Capítulo XVII

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Fase um do luto: Negação. 

Faltavam apenas algumas semanas para voltar a Hogwarts.

Eu estou morando no Largo Grimmauld, a casa da família Black, com meu pai e os outros membros da Ordem da Fênix. Ele está escondido aqui há um tempo, e como a casa está protegida, achou que seria uma boa ideia que viesse morar com ele. 

Era difícil aceitar que ele tinha ido, simplesmente não conseguia acreditar, não queria. 

Ouvi uma conversa entre papai e a senhora Weasley de que estou em negação quanto a morte dele, para mim isso é bobagem. Apenas não quero esquecê-lo facilmente. 

Não estou em negação. 

Eu durmo no antigo quarto de papai, ele era um típico adolescente rebelde. Por ser o único grifinório em uma casa onde toda a família era da sonserina, e a mesma o repudiava, ele pregou coisas da grifinória por todo o quarto, (até um pôster de uma mulher de biquíni, mas ele tirou antes que eu pudesse olhar duas vezes). Papai me contou várias histórias sobre como era a família Black, sobre seu irmão Regulus e que o mesmo virou um comensal da morte. 

— Acho que não teriam gostado de mim também. — disse enquanto olhava um álbum de fotos — Se não o aceitaram porque era da grifinória, imagina o que diriam de mim, uma lufana. 

— Não temos mais que nos preocupar com isso. — disse fechando o álbum e guardando em um armário. — Eles não estão mais aqui, e o mais importante — ele se ajoelhou na minha frente — Não é só porque você é uma lufana, que não é corajosa, inteligente e determinada como os outros bruxos. Você é tudo isso e mais, e jamais deixem que lhe digam o contrário. 

Papai cuidava de mim como podia, jamais imaginei passar tanto tempo com ele como estou agora. Achei que ele ainda estaria foragido e nos encontraríamos apenas em alguns anos, e eu continuaria no orfanato. Mas agora estamos juntos.

Estava no quarto, deitada na cama lendo um livro qualquer quando papai bateu na  porta. 

— Posso entrar? — concordo e sento na cama, ele se aproxima e senta ao meu lado. — Tudo bem? 

— Sim. Um pouco. 

— Um pouco como? 

— Eu não sei, estou confusa. —  suspiro. — Ainda estou triste se é isso que quer saber. 

— Querida, Molly e eu apenas estamos tentando ajuda-la. — desvio o olhar para o chão. — Eu sei como é perder o melhor amigo, sei o que está sentindo. — engulo em seco. 

— Eu só queria ter feito algo antes, eu podia ter feito algo. 

— Não, Jade, não podia. 

— Eu podia ter impedido ele. — podia sentir as lágrimas nos meus olhos. — Se o que Dumbledore disse é verdade, se eu sou uma clarividente, ou algo assim, eu podia ter impedido ele e o salvado. — uma lágrima caiu pela minha bochecha, a sequei rápido antes que ele visse e me levantei, parando ao lado da porta. — Era isso? 

Depois de contar sobre meu sonho para Dumbledore e papai, e analisando o ocorrido, chegaram a conclusão de que eu era uma clarividente, assim como a professora Sibila. Dumbledore achou que seria bom eu começar a ter aulas particulares com ela, para aprender melhor sobre essa minha nova parte. Não tive mais visões desde a última, nenhuma. E espero que aquela tenha sido a última. 

Ele levantou da cama e parou ao meu lado, eu mantinha os olhos no chão. Beijou minha testa e sussurrou em meu ouvido: 

— Só quero que saiba que nada daquilo foi culpa sua, e que nenhum clarividente controla seus poderes. Tenho certeza de que se pudesse faria qualquer coisa para salvar seu amigo, assim como eu tentei. — segurou meu rosto nas mãos e olhou no fundo dos meus olhos. — Mas infelizmente não consegui salva-lo. 

A Herdeira BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora