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Oi amores voltei, não esqueçam de votar


Taehyung estava com a cabeça encostada contra a parede do elevador, os olhos fechados e a respiração lenta. Sua mente viajava em milhares de coisas, que iam desde como sua mãe estaria preocupada naquele momento até a razão estranha de ele estar sentindo borboletas no estômago.

Ele era do tipo de pessoa que acreditava que coisas repentinas e inexplicáveis poderiam acontecer com alguém e mudar completamente o seu futuro, mas ele nunca tinha acreditado que poderia acontecer isso consigo mesmo. Entretanto, Taehyung estava ali, prestando atenção na respiração de Jungkook ao seu lado, no calor que os braços deles colados transmitiam um aooutro e no silêncio confortável que mantinham. Parecia louco sentir o seu estômago revirar por alguém que tinha tido o primeiro contato verdadeiro poucas horas antes, mas Taehyung estava vendo a si mesmo sem conseguir escapar daquilo.

Quatro horas presos naquele elevador e Jungkook tinha lhe contado sobre o seu aniversário, tudo que o fazia odiar e esconder aquela data de todos. Taehyung tinha ouvido como sempre esqueciam que era aniversário dele, como ele tinha passado os últimos anos sozinho no sofá na noite de Natal e ainda mais descoberto pequenos detalhes sobre Jungkook que parecia que ninguém mais reparava, como o fato de ele gesticular com as mãos enquanto falava.

Bem, talvez Taehyung estivesse exagerando no que estava sentindo. Ou então fosse efeito do álcool. Ou talvez, como último caso, efeito Jeon Jungkook.

- É oficialmente meia-noite, Taehyung. - Jungkook quebrou o silêncio do elevador, a voz mais rouca que o normal.

Taehyung virou para Jungkook, que levava a garrafa de vinho aos lábios, e abriu um pequeno sorriso.

- Essa hora eu deveria estar trocando os presentes com minha mãe, meu pai e meu irmão. - Taehyung falou e então seu rosto se fechou em uma expressão triste e o sorriso desapareceu.

Jungkook soltou um suspiro sonoro e virou o rosto para observar seu vizinho, que ainda tinha a cabeça apoiada contra a parede e, desta vez, os olhos castanhos perdidos no teto espelhado do elevador.

- Sabe, não é a primeira vez que eu me visto de Papai Noel, sabia? - Jeon confessou.

- O quê? - Taehyung ergueu o rosto e passou a olhar nos olhos de Jungkook.

- Quando eu era mais novo, não morava em Seul e sim em Busan. E todo ano desde que eu completei quinze anos que eu me vestia assim e saia animando as pessoas pelas ruas. - Jungkook soltou um risinho fraco. - Depois de um tempo, todo mundo já sabia que era eu por baixo daquela barba falsa, mas continuavam fingindo surpresa.

E ali estava: mais uma pequena peça do enorme quebra-cabeça que era Jungkook e, por incrível que parecia, Taehyung estava começando a montá-lo e perceber que a imagem que se formava era muito mais bonita do que a que embalagem por fora demonstrava.

- E você fazia isso por vontade própria?

- É claro! Na época eu ainda acreditava nessa tal magia do Natal que você acredita até hoje, Tae.

Taehyung se remexeu um pouco sobre a barriga falsa de Papai Noel em que estava sentado e se aproximou ainda mais de Jungkook, com as mãos apoiadas contra o chão tocando uma à outra levemente. Ele tinha medo de ultrapassar algum limite, afinal Jungkook estava se abrindo lentamente para ele, mas não conseguiu resistir a perguntar.

- Jungkook... - Os olhos de Jungkook estavam concentrados sobre Taehyung. - O que aconteceu com você para passar a odiar tanto o Natal?

O silêncio que se seguiu foi tão grande que Taehyung teve certeza que estava ouvindo as cordas de aço que seguravam aquele elevador vibrarem devido ao peso. O rosto de Jeon ficou tenso, a mandíbula se movimentou quando ele apertou os dentes uns contra os outros.

- Q-Quer dizer, não precisa me dizer se n-não quiser. - Taehyung gaguejou. - Me desculpe, eu sou muito curioso.

E então a expressão de Jungkook relaxou e ele abriu um sorriso sincero e, em um impulso repentino, levou uma das mãos até a bochecha de Taehyung e apertou a pele avermelhada levemente.

- Não precisa ficar envergonhado, Taehyung. Eu só... - Jungkook soltou a bochecha de Taehyung e virou o rosto, falando o resto em um sussurro. - Eu nunca contei isso para alguém.

Taehyung assentiu e pegou um dos últimospanettones que ainda estavam disponíveis então cruzou as pequenas pernas uma sobre a outra, toda a sua atenção voltada para Jungkook.

Taehyung seguiu cada movimento que seu vizinho fez para pegar a garrafa de vinho com olhos, reparando nas tatuagens que apareciam em seus pulsos quando as mangas da camisa de Papai Noel subiam um pouco.

Jungkook tomou um grande gole, o primeiro que tomava havia longos minutos, e recomeçou a falar.

- Era o meu aniversário de 18 anos e eu
sinceramente nem mais esperava que alguém lembrasse desse fato. As minhas irmãs nem ao menos me deram bom dia e correram para a árvore de Natal, procurando se novos presentes tinham aparecido ali. E foi olhando para elas que eu senti a vontade de contar algo para os meus pais que eu já deveria ter contado muito tempo antes. - Jungkook bebeu mais um pouco de vinho e finalmente voltou a olhar para Taehyung.

- Eles nunca tinham dado muita importância para mim, para o que eu fazia ou dizia. Muitas vezes eu parecia ser invisível naquela casa, então nunca imaginei que iriam reagir da forma que reagiram quando eu contei o que eu era para eles.

Taehyung podia jurar que os olhos de Jungkook brilhavam mais do que segundos antes, ou talvez fosse apenas as luzes das velas perto do fim que estavam contra o rosto de Jungkook. Taehyung sentia a inexplicável e forte vontade de abraçar o homem diante de si, porém não ousou fazer nenhum movimento até que ele retomasse a sua história.

- Eu sou gay, Taehyung. E foi exatamente isso que eu disse para a minha família toda quando estávamos reunidos durante a ceia de Natal. E sabe o que eles fizeram? - Jungkook parou e uma lágrima teimosa escorreu pela sua bochecha direita, que logo foi secada. - Eles me chamaram de anormal e doente e me expulsaram de casa na noite do meu aniversário e do Natal. Eu fui embora de casa com uma pequena mala, um grosso casaco de frio e pouco mais de cem won na carteira e é por isso que eu odeio o Natal.

E ali estava Taehyung, com seu enorme e sentimental coração, com os olhos molhados graças às lágrimas se acumulavam ali. Ele conseguia ver um Jungkook mais novo, andando sozinho pelas ruas frias daquela época do ano, sem casa e sem família. O Natal sempre havia sido um dia maravilhoso para Taehyung e ele se sentia mal por saber que, enquanto ele estava feliz com sua família, o jovem Jeon estava sofrendo e perdido.

E então, antes que Taehyung conseguisse evitar, seus braços envolveram os ombros de Jungkook em um abraço.

O corpo de Jungkook ficou tenso devido ao inesperável carinho, mas logo depois ele relaxou e envolveu a cintura de Taehyung com os braços, puxando-o mais para perto de si, ao mesmo tempo em que afundava o rosto no cabelo escuro e macio.

E foi nesse momento que Taehyung soube que aquelas coisas repentina e inexplicável tinha acontecido e que mudaria a sua vida completamente.

Santa Claus [Taekook]Onde histórias criam vida. Descubra agora