10pm

3.4K 578 87
                                    

não esqueçam de votar anjinhos, bjs💜


Taehyung tinha tirado o seu terno e jogado-o sobre os ombros de qualquer jeito para se sentir mais confortável. Quase duas horas tinham se passado e o elevador continuava travado exatamente no mesmo lugar e não havia nenhum sinal de que ele sairia dali tão cedo.

De tantas coisas que ele esperava para a sua noite de Natal, ficar preso em um elevador com o seu vizinho vestido de Papai Noel era a última delas.

Taehyung ergueu os olhos e observou Jungkook. Eles conversaram por um tempo e, então, o muro de silêncio cresceu novamente entre eles, talvez pelo fato de que ambos queriam estar fora daquele cubículo o mais rápido possível e estavam, no mínimo, chateados com a situação.

Ele nunca quis admitir que Jeon Jungkook era o homem mais bonito que morava naquele prédio, mas trancado apenas com ele, não havia como Taehyung evitar o pensamento. Uma das coisas que ele sempre havia reparado era na cor dos olhos de seu vizinho, pretos como jabuticaba e em como eles pareciam um pouco intimidadores.

Na penumbra do elevador, os olhos de Jungkook não pareciam tão intimidadores como ele imaginava, mas, ainda sim, pareciam guardar segredos. Alguns dos fios de cabelo caíam sobre sua testa e deixavam Jungkook ainda mais charmoso. Ele tinha um jeito durão e resmungão de ser — Taehyung já tinha visto muitas confusões envolvendo Jeon nas reuniões de condomínio — mas, ainda assim, Taehyung tinha a impressão que Jungkook era o tipo de pessoa que passaria a noite acordado caso tivesse alguém dormindo abraçadoa ele, apenas para ter certeza que essa pessoa estivesse bem.

Ah, Taehyung realmente tinha que parar de ser tão sonhador. Talvez a profissão de escritor de livros infantis o tivesse deixado bobão demais. Ou talvez o seu fascínio por flores, quem sabe?

– Quais eram os seus planos para hoje, Jungkook? –Taehyung se atreveu a usar o primeiro nome pela primeira vez.

Jungkook abriu um pequeno e triste sorriso.

– Hibernar em uma banheira de água fervente e assistir algum programa idiotana televisão.

O queixo de Taehyung caiu. Ele simplesmente não conseguia acreditar no que tinha acabado de ouvir. Era tão natural para ele pensar no Natal como uma data para se passar em família, todos reunidos ao redor da mesa, conversando e felizes, parecia estranho demais imaginar que aquela cena não valia para todas as pessoas.

Jungkook não disse mais nada sobre aquilo, não explicou o porquê de passar o Natal sozinho, muito menos porque parecia odiar tanto essa data e Taehyung não teve coragem de perguntar, ao invés disso, abriu um pequeno sorriso:

– Sem ceia de Natal, então?

–Sem ceia de Natal — Jungkook confirmou. – Mas eu não me importaria nem um pouco se tivesse uma na minha frente agora, porque estou louco de fome.

Taehyung riu. Ele também parecia estar com um monstro dentro do estômago; um monstro enorme e esfomeado que estava deixando Taehyung desesperado.

- E se nós fizéssemos nossa própria ceia? – perguntou para Jungkook, sentindo imediatamente suas bochechas esquentarem. Ele não sabia como o seu vizinho poderia reagir com aquilo, mas, fosse da forma que fosse, Taehyung iria montar a sua própria ceia improvisada. — Quer dizer, parece que nós não vamos sair daqui, no mínimo, pelas próximas horas e tenho algumas coisas aqui que eu ia levar para a minha mãe.

Jungkook abriu um sorriso, o rosto cansado e as olheiras quase desaparecendo em uma expressão infantil. Ele ergueu uma sobrancelha antes de falar:

- Depende. A garrafa de vinho está incluída na sua proposta?

– Claro.

Taehyung ainda estava sorrindo quando trouxe a sacola de papelão mais para perto de si e vasculhou ali dentro até encontrar o abridor de garrafas. Ele olhou para o abridor e para o vinho e então para Jungkook, com um pedido silencioso para que ele abrisse.

