A Terapeuta

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Debora Bumont não tinha tempo para sexo, não naquela manhã. Tinha que revisar os casos antes de ver os pacientes, e buscar seus novos óculos. Entretanto, Jordan Rinton, seu parceiro no trabalho e na vida, passava as mãos por seu corpo, pedindo carinho. E ela sabia: fazia tempo que tinham feito amor.

Se obrigou a isso, então. Levantou os braços para que ele pudesse tirar sua pijama e gemeu enquanto ele deslizava as mãos por seus seios e pernas.

Após algumas carícias, Jordan quis saber:

- Está pronta para mim?

Ele sempre perguntava isso. Era doce e atencioso, mas, algumas vezes, ela desejava que ele apenas terminasse logo de uma vez.

- Sim. - sussurrou, após um suspiro.

Quando ele a penetrou, começou a acompanhar seus movimentos.

Acariciou suas costas enquanto pensava se os Peterson teriam feito a lição de casa naquela semana. Se, mais uma vez, não tivessem feito, teria que sugerir outro terapeuta. Algumas pessoas pareciam não perceber que, para se ter um casamento bem-sucedido, era preciso se esforçar.

Quando percebeu, pela respiração ofegante de Jordan e seus movimentos rápidos, que ele estava chegando ao clímax, fingiu um gritinho de prazer. Ele a seguiu imediatamente, estremecendo e suspirando. Geralmente não defendia que o orgasmo fosse fingido. Mas agora não tinha nem tempo nem entusiasmo para fazer tudo como deveria. E também não queria discutir seus sentimentos... o lado ruim de se envolver emocionalmente com um colega terapeuta. Na realidade, não tinham tempo de discutir nada ultimamente, com aquela correria do dia-a-dia e o lançamento do novo livro.

Quando Jordan beijou seu rosto e rumou para o banheiro principal, deixando a suíte livre para ela, Debora correu para o chuveiro. Precisava compensar os minutos que tinha sacrificado para manter seu relacionamento saudável.

Suspirou.

Ela e Jordan mantinham casas separadas e, apesar de trabalharem lado a lado, raramente iam juntos para o consultório. Tinham horários diferentes e respeitavam sua independência. Ela até achava que um dia morariam juntos, mas, por ora, aquele sistema funcionava.

A primeira coisa que fez ao chegar ao consultório foi colocar os óculos novos e olhar com admiração para uma cópia de Comunicação Perfeita, Amor Perfeito, como se olhasse para um filho. O livro que tinha escrito com Jordan era o resultado de anos trabalhando como conselheira. Sua missão sempre fora colocar ordem no caos.

Debora respirou fundo. Sentia necessidade de ordem como outras mulheres sentiam de comida. Não precisava ser formada em psicologia para compreender que ter crescido no caos havia destruído seu sentido de segurança, e que ela compensava esse fato criando regras e diretrizes. Seriam regras apenas dela se não tivesse descoberto que essas diretrizes ajudavam seus pacientes a lidarem com seus problemas.

Principalmente na área de comunicações interpessoais.

E fora assim, enquanto os ajudava a entender suas vidas e relacionamentos, que acabara se deparando com Jordan: um homem doce e confiável. Haviam se conhecido quando ela ensinava o Modelo Transteórico para outros terapeutas.

Reparara nele de imediato.

Tinha os cabelos castanho-avermelhados, cara de intelectual e os olhos azuis mais serenos do mundo. De alguma forma soube, apenas por isso, que ele era uma dessas pessoas que haviam nascido com o segredo de permanecerem calmas em meio ao caos.

Eram o par perfeito, então. A maneira como ela se desesperava para manter a ordem em sua vida não o abalava.

Percebeu como trabalhavam bem juntos quando o contratou e, depois, como um casal, quando, aos poucos, foram se tornando íntimos. Ficava calma quando olhava o livro e via o nome dos dois na sobrecapa. Tudo estava bem, o esquema deles funcionava. Notou uma impressão digital no livro, pegou um lencinho que guardava dentro da gaveta e passou no livro, o deixando brilhando novamente. O interfone soou nesse instante:

Quem Eu Quero - Karlena - LenaGpOnde histórias criam vida. Descubra agora