8 am

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Boa leitura


Taehyung e Jungkook estavam lado a lado, sentados no chão do elevador. O silêncio entre eles era constante e agradavel, ambos perdidos em seus próprios pensamentos naquele momento.

Depois da "aula de dança", eles tinham passado mais alguns minutos abraçados até Taehyung decidir que sentar novamente era uma boa ideia – não era como se tivessem muita coisa para fazer dentro daquele cubiculo – e então o silêncio tinha se instalado. Jungkook não conseguia desviar a mente do que o pequeno havia dito sobre ele procurar a sua família depois de todos aqueles anos sem contato e,Taehyung meditava sobre como seriam as coisas com Jungkook depois que saissem do elevador.

Porém, de uma forma impressionante, eles ainda mantiam a conexão entre si. Em determinado momento, a mão de Taehyung tinha escorregado quase que por conta própria sobre a coxa musculosa de Jungkook, que entrelaçou seus dedos junto aos de Taehyung. O polegar de Jungkook massageava as costas da mão de Taehyung delicadamente, como se, de alguma forma, aquele carinho o fizesse pensar melhor.

 – Jungkook. – Taehyung quebrou o muro de silêncio, com um sussurro alto o suficiente para atraira atenção do outro para si.

 – Oi.

– Oi.– Taehy repetiu com um sorriso nervoso e então abaixou o rosto, abrindo e fechando a boca como se não tivesse certeza do que diria em seguida.

– Você me chamou.– Jungkook falou, os dedos sem parar o carinho na mão de Taehyung.

– E, eu chamei.– Taehyung hesitou novamente, passou a mão pelo cabelo, e então tomou corageme virou o corpo para Jungkook, os olhos concentrados nele. Jungkook, como vai ser quando sairmos daqui?

Aquela pergunta foi como uma grande flecha atravessando o coração de Jungkook, destroçando-o. A verdade era: ele não sabia. Não fazia a menor ideia de como sua relação com Taehyung se daria depois daquilo, mesmo que algo no fundo de sua alma implorasse para que nāo fizesse como todas as outras coisas que havia desistido na vida. Os pequenos e questionadores olhos de Taehyung estavam presos em Jungkook da mesma forma que Jungkook estava preso, acorrentado, a eles. Era inevitável, intenso e único.

Jungkook abriu a boca para responder Taehyung no exato momento em que as luzes começaram a piscar.

De repente, todas elas se acenderam ao mesmo tempo, cegando Jungkook momentaneamente, e então seus ouvidos foram invadidos pelo som forte dos aquecedores, jorrando ar dentro do elevador e da música leve que tocava no rádio.

Na tela digital, até segundos antes desligada, os númneros em vermelho iam diminuindo.

8..7..6.5…

– Oh, meu Deus! – Taehyung gritou, então se colocou de pé com um salto, um sorriso surgindo em seu rosto. – O elevador voltou a funcionar! Finalmente!

– Depois de mais de doze horas! – Jungkook berrou de volta depois de alguns segundos em choque. Ele finalmente poderia sair daquele cubiculo apertado, trocar aquela roupa estúpida de Papai Noel e tomar um longo banho.

E... havia Taehyung.

Taehyung pegava as suas coisas do chão; as tigelas vazias, o terno floral, os buquês de flores destroçados. Jungkook fez o mesmo com o seu velho e quebrado celular, que estava desde cedo esquecido em um dos cantos do elevador, e mais algumas de suas coisas jogadas por ali.

Jungkook olhou para Taehyung no momento que o elevador passava do primeiro andar em direção ao térreo. Seu vizinho tinha os olhos vidrados nos números vermelhos, as covinhas profundas em suas bochechas eo gorro vermelho de Papai Noel ainda prendendo parte de seus cabelos.

E então a porta do elevador abriu.

– Tae! – Gritou uma voz feminina do lado de fora e Taehyung soltou um "mamãe" baixinho antes de correr em direção à mesma.

Jungkook saiu do elevador e observou tudo ao seu redor. Uma equipe de bombeiros estava ali, assim como muitos moradores do prédio, que fofocavam sobre si, e o porteiro. Cones laranjas estavam pousados ao redor da porta dos dois elevadores, o que fez Jungkook perceber que ambos tinham quebrado.

