Vamos pensar sobre paixão

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Não importava o quanto admirasse aquele azul vívido, ele nunca perderia a graça ou a beleza. Eren encarava Armin enquanto o garoto despejava delicadamente o café na sua xícara. Na verdade encarar ainda era pouco, o moreno era incapaz de tirar seus olhos dele, sentia como se Armin tivesse um centro de gravidade que o puxava para mais perto. Era fácil se perder nele, fácil e viciante.

- Hey, Eren. - O loiro sussurro quando viu o garoto meio perdido.

- Oie, o que foi? - Eren gaguejou um pouco antes de responder.

- Quer açúcar ou não? - O menor segurava um pequeno pote de plástico cheio de açúcar com uma colher dentro dele.

- Sim, por favor - seus olhos acompanharam o movimento dos quadris de Armin quando ele se inclinou para chegar até a sua xícara. Não era muito fã de café com açúcar, mas não negaria em admirar aquela cena um pouco mais.

- Bem, e o que um garoto da cidade como você faz aqui? - Armin disse assim que se sentou e entregou um pedaço de pão a ele.

- Bem, vim ter certeza que você não entregou quem eu sou por aí. - Engrossou um pouco a voz e arrumou a postura, tentando imitar nem que fosse minimamente o olhar que Levi tinha quando estava zangado. Assim que tirou uma risada do loiro sentiu seu espírito de machão ir embora rapidinho.

- Mesmo se eu falasse para alguém, Eren, por que acreditariam em um fazendeiro, e um estrangeiro ainda por cima? - Olhou para ele ofendido.

- É um estrangeiro? - Piscou confuso quando viu o loiro acenar confirmando. Lembrou da guerra que ocorria no exterior entre as maiores potências mundiais. Seu país era de segundo mundo, além de ser totalmente dependente da economia rural e comércio de especiarias locais, se contentavam em apenas enviar suprimentos e médicos a quem pagasse mais, sendo assim vários estrangeiros foram para lá em buscar de fugir da guerra, por isso não são visto com bons olhos, já que o governo teve que mover dinheiro, comida e trabalhos para abrigar todos que vieram do exterior, fazendo muitas pessoas nativas do país passarem por necessidade. - Não tinha percebido... - Sussurrou, tão baixo para que apenas ele fosse capaz de ouvir, no entanto Armin conseguiu perceber.

- Não se preocupe, algumas pessoas não notam de cara. - O garoto falou melancólico, havia uma ponta de tristeza e recentimento naquelas palavras, mas Eren não sabia dizer ao certo o motivo delas. Seus olhos se cruzaram com o azul turquesa dos de Armin, e por um mini segundo ele podia afirmar que viu os olhos dele cintilharem perante os raios de sol. Um silêncio aconchegante se instalou no cômodo, algo tão acolhedor que Eren não tinha coragem de quebrar, uma leve brisa batia em seus rostos e algumas mechas de cabelo acompanhavam a sua dança suave. Novamente se via preso na gravidade que Armin possuía, uma prisão que se dependesse dele, não desejaria sair tão cedo.

- São lindos. - Ouviu o Loiro comentar gentil, piscou os olhos ainda inebriado e encarou Armin confuso. - Seus olhos, eu os acho muito bonitos. - O loiro deu um sorriso amável enquanto o encarava. Eren ainda ficou em choque por algum tempo, antes de desviar o olhar envergonhado.

- Obrigado, mas eles não se comparam a beleza dos seus. - Eren sorriu quando viu Armin ficar vermelho e desviar o olhar encarando a mesa.

- Me diga, Eren - Armin o olhou sério - o que quer aqui?

Eren suspirou, não esperava essa pose defensiva vinda de Armin, embora ela fosse compreensiva pela maneira que se conheceram, hesitou, mas se pôs a responder. - Eu vim cobrar a história que você ficou de me contar.

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