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Lana

A cara que ele faz ao se dar conta do que quis dizer me faz rir. Devo admitir que esse luau não está sendo uma total perda de tempo como acreditei, embora, eu saiba que John é só uma peça no jogo de Brenda assim como eu fui para Jeff.

Os dois não estavam brincando em serviço.

— É incrível como eles não desistem. - John bufa.

— É. Mas tente pensar pelo lado positivo. Eles se importam. Mesmo que façam as coisas de forma que não apreciamos. - digo e ele balança a cabeça.

Eu reclamo, mas prefiro eles me perguntando assim do que se tivessem me deixado de lado. Até por que, quem me deixou no final foi a pessoa que mais valorizei.

— Tem razão. Me fale mais sobre você? Não parece que está animado para essa semana. - digo.

Ele me olha por alguns segundos a mais antes de voltar sua atenção para o mar. Então eu começo a falar, já que ele não diz nada.

— Ah, eu realmente estou feliz por eles. É que não estava num momento muito legal para me juntar a todas essas pessoas. Por outro lado, se eu recusasse, seria injusto. E minha mãe estava me enchendo a paciência porque aparentemente eu não sei fazer nada além de trabalhar e que precisava interagir com outros humanos. - explico, fazendo gestos aleatórios com as mãos.

— Eu te entendo. Meus pais também acham que preciso conhecer novas pessoas e recomeçar. Como se fosse fácil. - murmura.

— Recém divorciado? Ou viúvo? - pergunto.

— A primeira opção.

— Achei que fosse. Mas olha... Independente de qualquer coisa, saiba que é sempre possível recomeçar. Não se cobre muito por algo que não deu certo. - digo, olhando pra ele com atenção.

— Se meus pais te conhecessem eles diriam pra mim: Porque não pode ser como ela, John? - ele sorri e eu caio na risada.

— Você parece rabugento. - disparo.

— Eu sou rabugento. - admite.

— Podemos tentar mudar isso e fazer eles felizes, o que acha? - desafio.

— Você quer pregar alguma peça em Jeff e Brenda? - ele pergunta, curioso e eu balanço a cabeça, afirmando.

— Vamos provar pra ele que não tem como duas pessoas ficarem louca uma na outra em cinco dias. - declaro e ele parece gostar da ideia, afinal, mostrando a eles que essa ideia é insana, os fará parar de nos empurrar pra cima de alguém toda vez que estivermos por perto.

— Qual é seu plano? - questiona.

— É bem simples. Seremos amigos. Mostrar que uma mulher e um homem podem ser só amigos já é um passo. - digo, sem desviar meu olhar do dele.

— Parecemos dois adolescentes elaborando planos para convencer outros adolescentes que podemos agir pela razão e não pelos hormônios. - resmunga e eu solto uma risadinha.

— Os dois ainda não saíram do ensino médio mentalmente falando, dê um desconto.Eles não conhecem o lado feio da coisa, então é normal que acreditem que todos funcionem da mesma forma. - revelo e ele assente.

— Certo, certo. Então vamos ser racionais e no final dizer: Estão vendo? Pessoas normais não se apaixonam em dois minutos! - ele fala e eu rio pela expressão que faz.

— É isso.

— Quero ver a cara deles - fala - Podíamos sair daqui só pra eles pensarem que está rolando algo. - argumenta.

Eu poderia negar e dizer que é insano, mas levando em conta que aquele cara chato ainda está lá na roda, e quero muito irritar meus amigos, eu topo.

John e eu levantamos, e sabendo que provavelmente estamos sendo vistos, seguimos para o deck que leva a pousada.

Ainda me sinto um pouco constrangida por tê-lo beijado tão inesperadamente, mas é fácil esquecer disso quando estamos conversando.

Quem diria.

Como imaginei, nossa escapada de ontem a noite gerou murmúrios entre Jeff e Brenda. Durante o café da manhã, John me encontrou na recepção, e como combinado, reservamos uma mesa a dois, longe do restante dos convidados.

— Acho que nunca imaginei que fosse me divertir as custas daqueles dois. - ele comenta, olhando para as panquecas sobre a mesa.

Dou uma olhada rápida em direção ao pessoal e noto que Brenda nos encara com aquele maldito sorriso de quem sabe que está com razão.

Ela não poderia está mais enganada.

— Nem eu. Mas eu também achava que essa semana seria um saco. Não sou muito boa em me enturmar. - digo e ele ergue uma sobrancelha.

— Sério? Nem reparei nisso ontem quando me beijou. - provoca e eu reviro meus olhos.

Queria que ele não se lembrasse daquilo.

— Muito engraçado. Não que seja da sua conta, mas as vezes acho interessante surpreender homens ao beija-los de repente. - retruco e ele percebe que estou mentindo.

— Temos uma tarada aqui, uau.

— Se está insistentemente tocando no assunto, certamente está interessado na tarada. - rebato, rindo em seguida.
Ergo o copo com meu café e levo a boca enquanto John me analisa, curioso, antes de dar de ombros.

— É, eu estou. - confessa.

Opa, isso não está no roteiro.

— Não brinca.

— Não estou brincando. E isso, definitivamente não tem nada a ver com nosso plano. Só estou sendo sincero. Você é uma mulher bonita e inteligente. Quem não ficaria interessado? - questiona e eu suspiro, tentando não me encolher.

Bem, meu ex não se interessou.

E nem o cara que namorei antes dele.
Poderia listar os nomes aqui, mas vim pra cá determinada a superar toda essa merda.

Ainda assim, não posso ignorar que John é um homem muito bonito.

— Uau. Isso quer dizer que posso bancar a tarada e não vai me denunciar? - pergunto.

— Claro. Se quiser, pode ir pro meu quarto mais tarde. - oferece.
Ele não sabe com quem está lidando.

Summertime Sadness|Conto CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora