Vogue

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Meu coração acelera quando olho as horas no celular e percebo que Billie chegaria a qualquer momento. Encaro meu reflexo no espelho mais uma vez, ajeitando meu cabelo uma última vez e o jogo para um ombro só. Desisto de lutar contra os fios rebeldes, aceitando que minha aparência estava lamentável mas minimamente aceitável e saindo do quarto.

Caminho até a cozinha, arrastando meus pés e ajeitando o short jeans que usava. Abro a geladeira e pego a jarra com água gelada, encho um copo e bebo tudo em um gole só, sentindo minha garganta gelar e minha cabeça doer levemente. Limpo a boca quando termino e repito o movimento, bebendo mais um copo de água mais rápido do que o meu cérebro possa raciocinar. Quando termino, estou ofegante e com a boca molhada, ainda sim sinto minha garganta seca.

Guardo a jarra de volta na geladeira e me dirijo até a sala, caminhando de um lado para o outro na frente do sofá. Me sinto ansiosa e nervosa, meus pensamentos a milhão quase me sufocando. Precisava me acalmar até a hora em que Billie chegasse, só assim poderia aproveitar a noite com ela e pensar com mais clareza se este seria o momento para conversarmos.

Talvez eu devesse falar com ela. Talvez nós pudéssemos conversar sobre isso e ela me ajudaria e pensar em qual seria a melhor decisão a ser tomada. A verdade é que eu estou assustada. Me assusta pensar em como a proposta que recebi a duas semanas atrás pode influenciar na nossa vida pelos próximos meses.

Billie e eu estamos bem, é o que eu considero um ótimo momento na nossa relação. Talvez nós estivéssemos vivenciando a nossa melhor fase e eu não queria estragar isso. Não quero viver o drama da faculdade de novo. Não sei se dessa vez conseguiríamos nos achar uma na outra novamente, era um risco que eu não sabia se valeria a pena ser tomado.

Meus pensamentos são interrompidos quando a campainha toca, minha atenção é voltada para a porta e sinto o nervosismo que sempre antecede a presença de Billie me invadir. Em alguns segundos, já estou abrindo a porta e encontrando com seus olhos azuis como o oceano e um sorriso gentil em seus lábios.

- Oi. - murmura, desencostando seu ombro do batente.

Sorrio e a puxo pelo braço, encostando minha boca na sua delicadamente. A língua de Billie toca meu lábio de leve pedindo passagem e, eu prontamente lhe dou. Dessa vez eu não tento comandar o beijo, apenas deixo que ela guie sem questionar. Sua língua brincam com a minha e suas mão apertam minha cintura, me fazendo suspirar no meio do beijo.

- Eu estava com saudades. - sussurra quando nos afastamos um pouco para recuperar o fôlego.

- Eu também estava. - murmuro contra sua boca, voltando a beija-la dessa vez com mais vontade.

O beijo se torna mais animado e sua mão descansa em minha bunda, apertando-a. Antes que as coisas ficassem fora de controle, ouvimos um pigarro vindo do corredor e Billie se afasta em um pulo, virando-se para onde o som veio.

- Boa noite. - fala com um sorriso de canto, encarando a velhinha que havia acabado de sair de seu apartamento para passear com seu cachorro.

- Esse mundo está perdido...- murmura, ignorando o comprimento de Billie e caminhando em passos lentos até o elevador.

A mulher de cabelos azuis desbotados me empurra para dentro do meu apartamento, fechando a porta atrás de si.

- Não aguento a falta de privacidade nesse prédio.

Dou risada com a declaração de Billie, rodeando sua cintura com meus braços.

- Não dá 'pra pedir privacidade quando você está se agarrando com sua namorada no corredor, com a porta aberta.- falo, sorrindo.

- Então acho que para o problema ser resolvido você vai ter que se mudar, talvez um prédio inteiro só para a gente seja uma boa. O que você acha?

Spin Off - MISS O'CONNELLOnde histórias criam vida. Descubra agora