❤ Capítulo 9 - Pra quê química, quando existe geografia? ❤

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Os dedos de Ino tentam passar o paninho com delicadeza pelo meu rosto, mas mesmo que ela tentasse, não conseguia. Meu rosto estava muito dolorido. O sangramento do meu nariz já havia parado, o que eu dava graças a Deus,  pois se continuasse sangrando poderia significar que havia quebrado.

Eu sabia que minha feição não estava lá a mais bonita, isso porque a cada vez que Ino me encarava o seu rosto se contraia em desgosto e raiva, Karin nem mesmo me olhava. Isso fez eu pensar se estava tão arrebentada quanto achava que estava, visto que os socos de Hidan não foram fracos. E apesar de no fundo do meu âmago eu me sentir satisfeita por ter arrebentado a cara desse idiota, outra parte minha custava acreditar que eu havia sido agredida daquela forma na escola.

A minha amiga loira para de passar o pano úmido e levanta meu rosto, suavizando a expressão. Acho que sem todo aquele sangue, a situação dele poderia estar no mínimo...boa? Ela para de me encarar e volta para a mochila, pegando a pomada que carregava, agora o porque? Eu não sei.

— Sempre carrego, você sempre está aparecendo com roxos no corpo —  Ela debocha e abre a tampinha. Bem, não é como se ela mentisse, eu realmente aparecia cheia de roxos durante os treinos, por minha pele ser muito branca e isso era um saco. 

 Ino despeja o gel pastoso no dedo indicador e  vira o meu rosto, como Hidan só havia socado um lado do meu rosto, apenas a bochecha  direita estava ficando roxa. O outro lado só eram alguns arranhões mesmo. A loira passa a pomada delicadamente no meu rosto, e a sensação era meio desconfortável, não evito de emitir um gemido; o gel era gelado e ardia muito no meu rosto, entretanto dava para suportar.

Apesar disso, minha cabeça voava para outro lugar a cada vez que eu as distraia dos ferimentos. Pensava sobre o que havia acontecido na quadra, pensava sobre a forma como fui desrespeitada, ou melhor, como fomos desrespeitadas e no fim eu agredida. Perdi o controle, confesso, mas ver Hidan falando aquilo... aquilo me tirou do sério. 

Não, que eu achava que estava certa, pelo contrário a todo momento eu me culpava por ter voado para cima daquele infeliz. Isso não me fez ser heroína ou a certa da história, isso fez eu me rebaixar quase ao nível dele, visto que parti para a violência e bem, a violência nunca é a solução. No entanto, é difícil imaginar que ele agiria daquela forma, três vezes mais violenta que eu. O cara tentou me sufocar! Pensar nisso, faz um arrepio subir na minha espinha. 

Quantas mulheres passam por isso, por essa violência? Nada justifica. Nada. Solto um suspiro com esse pensamento. 

— Está tudo bem? — Karin é a primeira que pergunta. Sinto os dedos de Ino se afastando do meu rosto, e a observo fechando a pomada.

— Acho que... —  Sinto minhas cordas vocais falharem —  Acho que sim, na medida do possível —  Seguro a voz embargada. 

Não queria chorar, não podia. Eu causei isso, eu sou a culpada. Se eu não tivesse me jogado para cima do Hidan...

— Tira esses pensamentos de sua cabeça agora! —  Ino espalma as mãos no meu rosto. Meus machucados arderam, mas nem liguei para isso, pois os seus olhos azuis traziam a tranquilidade que eu precisava naquele momento. —  Não foi sua culpa! Eles começaram e eles te ofenderam, nos ofenderam, você apenas se defendeu —  Continua. As esferas brilhavam como um mar revolto —  Isso não justifica a forma como ele te bateu e tentou te sufocar... —  Diz com a voz embargada.

As suas mãos descem até o meu pescoço. Me lembro da sensação da perda de ar, das minhas unhas tentando tirar seus braços de cima de mim e dos olhos lacrimejando. Naquele momento, minha vista apagou e eu fiquei com medo, muito medo.

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