6am

2.9K 502 70
                                    


Boa leitura❤

Taehyung abriu os olhos lentamente, erguendo uma das mãos até eles e coçando-os levemente. Seus lábios se abriram em um bocejo preguiçoso e ele passou o nariz sobre o local onde apoiava o rosto, que por sinal, era o peito de Jungkook.

Ergueu a cabeça para ter a visão de Jeon Jungkook dormindo com o rosto caído para o lado, a boca ligeiramente aberta e o cabelo em um verdadeiro ninho de ratos. Jungkook tinha os dois braços envolvidos ao redor da cintura de Taehyung, quase como se o protegesse durante o sono, além de ter puxado o longo casaco para cima das pernas de Taehyung, em algum momento depois que ele pegou no sono.

Taehyung continuou com o rosto apoiado contra o peito de Jungkook, sentindo cada vez que o peito do homem subia e descia por causa da calma respiração. Kim não entendia a grande confusão que estava acontecendo dentro de si, mas não conseguia mais impedir as borboletas de causarem um verdadeiro estrago dentro de seu estômago. Como era possível Taehyung ter se apegado tão rápido a uma pessoa que nem conhecia direito?

Traçou com a ponta dos dedos as diversas tatuagens que Jungkook tinha contra o peito e os braços. Elas eram tão aleatórias e misteriosas quanto o dono delas e, Taehyung não resistiu em deixar um beijo leve e rápido contra a pequena frase the simple of simply que Jungkook havia tatuado logo acima do peito, perto das clavículas.

De repente, as mãos de Jungkook se mexeram nas costas de Taehyung, subindo e descendo lentamente por ela em um carinho calmante.

– Bom dia, Jungkook. – Taehyung falou rouco e baixinho, enquanto via as imensidões escuras que eram os olhos de Jungkook se abrindo preguiçosamente.

Inconscientemente ou não, Jungkook abriu um sorriso doce e apertou os braços ao redor do corpo de Taehyung. Ergueu ligeiramente a mão esquerda para conferir o relógio de seu pulso antes de soltar um suspiro baixo.

– Bom dia, Taehy.

Taehyung não queria, mas suas bochechas ganharam um tom avermelhado quase imediatamente após ouvir o apelido, ele não conteve o grande sorriso que surgiu em seus lábios. Ele ainda estava grogue de sono e poderia ficar deitado sobre o corpo de Jungkook pelas próximas horas sem reclamar.

– Que horas são? — Taehyung perguntou, com a voz baixinha e sonolenta.

– Quase seis e meia da manhã. Nós não
dormimos muito tempo, ao que parece.

Em um gesto manhoso e preguiçoso que Taehyung culpou todos os acontecimentos das últimas horas e o resquício de álcool que ainda estava em seu sangue, — Taehyung apertou os dedos contra a pele quente de Jungkook e sussurrou.

– Mais um motivo para ficarmos deitados por mais tempo.

Jungkook riu, o seu peito tremendo por causa disso, e então levou a destra até o cabelo macio e bagunçado de Taehyung, começando a massageá-lo como vinha fazendo antes de adormecer.

– E se o elevador voltar a funcionar do nada e nos encontrarem assim aqui dentro? – Jungkook ergueu uma sobrancelha.

– Eu digo que você é um ótimo travesseiro.

– Hum... bom saber que sou bom apenas sendo travesseiro para o Sr. Kim do décimo quinto andar.

Foi a vez de Taehyung gargalhar alto, cobrindo a boca com as mãos logo em seguida. Depois daquelas horas que tinham passado ali dentro, parecia completamente estranho ouvir Jungkook chamando-o de "Sr. Kim".

– Não cubra a boca quando ri, Taehyung. – Jungkook resmungou, puxando a mão que Taehyung usava para cobrir a própria boca.

– Por quê?

Jungkook soltou um suspiro sonoro e não respondeu de imediato, os olhos se perdendo em uma mecha revolta do cabelo de Taehyung. Jeon levou a mão até a mecha próxima da franja, enrolando-a em seu dedo antes de colocá-la para trás da orelha de Taehyung.

– Porque eu gosto da sua risada. – Falou de repente, os olhos ainda focados nos cabelos do outro.

Para Jungkook haviam milhares de formas de se abrir o coração para uma pessoa, algumas que demoravam anos para acontecerem, outras que levavam horas, outras minutos. E havia aquelas que funcionavam na base dos segundos, das frases ditas sem filtro, das trocas de olhares, do perfume de alguém perto de você. Aquelas formas eram as mais repentinas e destrutivas: vinham como uma onda gigante e levavam-tudo que tinha pela frente, tudo isso, naquele mísero segundo em que você baixou as barreiras do seu coração.

Foi naquela pequena frase que as barreiras de Jungkook definitivamente foram embora.
A onda gigante Kim Taehyung estava passando, bagunçando tudo, em apenas uma risada.

– Ninguém nunca me disse isso. – Taehyung sussurrou, os grandes olhos castanhos focados em Jungkook.

– Talvez porque você tenta controlar ela.

– Jin diz que a minha risada parece um pato morrendo afogado. — Taehyung riu baixinho.

– Quando eu conhecer esse tal Jin, ele vai saber o que é um Jin morrendo afogado. – Jungkook resmungou, um biquinho nos lábios.

E então BUM! Aquela única frase fez todo o interior de Taehyung se desestabilizar. Ele ergueu o rosto do peito de Jungkook e ficou sentado no chão do elevador, os olhos presos no seu vizinho deitado.

"Quando eu conhecer..."

Para Taehyung aquilo só podia ter um significado possível: as coisas entre os dois tinham mesmo mudado depois daquele tempo que tinham ficado presos no elevador. Jungkook não pretendia fingir que nada tinha acontecido, nem voltar a ser o "Sr. Jeon" para Taehyung.

Tudo dentro de Taehyung desabou de uma vez só, o seu coração disparando em uma experiência que ele nunca achava que era possível. Aquele tipo de encontro, repentino e intenso, só acontecia nos contos de fada e parecia impossível demais estar acontecendo naquele momento com ele.

A verdade era: uma parte de Taehyung não queria que aquele elevador voltasse a funcionar. Aquela pequena, louca e inconsequente parte que queria continuar com Jungkook apenas para si, vivendo aquele conto de fadas maluco dentro de um elevador quebrado.

– Taehyung, o que foi? – Jungkook falou
com um tom de preocupação claro
na voz ao sentar-se. A respiração de
Taehyung tinha acelerado sem motivo
aparente e ele tinha ficado longos
segundos em silêncio. — Você está
bem?

Em um movimento rápido e imprevisível, Taehyung passou os braços ao redor dos ombros de Jungkook e o puxou para um beijo. Ele não sabia o que estava acontecendo quando descolou os lábios dos de Jungkook e segurou o seu rosto com as mãos.

Os olhos de Jungkook estavam arregalados em surpresa quando Taehyung sussurrou em um tom completamente novo, uma ponta de desespero surgindo em cada uma das palavras.

– Só me beija. Por favor, me beije, Jungkook.

E Jungkook o beijou. O beijou como se aquele fosse o fim do mundo e, se fosse, ele não se importaria nem um pouco.

Santa Claus [Taekook]Onde histórias criam vida. Descubra agora