Início de Muitas Mudanças

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Stephanie tentou adotar um semblante alegre, que era mais falso do que uma máscara infantil de Halloween. O gerente do banco havia sido tão compreensivo, e se mostrara disposto a lhe dar o aviso prévio sem que ela tivesse que cumpri-lo, e ela teve a certeza de que ele estava até mais feliz com sua saída do que ela.

Isso era bom, claro. Assim poderia começar com Kara o quanto antes. Mas também era desanimador. Poderiam ao menos ter fingido que ela era uma ótima caixa.

Pelo menos Kara ficaria feliz. Ela trabalharia até sexta e, depois do final de semana, começaria no emprego novo. Ainda assim, os minutos se arrastavam.

Na hora do almoço, houve um certo alvoroço quando um entregador de flores veio até a agência com um lindo arranjo de rosas. Que romântico, pensou. Mas ela teria comprado algo mais colorido. Como gérberas, margaridas ou enormes girassóis.

Ficou pensando se seria aniversário de namoro de alguém, todas as pessoas presentes ficaram paradas, em suspense.

- Stephanie Baster? - o moço perguntou com um sotaque do Bronx, olhando em volta com pressa.

- Sou eu. - falou com o coração aos pulos.

O entregador levou o arranjo até o caixa, para que ela assinasse o recibo, e ela se sentiu como uma adolescente.

Sentindo todos os olhares sobre ela, segurou o pequeno cartão com mãos trêmulas.


Querida Stephie,

Por favor, me perdoe se fiz algo erra. Mas sei que ainda podemos fazer dar certo.

Te amo, Derek.


Colocou o cartãozinho de volta no envelope e olhou para a cliente na fila com um pedido de desculpas.

Durante o intervalo do almoço, enviou um e-mail ao ex-noivo:


Caro Derek, Obrigada pelas flores, mas preferia que não as tivesse mandado. Sinto muito, mas não vou mudar de idéia. Vá ser feliz. Adeus, Stephanie.


Após dar as flores para uma colega do banco, no final do dia, se arrastou até sua casa, exausta. Comeu uma tigela de cereal no jantar, e um iogurte de pêssego como sobremesa, enquanto mudava a esmo os canais na televisão.

Não queria assistir a nada, mas era uma desculpa para ficar no sofá.

Rememorou os detalhes da noite anterior de olhos fechados. Conseguia até sentir o cheiro de Daniel.

Quando o telefone tocou, estava tão envolvida com sua fantasia, que teve a certeza de ser ele. Até se lembrar de que ele não tinha seu número, porque sequer o havia pedido.

Ignorou o toque insistente por um tempo, mas então pensou que, se ele tinha descoberto seu endereço por ser policial, possuía acesso a todas essas informações.

- Alô? - atendeu, tentando soar normal.

- Stephie, precisamos conversar.

Ela sentiu o estômago se contorcer. Se tinha qualquer dúvida sobre ter terminado o noivado com Derek, esta desaparecera agora.

- Já conversamos, Derek. Sinto muito, mas não posso me casar com você.

- Mas eu te amo e tenho tantos planos!

Ele sempre falava de si mesmo. Nunca se preocupava com os sentimentos ou projetos dela.

- Não sou a pessoa certa para você. Precisa de alguém mais... - Mais o quê? Estável? Menos inclinada a roubar lojas quando deprimida? Que não fosse tão inconsequente? - Mais madura, não sei. Acho que não estou pronta.

- Ficou com medo, é normal. Almoce comigo amanhã, Stephie, por favor.

- Desculpe. Estarei ocupada no almoço, amanhã. Tenho que desligar, Derek.

- Espere! - O tom de voz era outro agora: forte, acusador. - Vou até o banco, tenho que vê-la.

- Pedi demissão do banco.

- Teve coragem de pedir demissão do emprego? - Ele não se conformava. - Há algo errado com você, Stephanie.

- Então sorte sua ter se livrado de mim, não é mesmo?

- Tem alguém, é isso?

Aquele ciúme constante sempre a deixara segura. Até então, acreditava que um homem possessivo não a trairia... Mas agora começava a ver o lado ruim disso. Ficou tentada a dizer que sim, mas a verdade era que tinha ficado uma só noite com Daniel, porque sentia algo por ele. Porém, isso não queria dizer que ele também sentia o mesmo.

- Tenho que desligar.

Um baque surdo soou em sua orelha quando Derek bateu o telefone. Ela fechou os olhos e permaneceu ali, esperando o arrependimento.

Não ficou surpresa quando não sentiu nenhum.

Então, em um impulso, pegou o gancho novamente.

Tinha ti ma missão a cumprir.

- Mãe? Sou eu, Stephanie.

Em menos de dois minutos teve o que queria: um convite para jantar no dia seguinte. Contaria pessoalmente para a mãe sobre a separação, então dormiria em seu quarto antigo. Precisava tanto voltar ao ambiente onde tinha feito tantos planos para a vida.




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⏰ Última atualização: May 05, 2021 ⏰

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