que nos parte em vários pedacinhos, personalidades e pensamentos difusos que nos enlouquecem e nos fazem cometer gafes.

O adeus.

Eu nunca sei bem deixar de lado alguém pelo o qual eu me importei tanto, não sei dar adeus, nunca aprendi.

A forma mais prática ou a maneira mais fácil de fingir que isso não me machuca foi criando essa barreira emocional, não deixar que as pessoas atinjam níveis tão elevados de status em minha vida.

Se você não entendeu, eu vou explicar de uma forma mais didática.

É como se a vida fosse um restaurante chique, ele abre todos os dias da semana, por anos, diferentes fregueses passam por eles, o cardápio vai mudando com o tempo e as vontades do chefe.

A questão é, um dia você entra nesse restaurante chamado Vida, você não pediu para estar ali, você foi empurrado porta adentro e agora você tem que comer.

Então você olha o cardápio mas ele está em um outro idioma, um que você não conhece, nunca viu na vida, confuso, você acaba pedindo pro chefe chamado Relação escolher por você.

Ele te trás o primeiro prato, o prato de entrada e esse prato estar muito bom, uma delícia, mas é só a entrada, então você come desse prato mas sabe que ele não estar ali pra sempre, porém não tem tanta importância porque vem outro mais importante.

É então que o prato principal chega, e ele é o que você sempre quis, ele vai te saciar de todas as formas e você se sente satisfeito, completo.

Você já estar saciado e ficaria somente com aquele prato, pra toda a eternidade, mas o chefe chamado Vida, rir da sua cara, da sua inocência em pensar que o cardápio é só esse, ele então retira aquele prato da sua frente e você é obrigado a se despedir dele pra sempre, mesmo que contra a sua vontade.

Isso vai te deixar com tanta raiva, que a sobremesa nem vai ter mais tanta importância e você nem vai aprecia-la, talvez nem experimentar, tudo porque o que você queria era o prato principal e ele foi te tirado, então você nem se permite descobrir que a sobremesa pode ser melhor do que o que veio antes.

E foi isso que aconteceu comigo, como que do dia pra noite todos os pratos viraram um prato de entrada, e agora eu me recuso comer do principal.

Porque dar adeus a algo que você ama, é muito difícil.

É mais difícil ainda, quando você sabe que não consegue deixar de amar os momentos pelos quais você se tornou grata.

O adeus infelizmente não te dar o poder de odiar a pessoa, apenas por odiar, é horrível não conseguir odiar alguém.

Mas o importante é que com todas as certeza e incertezas, eu amei até não poder amar mais!

Você foi o meu melhor, pior prato principal.

INCOMPLETAOnde histórias criam vida. Descubra agora