Na Piazza della Rotunda, a mãe de Derek sentava-se à mesa de um café, um romance pendendo da mão, olhos fechados e a cabeça inclinada para trás e para o lado, como um pássaro aproveitando os últimos raios do sol da tarde. Em vez de se aproximar logo, Derek ficou um tempo entre os turistas nos degraus do Panteão e viu um garçom se aproximar e pegar o cinzeiro, assustando-a. Os dois riram, e pelo movimento dramático da boca e dos braços da mãe conseguiu perceber que estava falando seu terrível italiano, dando tapinhas no braço do garçom como se fosse um flerte. Mesmo sem ter noção do que havia sido dito, o garçom sorriu e correspondeu ao flerte antes de se afastar, olhando por cima do ombro para a linda mulher inglesa que tinha tocado seu braço e falado algo incompreensível.
Derek observou tudo aquilo, sorrindo. O velho conceito freudiano de que os garotos são apaixonados pelas mães e odeiam os pais, insinuado pela primeira vez na escola, parecia perfeitamente plausível. Todo mundo que ele conhecia era apaixonado por Carolyn Shepherd, e o melhor de tudo é que Derek também gostava muito do pai: como acontecia em várias outras coisas, ele também tinha muita sorte nisso.
Muitas vezes, durante o jantar, no grande e exuberante jardim da casa de Oxfordshire ou em férias na França, quando ela dormia sob o sol, Derek tinha visto o pai observando Carolyn com seus olhos de cão de caça, numa expressão de pura adoração. Sete anos mais velho que ela, alto, o rosto comprido e introvertido, parecia que Christopher Shepherd não conseguia acreditar naquela incrível sorte. Nas frequentes festas que ela organizava, se ficasse bem quieto a ponto de não ser mandado para a cama, Derek via os homens formando um círculo dedicado e obediente ao redor da sua mãe: homens inteligentes, realizados, médicos e advogados, pessoas que falavam no rádio, todos eram reduzidos a adolescentes ingênuos.
Derek desconfiava que, às vezes, ela tinha seus desentendimentos com os médicos, com os advogados e com as pessoas que falavam no rádio, mas achava difícil ficar zangado com ela.
E as pessoas sempre diziam a mesma coisa: que Derek tinha puxado à mãe. Ninguém especificava "o que" tinha puxado, mas todos pareciam saber: a aparência, é claro, a energia e a boa saúde, mas também uma certa autoconfiança indiferente, o direito de ser o centro das atenções.
Quando viu o filho se aproximar, a expressão dela se abriu num largo sorriso.
— Quarenta e cinco minutos de atraso. Onde você estava?
— Logo ali, vendo você conversar com os garçons.
— Não conte nada para o seu pai. — brincou — Mas onde você estava?
— Preparando umas aulas.
Seu cabelo ainda estava molhado, e, quando Carolyn afastou uma mecha da sua testa, acariciando o rosto do filho com orgulho, Derek percebeu que ela já estava um pouco bêbada.
— Cabelo despenteado. Quem está despenteando você? O que andou aprontando? E onde você se meteu ontem à noite? Nós ficamos esperando no restaurante.
— Desculpe, eu me atrasei. Estava numa festa da faculdade.
— Foi divertido?
— Um inferno.
Deu um tapinha no joelho dele.
— Coitadinho de você.
— Onde está o papai?
— Voltou para o hotel para tirar uma de suas sonecas. O calor, as sandálias machucando. Sabe como ele é.
— E o que vocês têm feito?
— Passeamos pelo Fórum. Eu achei bonito, mas ele morreu de tédio. Toda aquela confusão, colunas caídas por toda parte. Imagino que ele acha que deviam demolir tudo e construir um belo conservatório ou algo assim.
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One Day
FanfictionPara que servem os dias? Dias são onde vivemos. Eles vêm, nos acordam Um depois do outro. Servem para a gente ser feliz: Onde podemos viver senão neles? Ah, resolver essa questão Faz o padre e o médico Em seus longos paletós Perderem seu trabalho. (...