My reputation's never been worse

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Nota da autora: Esse capítulo contém ligeiras menções a acidentes automobilísticos acontecidos em SPA em 2019 e em Suzuka em 2014.


Em Hertfordshire eu voltei para começar uma nova era.

Mentira, só voltei porque era final do ano e, também, o único período que eu visitava a minha mãe e sua namorada, Laura.

Lembro do Natal onde Laura explicou com toda delicadeza para uma eu de 15 anos que ela namorava minha mãe e que aquilo era normal. Não cortei o momento conexão madrasta-enteada, pois, a primeira coisa que ouvi ao chegar em minha casa de infância naquele ano foi: "minha namorada vem para o jantar, Maddie" e respondi com um "tá".

Até hoje, não sei se deveria ter feito um drama (eu passava a madrugada lendo teoria larry naquela época, seria no mínimo hipócrita da minha parte) ou ameaçado chamar o juizado de menores como a minha vizinha fez. Quer dizer, meus pais iriam namorar outras pessoas algum dia, então tudo bem.

Mas, minha vizinha exerce um certo papel na minha vida, ou pelo menos exerceu quando deu à luz a mãe da minha melhor amiga, Elizabeth Holmes.

(Eu disse que iria chegar nela, leitor, espero que você tenha acreditado em mim)

Lizzie (ela odeia ser chamada assim) é a típica protagonista de filmes com a sua altura minúscula e um temperamento horrível.

Explico: os filmes sempre contém uma protagonista que precisa gerar empatia do público e no colégio, ela era conhecida como a garota louca e só tinha uma amiga: eu.

Ser excluída não é o suficiente, o público tem pouca tolerância para mulheres sonsas (pobre Sansa Stark, sempre injustiçada por ter sua pré-adolescência exposta em uma série. Simplesmente pior pesadelo de qualquer ser humano razoável uma exposição dessas e por ser humano razoável digo eu) então, ela precisa de carisma e Lizzie também tem muito isso. E o tipo certo de carisma, das personagens que são inteligentes e seguras de si mesmas.

(Okay, talvez eu seja um pouco fã da minha melhor amiga mas isso não se compara ao quanto ela é fã de de Shakespeare. Ou da Taylor Swift.)

Somos amigas por uma razão muito simples: nós aturamos, mesmo que tenhamos interesses um pouco diferentes. Quer dizer, eu adoro história da arte e pintura enquanto Lizzie acompanha uma quantidade assustadora de esportes. A nossa única briga séria foi quando Taylor Swift e Harry Styles terminaram e eu chamei Taylor de "devoradora de homem" não foi o meu melhor momento, admito, mas ela não olhou na minha cara por quase dois meses (sim, poderia ter sido pior).

Então, por uma questão de lógica, em menos de duas horas que me abriguei no meu antigo quarto repleto de pôsteres da One Direction (a maioria com post it no rosto do Zayn, preciso resolver isso, a culpa não foi dele. Simon, se você chegar a ler esse diário saiba que eu te odeio) precisei dar um pulo não literal até a minha vizinha.

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Quando cheguei lá, prontamente fui recebida pela senhora Holmes, que disse rezar por mim e pelo senhor Pierre (meu pai) a idosa é um dos poucos exemplares de católicos que conheci morando na Inglaterra, terra notoriamente anglicana graças ao Henrique VIII.

Elizabeth nem me viu e já berrou um "Mackenzie, tô no quarto!" e cara, como eu invejo o quarto dela. Só tem livros lá. Muitos repetidos mas em edições diferentes porque segundo ela "nunca se tem versões de Macbeth o suficiente" um pôster da Taylor Swift em uma moldura (o que acho sinceramente adulto e o auge da finese que dificilmente conseguirei). As prateleiras eram cheias de livros e tinham alguns enfeites. Um crânio. E capacetes em miniatura que imitavam os capacetes reais de Lewis Hamilton e Sebastian Vettel já que, para Elizabeth, eram o mundo todo e mais um pouco e, antes de ir para Cambridge, esse quarto costumava ser cheio de pôsteres e miniaturas do carro deles.

The 1 | Charles LeclercOnde histórias criam vida. Descubra agora