The 1 | Charles Leclerc

I had a marvelous time ruining everything

A partir de agora, vou propor a abolição do termo diário na minha vida.

Sinceramente, que confusão! A última vez que escrevi algo o meu semestre na faculdade sequer tinha começado direito e, agora, estamos nas férias de inverno.

Mas o leitor não vai me culpar pela negligência (até porque o leitor não existe) uma vez que, eu estava apenas sendo responsável com a minha vida acadêmica e, sinceramente, isso não interessa muito.

Sim, eu sei você quer saber de Charles.

Acho que até a minha mãe quer saber dele a essa altura, mas, lamento decepcionar: 

Não aconteceu nada.

Nenhuma evolução mesmo.

Eu não me sinto decepcionada. Charles e eu temos prioridades diferentes na vida, agora a minha preocupação não é com o que ele pensa de mim 24/7, ou com os meus colegas me adorarem e seu atual e repentino esquecimento de minha pessoa. Eu sou o centro do meu próprio universo.

E me sinto adorável com isso. Foi estranho quando tentei deixar de ser.

Mas, um planeta precisa estar livre de quaisquer distrações para poder girar bem e por distrações, digo corpos estranhos e por corpos estranhos, digo o meu quarto que está parecendo o armário do Jake em Brooklyn 99.

Acho que isso é o mais interessante que eu tenho para relatar em semanas. Vivo em uma relação de lua de mel com a faculdade, mesmo que ainda me exija muito, porque sinto que encontrei algo onde eu me encaixe e possa ser contemplada, algo real que não vai me decepcionar. Minha mãe até diz que sou uma artista para o ciclo social de nariz em pé dela (o pessoal que pinta uns quadros estranhos e faz umas esculturas que custam caro para simplificar) nunca pensei que veria isso acontecer, mas, aqui estou eu.

Nada está acontecendo ultimamente.

Vou faxinar, até a próxima vez que eu lembrar que tenho um diário.

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AI. MEU. DEUS

AI MEU DEUS

AI MEU DEUS

AI MEU DEEEEEEUS

PUTA QUE PARIU SE EU SOUBESSE QUE RECLAMAR DAS COISAS NESSE DIÁRIO FUNCIONAVA EU PEDIRIA PARA NASCER NA REALEZA

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

EU SOU UMA IDIOTA

respira

respira

MAS COMO? POR QUE? COMO EU NÃO PERCEBI ISSO ANTES?

COMO ELE NÃO PERCEBEU QUE É RECÍPROCO?

CHARLES VOCÊ É UM IDIOTA? COMO VOCÊ PÔDE NÃO PERCEBER QUE EU TAMBÉM AMEI VOCÊ TODOS ESSES ANOS?

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

Escrever com letras inteiramente maiúsculas cansa mais do que a escrita habitual, então, saiba que, mesmo sem a caixa alta, eu ainda estou gritando externa e internamente.

E sabe o que é pior? É, revisando as páginas anteriores, a última coisa que eu escrevi nesse diário foi que leria a carta que meu pai decidiu mandar, sabe-se lá por qual razão mas que, se fosse sério, ele teria me adiantado o assunto, e então, guardei a carta no fundo da gaveta onde mantenho papéis que uso para desenho.