Ele ouviu a gargalhada sonora de Taehyung e então se virou para observar a cena. Um jovem, com feições quase idênticas às de Taehyung, lhe apertava as bochechas e falava em um tom baixo, enquanto a mulher com mais de meia idadee cabelos negros falava quase gritando.

– Nós ficamos desesperados quando você não chegou em casa! Quando viemos aqui e então o porteiro nos disse que as câmeras de segurança tinham gravado você entrando no elevador quando travou, eu fiquei tão preocupada.

– Ela ficou desesperada.- Reforçou o homem de meia idade que abraçava Taehyung pelos ombros, provavelmente seu pai.

E ali estava Jungkook, sozinho com sua barriga falsa de Papai Noel sob o braço e as lembranças do que tinha acontecido dentro daquele elevador durante as doze horas que tinham ficado lá. O perfume de Taehyung parecia estar completamente preso em seu corpo, assim como a imagem de Taehyung estava presa em sua mente.

Taehyung tinha feito aquela pergunta, porém Jungkook sabia muito bem que não precisava de nenhuma resposta. A resposta era mais do que clara. Taehy era a criatura mais doce e especial que ele havia conhecido em toda sua vida e, sabia que seria esquecido rapidamente por ele.

Talvez fosse melhor daquela forma, afinal não havia nada que Jungkook pudesse lhe dar. O que quer que fosse, Taehyung já tinha roubado para si.

Jungkook virou-se e começou a arrastar as pernas em direçāo à escada de emergência. Depois de todas aquelas horas no elevador, subir sete andares a pé parecia quase o paraíso para Jeon.

– Jungkook! – Parou ao ouvir seu nome ser chamado pela voz doce, que tinha se tornado familiar e virou-se.

Taehyung parou diante de Jungkook com um sorriso gigantesco nos lábios, as adoráveis covinhas aparecendo em suas bochechas avermelhadas. Ele estendeu a mão até a de Jungkook e a pegou, depositando um pequeno pedaço de papel dobrado ali.

– Você me deve uma resposta, Jeon. – E então, tão leve quanto a pétala de uma rosa e tão rápido quanto como uma bala, os lábios de Taehyung deixaram um beijo contra a bochecha de Jungkook, antes dele se virar e voltar para onde sua família estava.

Pouco depois, Jungkook abriu o papel enquanto subia as escadas em direção ao seu apartamento. Ali havia uma sequência de números e Jungkook não conseguiu evitar o gigantesco sorriso quando viu um pequeno Taehy." assinado no canto do papel.

Quando finalmente chegou diante de seu apartamento, as pernas de Jungkook tremeram e ele estava completamente exausto. O trabalho de abrir a porta já parecia grande demais a se cumprir e quando a mesma finalmente se abriu, Jeon soltou um suspiro de alívio.

Se jogou no sofá e pousou o papel como número de telefone de Taehyung ao lado do telefone fixo. Sua mente voou em todas as palavras que seu vizinho havia lhe dito e, em uma injeção de coragem, Jungkook levou a mão até o aparelho e o tirou do gancho.

Jungkook tinha que fazer uma ligação naquele momento, e não era para Taehyung, não ainda. Havia algo em seu passado, dificil demais para se carregar, e a solução poderia estar no fim daquela sequência de números que Jungkook digitava. Ele respirou fundo e quase pôde sentir Taehy ali, encorajando-o a finalmente apertar o botão de chamada.

O telefone tocou três vezes e Jungkook ouvia o próprio coração bater Sonoramente a cada segundo que se passava. Ele apertava o aparelho na mão e sua respiração perdeu completamente o rumo quando ouviu a voz feminina do outro lado.

– Alô?
 
Jungkook nem ao menos percebeu que chorava até sentir as lágrimas caírem sobre suas coxas. Não havia mais volta; depois de cinco anos, não havia mais como Jungkook simplesmente desligar aquele telefone.
 
Em um sussurro rouco, falou.

– Mamāe

Santa Claus [Taekook]Onde histórias criam vida. Descubra agora