Sombras do passado

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(AVISO: Este capítulo contém cenas que podem prejudicar certos leitores, caso você tenha problemas com sangue ou violência, preste atenção na Maçã (🐴) ela irá avisar você quando essas partes começarem e acabarem. Boa leitura!)

A noite estava fria e silenciosa, com apenas a cantoria das cigarras como melodia. Levi estava com os olhos fixos no pequeno pedaço de papel em sua mão. O quarto estava escuro, iluminado apenas por um abajur que Mikasa fazia questão de ter.

- Eu mato você, loiro oxigenado... - Sussurrou, seus olhos se fecharam enquanto a cabeça virava de um lado para o outro em plena negação. Se tivesse descoberto antes talvez não fosse um problema tão grande, mas Ewrin tinha enrolado ele até aquele momento para entregar os papéis que descreviam melhor o que enfrentaria, e realmente não havia desconfiado que essa demora pudesse ter sido de propósito. Reconhecia aquele nome, estremeceu, sentia a fúria invadir conforme as lembranças tomavam a mente, e a ansiedade parecia cada vez mais forte. Se antes questinava os motivos de Erwin, agora tinha certeza de que existia algo que o loiro não queria lhe contar, e quando voltasse da missão arrancaria isso dele nem que fosse à força.

🍎♥️🍎♥️🍎

- Levi... - Ouviu Mikasa sussurrar. A garota tremia e teve que segurar seu ombro para tentar acalmá-la, não a julgaria por ter medo, qualquer pessoa minimamente decente teria.

- Eu sei... - Falou antes de a tomar em seus braços. Mikasa apoio a cabeça na curva de seu pescoço e conseguiu ouvir alguns gemidos vindo dela, sabia que a garota tentava segurar o choro. Era naquele tipo de situação que se sentia impotente, não podia negar aquilo a Erwin mesmo que quisesse. Quando descobriu que veria Kenny de novo gostaria que não fosse tão incapaz de matá-lo como estava agora, apenas o simples nome daquele homem já lhe preenchia com raiva o suficiente para que pudesse causar uma chacina em massa. Mas não era isso que doía, não essa a razão do bolo que se formava cada vez mais em sua garganta, e sim o fato de ter que fazer a irmã rever tudo que lutaram tanto tempo para esquecer, se tivesse descoberto antes a ligação que ambos tinham com tudo aquilo, talvez pudesse a poupar de tudo. Tinha ficado muito tempo pensativo sobre de que forma daria a notícia a ela, e no final tinha decidido nem mesmo dar, talvez com sorte nem topassem com ele. Mas a maldita observação da irmã estragara seus planos.

- Gente, vocês- - Eren tinha parado em frente a eles, sua face se fechou em preocupação assim que os avistou. - Tudo bem aí? -  O puxou quase que instantaneamente para fazer parte do abraço deles, o garoto não o contrariou, pelo contrário o abraçou logo depois. Suspirou profundamente apreciando o calor dos irmãos agora em seu abraço, sentindo um amor descomunal dominar seu coração. Aquela era a sua família, não a que havia perdido, mas sim a que Eren e Carla haviam dado a ele e a Mikasa, se sentia abençoado pelo destino ter dado a eles uma segunda chance, e dessa vez não perderia isso de novo. Ouviu Eren reclama assim que Mikasa começou a bagunçar seu cabelo.

- Para com isso, acabei de arrumar. - Eren rosnou furioso, tentava a todo custo segurar a mão de Mikasa, mas a garota era mais ligeira que ele.

- Tá na hora de cortar esse cabelo, moleque. - Falou olhando para Eren que lhe lançou um olhar ofendido, sabia que o irmão mais novo gostava de cabelos grandes, mas aquilo era exagero.

- Quando você for 2 centímetros mais alto que eu a gente conversa. - Ouviu Eren gargalhar e se não estivesse de bom humor, com certeza daria mais um galo para fazer parte da coleção dos hematomas que o irmão tinha com seu nome.

- Vocês vêm ou não? - Connie apareceu para eles, o garoto apontava na direção da casa de madeira. Já tinha vestido seu disfarce e se maquiado.

- Quem diria, cabelo cai bem em você. - Eren falou bagunçando a peruca dele assim que passou por ele.

- Esse garoto... - Cruzou os braços e se apoiou na parede, tirando um cigarro do bolso junto do esqueiro. Mikasa o olhou incomodada e seguiu Connie que corria atrás de Eren o xingando de alguns nomes. Acendeu seu cigarro e o pôs na boca, enquanto observava o restante da gangue saindo e entrando na casa, alguns conversavam com a equipe de Erwin. Sua paz foi interrompida quando sentiu a presença do loiro se aproximar. Erwin andou silenciosamente até ele e se encostou na parede ao seu lado, durante um tempo ambos ficaram em silêncio, apenas aprecisando a brisa leve que batia em seus rostos e trazia consigo o cheiro de grama recém cortada. Tirou o cigarro da boca e soltou a fumaça.

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