Uma Mão Lava a Outra

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A tarde estava quente e, apesar de ter alguns compromissos, ela estava longe de estar totalmente ocupada. Em Londres, estaria cheia de inaugurações, pré-estréias e festas. Agora que estava instalada no Texas, entretanto, teria de fazer algo para ingressar nos círculos sociais de Austin.

Pensou no horário e decidiu ligar para Nia. Estava com saudades de um sotaque familiar. O telefone tocou três vezes e já estava prestes a desligar, quando alguém atendeu em meio a uma risada:

- Alô?

- Nia?

- Kara, querida! - Havia barulho e gargalhadas ao fundo. Estavam em uma festa. - E então, amiga, quando volta para casa? - Nia perguntou com a voz meio pastosa.

- Voltar para casa?

- Ah, pode esperar até amanhã? Assim eu ganho a aposta.

- Nia, só pode estar bêbada, mesmo! Esqueceu de que agora tenho uma empresa?

- Não estou tão bêbada assim. Conheço bem minha melhor amiga: você sempre desiste.

- Nem sempre.

- Sempre, Kara. Dos cursos, da moda, dos romances... Diga uma coisa que você não troca a cada pouco!

Kara franziu o cenho. Realmente, no que tinha perseverado?

- A cor do meu cabelo? - arriscou travessa.

A resposta foi recebida com uma grande gargalhada.

- Você não acredita que vou conseguir, não é? - perguntou algo tristonha.

- Querida, você é como o Peter Pan... Não cresce nunca. Aliás, Jack diz que esse é o seu problema.

- Jack deveria se meter com a vida dele. - Tentou parecer aborrecida, mas estava feliz que discutiam sobre ela e faziam apostas de quando voltaria mais uma vez. Sentiam sua falta, tanto quanto ela sentia deles. Quando tivesse mais dinheiro, iria lhes fazer uma visita. - Mande lembranças a todos, diga que estou com saudades.

- Vou ganhar a aposta ou não?

Percebeu que o barulho no lugar havia diminuído. Imaginou todos inclinados, desesperados para ouvir a resposta, o começou a rir.

- Desta vez, não.

Ao desligar, Kara percebeu que estava naquele país havia mais de um mês e não tinha vontade de ir embora. Isso era bom, pensou. Estava fazendo progressos. Sua carreira nova era interessante, podia usar a criatividade e, no caso de seu cliente novo, tinha pouco tempo para separar os, autores de Comunicação Perfeita, Amor Perfeito.

Decidiu ler o livro, já que Jordan era a sua prioridade. Tomara que a leitura lhe fornecesse o segredo para acabar com aquele caso antes que os autores fossem apresentar sua oi ira na televisão.

Estava com tanto calor, que tirou a roupa e colocou short branco, um top roxo da Stella McCartney e sandálias enfeitadas com contas. Odiava bonés, mas sabia que era importante proteger a pele, por isso tinha comprado um chapéu enorme, de fazendeira, com um laço branco.

Sentiu-se como Scarlett 0'Hara. Apanhou os óculos de sol e o livro, parou na cozinha e encheu um copo grande com chá gelado. Por último, apanhou também o spray para a pele. Deitou-se na espreguiçadeira, embaixo de uma árvore, com o rosto já úmido, o chá gelado em uma mesinha ao lado e o livro no colo.

Comunicação Perfeita, Amor Perfeito, leu no prefácio.

Quanto "blá blá blá", pensou, ao começar o Capítulo Um.

Quando começava a se concentrar no texto, ouviu o som irritante de um motor. Ergueu a cabeça e foi contemplada com a visão de uma linda jardineira de top e camisa flanelada, operando um cortador de grama. Mordeu o lábio, a respiração acelerada.

Quem Eu Quero - Karlena - LenaGpOnde histórias criam vida. Descubra agora