Enquanto Jungkook abria o vinho, Taehyung tirou da sacola alguns biscoitos enfeitados com o formato de um pinheiro de Natal, cuidadosamente arrumados dentro de um pote de vidro, logo depois uma vasilha com rabanadas e por último uma com pequenos panettones.

– Estamos sem taças, então espero que não tenha problemas em beber da garrafa – Jungkook falou, entregando o vinho para Taehyung.

Taehyung colocou a garrafa nos lábios e tomou um longo gole. Vinho tinto seco, produzido no sul da França e envelhecido há oito anos. Ele não queria ser convencido nem nada, mas o seu gosto de vinhos era bom.

Entregou a garrafa para Jungkook, que tomou um gole também, e então pegou um
dos biscoitos e o ergueu no ar.

- Feliz Natal, Jungkook. Você sabe que, oficialmente, o Natal é só no dia 25 de dezembro, ou seja, amanhã? — Jungkook provocou, um sorrisinho despontando de seus lábios, e pegou uma das rabanadas.

— Não seja estraga prazeres! — Kim resmungou, mesmo que estivesse rindo. – Além do mais, sempre comemoramos hoje.

Jungkook gargalhou sonoramente, jogando a cabeça contra a parede do elevador e depois permitindo-se olhar para um sorridente Taehyung. Ergueu a rabanada no ar e falou.

– Feliz Natal, Taehyung. 

Taehyung sorriu ao ser chamado pelo primeiro nome e se inclinou para pegar um dos panettones ao mesmo tempo de Jungkook, fazendo com que as mãos se colidissem no meio do caminho e eles trocassem olhares, antes de Jungkook afastar a mão e permitindo que Taehyung se servisse primeiro.

– Será que se eu acender algumas.velas aqui vai ser muito ruim? – Taehyung perguntou, logo depois de engolir a primeira bocada do panettone.

– Bem, tem o risco de nós derrubarmos as velas e queimarmos vivos aqui dentro, mas tirando isso, pode ser muito bom. – Deu de ombros, com as bolinhas brancas de sua fantasia de Papai Noel se movendo junto.

– Hum, falando em muito bom, esses panettones estão divinos!

– Obrigado. Eles levaram horas para ficarem prontos.

Os olhos escuros de Jungkook se arregalaram e ele mastigou mais rápido.que o normal e depois falou em descrença.

–Você fez eles?

– Eu gosto de cozinhar. — Taehyung deu de ombros, como se não fosse nada de mais, mas por dentro ele estava a ponto de explodir de felicidade pelo elogio de Jungkook, o que se refletia na forma em que suas bochechas esquentaram.

Jungkook observou Taehyung de cabeça baixa, brincando com a caixa de fósforos nas mãos. Ele parecia o tipo de pessoa que gostava sempre de pensar muito antes de fazer alguma coisa. A franja cobria o seu rosto parcialmente e ele estava sentado na posição de índio, as pernas cruzadas e cobertas pela calça floral sendo apertadas pelo tecido.

Pelo menos Jungkook teve sorte em uma coisa quando ficou preso naquele maldito elevador: tinha como companheiro um homem muito bonito e que, ainda mais, tinha comida.

– Sabe, eu estava exagerando quando você me perguntou sobre as velas – Jungkook falou de repente, atraindo os olhos castanhos de Taehyung para si. — Se quiser acender as velas, faça. Está escuro aqui dentro e ficaria mais bonito com a luz delas, além disso, a tubulação de ar está aberta e não vamos precisar nos preocupar em sufocarmos aqui dentro.

Taehyung abriu um sorriso gigantesco e sincero, as covinhas se formando em suas bochechas, e então tirou da sacola algumas velas natalinas em formatos variados da sacola de papelão. Papai Noel, árvore de natal, bonecos de neve, um anjinho, todos foram posicionados perto da porta do elevador.

– Elas são perfumadas – Taehyung avisou.

– Isso não me surpreende. – Jungkook falou e recebeu uma sobrancelha erguida em resposta. – O quê? Você me parece o tipo de pessoa que compraria velas perfumadas para o Natal.

Taehyung gargalhou, o som se tornando ainda mais alto devido ao espaço confinado em que estavam.

Talvez passar o Natal preso em um elevador com Kim Taehyung não fosse a pior coisa que já tivesse acontecido com Jungkook.

Santa Claus [Taekook]Onde histórias criam vida. Descubra agora