8 - Compensador pensamento

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Tem-se finalmente um conflito drástico. O exterior ativo que me fez bravo no dia anterior e o alívio que a mente pede, na forma daqueles malditos bonecos de cera que me tentam a me esquecer, me fazem confuso.

Nem mais os sonhos me aliviam. Hoje visualizei outra cena que pode ganhar contexto em minha vida antes daqui. Vi mãozinhas ossadas saindo de uma enlameada e densa água. Mãos de crianças quase mortas pedindo ajuda, para não se afogarem, talvez. A água suja representa a dificuldade que lhe foi posta.

Mas que droga! Nem minha inconsciência me deixa mais em paz! Nem mais o alívio que a mente pede tem efeito! E mesmo assim, ainda quero aquele veneno bom em mim... Soo como um pecador que sabe de seu erro, mas insiste em amortece-lo em subjetivismos causados pelo corpo, o incitador do errante. E isto é exatamente o que sou. Quero tanto aquele alívio... Nem que eu me ponha em coma, preciso daquele remédio. Nem que eu fique pra sempre preso no meu passado.

Pareço contradizer-me ao querer viver no que quero esquecer, mas o que não quero mesmo é estar consciente para saber que vivi, para saber o que os sonhos representam. Isso! Preciso da inconsciência plena! Coma eterno... Não é o mesmo que querer a morte?... Não! Morte não! Eu só... Não sei! Não consigo escolher por mim mesmo! E se... se eu pedisse ajuda divina? Não sou digno de mencionar o Senhor. Ele já me deu diversas chances para mudar por mim mesmo. Mudar por mim mesmo... Parece não haver saída. Preciso enterrar a culpa... Desculpar-me somente será suficiente? Não! Tenho que acatar esse sofrimento. Mas, como uns dizem, planejar é uma grande força do homem, e não seguir o plano é uma grande fraqueza. Sou profundamente fraco de ação, mesmo que minha mente tente compensar isso.

Então tenho que fazer isso agora, antes que meu físico desista! Preciso procurar as famílias que destruí e pedir perdão às minhas filhas.

Como eram o nome dos gêmeos de Bárbara, a mais velha? Ah, sim! Dulce e Francisco...  Tinham olhos azuis tão bonitos, cobertos por aqueles cabelos castanhos, imitando o ouro líquido que cobre diamantes. Uma pena Eli não ter podido brincar mais com os sobrinhos.

Eram bebês lindos.

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