Uma Ajuda

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Kara adorava supermercados. Adorava o cheiro da comida, os vendedores, as cores e texturas dos produtos. E ali tudo era tão diferente. Os mostruários pareciam maiores, as frutas também. Então seria um homem. E se o amigo de Lena fosse como ela, devia ser forte e de gosto simples, deduziu, descartando a idéia de escargot ou qualquer outra coisa com muito molho. No final optou por camarões frescos em um molho masala de coco, e uma salada de folhas verdes orgânicas com seu molho especial, que levava champanhe como ingrediente secreto.

Comprou girassóis para enfeitar a mesa, guardanapos combinando e velas. Um belo vinho branco para a entrada e um tinto encorpado para acompanhar a carne. A sobremesa seria uma seleção de queijos e frutas frescas. A campainha soou exatamente às sete. Kara desceu as escadas, enquanto colocava o segundo brinco de diamantes.

Que pontuais!

Abriu a porta e parou, apreensiva, ao ver o sujeito vestido com uma jaqueta de couro gasta. O cabelo era comprido demais e precisava se barbear.

- Posso ajudar? - perguntou, desejando não ser sempre tão impulsiva.

Deveria começar a olhar pelo olho mágico antes de abrir a porta. Pelo menos Lena estava ao lado e bastava um grito. O rapaz em sua soleira abriu um sorriso, como se tivesse lido os pensamentos dela.

- Sou Daniel. - Ergueu o braço e, em vez de apontar uma arma, entregou-lhe uma garrafa embrulhada. - O amigo de Lena.

- Ah, obrigada... - Kara soltou o ar, aceitando o presente.

- Entre. Não quer me dar a jaqueta e o capacete?

- Obrigado.

Daniel lhe entregou as duas peças, que ela guardou no armário, desejando que Lena chegasse logo. Era muito boa anfitriã, mas havia algo de suspeito naquele sujeito.

- Pensei em começarmos lá fora. - falou, o guiando até a cozinha. - Está uma noite tão bonita.

- Claro. Foi muita gentileza sua me convidar. O cheiro está ótimo.

Bem, pelo menos ele era educado e tinha um sotaque de Antônio Bandeiras.

Daniel se acomodou em uma cadeira no quintal, muito a vontade.

- Vinho, cerveja ou marguerita? - ela ofereceu, sorrindo.

Ele devolveu o sorriso, o que suavizou seu rosto, tornando menos sinistro.

- Vou experimentar a marguerita, mas sou um crítico exigente.

- Ah, meu Deus, nem fiz ainda... Peguei a receita na internet!

- Me deixe ver. - Daniel se levantou e a seguiu até a cozinha. Os ingredientes estavam sobre a pia junto à receita.

- Sabe comprar tequila...

- Não tinha certeza, então comprei a mais cara.

- É assim que escolhe as coisas? Pelo preço? - Os olhos castanhos a fitaram, divertidos.

- Não, nem sempre. Mas não é um método ruim. Você mesmo disse que a tequila é boa.

Ele arregaçou as mangas da camisa branca, lavou dois limões e perguntou:

- Você quer uma?

Kara deu um sorriso.

- Vamos fazer assim: você está oficialmente encarregado de fazer os drinques.

Algo lhe dizia que Daniel era um daqueles homens que devia ser tão bom na cozinha quanto na cama. Enquanto ele espremia os limões e ela tirava a casca do camarão, perguntou:

Quem Eu Quero - Karlena - LenaGpOnde histórias criam vida. Descubra agora