Grécia

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Quarta-feira, 15 de julho de 1992.

Ilhas de Dodecaneso, Grécia

Aquela linda manhã do Dia de São Swithin encontrou Meredith e Derek sob um imenso céu azul sem a menor possibilidade de chuva, no convés de um barco a vapor navegando lentamente no mar Egeu. Com óculos escuros e roupas de férias, os dois estavam lado a lado sob o sol da manhã, dormindo para curar a ressaca da noite anterior na taverna. Era o segundo dia de uma viagem de dez dias de férias nas ilhas gregas, e as Regras de Convivência continuavam firmes.

As regras eram um conjunto de proibições básicas elaboradas antes da partida para garantir que as férias não ficassem "complicadas". Meredith estava solteira outra vez; uma relação breve e nada especial com Paul, um workaholic que mal passava tempo com ela. Mas ao menos serviu para dar um impulso em sua autoconfiança.

Derek tinha parado de sair com Naomi porque, segundo suas palavras, a coisa "estava ficando intensa demais". Depois dela, houveram algumas outras, porém nada muito sério; pelo menos nada sério o suficiente para desferir mais alguns golpes em Meredith.

Mesmo com os dois praticamente imunes um ao outro, eles conversaram na calçada de um pub cerca de dois dias antes da viagem, e decidiram as regras.

Regra um: Quartos separados. Acontecesse o que acontecesse, não haveria camas partilhadas, nem de solteiro nem de casal, nada de carícias ou abraços bêbados durante a noite.

— Não vejo sentido em dormir abraçado — disse Derek. — Isso só serve para provocar cãibras.

— Regra dois: Nada de flertes.

— Bom, eu não sou de flertar, então... — ele deu de ombros, sorrindo e lançando o olhar que a derretia, mesmo que de brincadeira.

— É sério, nada de beber e ficar ousado. Comigo ou com qualquer outra. Aliás, essa é a regra três. Não quero ficar segurando vela enquanto você passa óleo nas costas de alguma pobre coitada.

— Mer, isso não vai acontecer.

— Não vai mesmo. Porque é uma regra.

— Eu tenho a opinião de que regras só têm graça quando são quebradas, Mer. Mas não farei nada que você não queira.

A regra número quatro, por insistência de Meredith, era uma cláusula de não nudismo. Ela não queria vê-lo de cueca, nem no chuveiro, — ou, talvez, até quisesse. Porém, jamais admitiria isso; nem para si mesma. — muito menos indo ao banheiro. Em forma de protesto, Derek propôs a regra número cinco: nada de palavras cruzadas. Ele achava que o jogo fora criado para fazer com que se sentisse burro e entediado.

Agora, às nove da manhã, os dois estavam deitados curtindo a ressaca, sentindo a pulsação dos motores no estômago cheio de líquidos, chupando laranjas, lendo em silêncio, completamente à vontade em meio ao silêncio um do outro.

Derek foi o primeiro a falar, suspirando e descansando o livro no peito. Um presente de Meredith, a responsável pela escolha de todas as leituras da viagem, uma pilha de livros, uma biblioteca ambulante que ocupava a maior parte da bagagem dela.

Um momento se passou e ele suspirou outra vez para chamar a atenção.

— O que está acontecendo? — perguntou ela, sem tirar os olhos de seu livro.

— Não estou conseguindo me envolver.

— Esse livro é uma obra-prima.

— Me dá dor de cabeça.

— Eu devia ter trazido alguma coisa com imagens e relevos.

— Só estou achando meio denso demais. Esse cara fica martelando o tempo todo o quanto está com tesão.

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