Me liga quando chegar

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Quinta-feira, 15 de julho de 1993

Covent Garden e King's Cross

Oi, Mer. Sou eu de novo. Sei que você está fora por causa do encontro, mas só queria que você soubesse quando você chegar em casa, se estiver sozinha, que eu resolvi não ir mais à festa. Vou ficar em casa a noite toda, se você quiser vir. Quer dizer, eu gostaria que viesse. Eu pago o táxi, você pode passar a noite aqui. É isso. A hora que você quiser vir, me ligue e pegue um táxi. É isso. Espero te ver mais tarde. Um beijo.


Os dois relembraram os velhos tempos, episódios de três anos atrás. Meredith tomou sopa e depois comeu peixe, mas Nathan partiu para um festival de carboidratos. Isso, mais o vinho, o deixou um pouco sedado, e ela também se sentia relaxada, já a caminho de ficar bêbada.

E por que não? Será que ela não merecia? Os últimos meses tinham sido de trabalho duro em algo em que acreditava, e, embora algumas escolas fossem terríveis, Meredith conseguiu perceber que era boa naquilo. Na entrevista daquela tarde tinham claramente sentido a mesma coisa, com o diretor sorrindo em sinal de aprovação, e mesmo que não se atrevesse a dizer em voz alta, sabia que havia conseguido o emprego. Então por que não comemorar com Nathan?

Enquanto ele falava, Meredith examinava seu rosto e concluía que definitivamente estava mais bonito que antes. Gostava da maneira como ele olhava para ela. Com carinho, e, em retribuição, ela também se sentia relaxada e carinhosa com ele.

— Não foi tão ruim assim, foi? Trabalhar lá?

— Bom, foram dois anos da minha vida que eu não gostaria de repetir. — Disse em voz alta, dando de ombros. — Não sei, acho que não foi uma época muito feliz, só isso.

Nathan deu um sorriso meio magoado e acariciou sua mão que pousava em cima da mesa.

— Foi por isso que não atendeu aos meus telefonemas?

— Será? Não sei, pode ser. — Ergueu a taça até os lábios. — Mas agora estamos aqui.

— Então, você tem visto as corridas dele?

Meredith estremeceu como se tivesse sido pega de surpresa.

— De quem?

— Daquele seu amigo... Derek, não é?

— Às vezes. Se a TV estiver ligada.

— E como ele está?

— Ah, tudo bem, eu acho. Pra ser sincera, um pouco perdido. A mãe dele está doente e ele não está aceitando isso muito bem.

— Sinto muito. — Ele franziu a testa, preocupado, tentando arranjar uma forma de mudar de assunto. Não por ser insensível, mas ele simplesmente não queria que a doença de uma pessoa estranha se metesse em sua noite. — Vocês se falam bastante?

— Derek e eu? Quase todos os dias. Mas a gente quase nunca se vê, por conta dos compromissos dele e das namoradas.

— Com quem ele está saindo agora?

— Não faço ideia. Essas namoradas são como peixinhos de aquário: não adianta dar nomes, elas nunca duram muito tempo.

— Acho que nunca gostei dele.

— É, eu lembro. Mas ele não se dá bem com homem nenhum, nada pessoal. Ele só não vê sentido nisso.

— Pra ser sincero, sempre achei que ele nunca deu valor a você.


Eu de novo! Só dando uma verificada. Aliás, agora um pouco bêbado. Meio sentimental. Você é uma grande mulher, Meredith Grey. Vai ser legal te ver. Ligue quando chegar. É isso. Quando chegar, me liga.

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