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Stephanie se sentou no caixa do banco, sentindo os minutos se arrastarem como uma eternidade. Com certeza o relógio estava parado. Não era possível que houvessem se passado apenas dois minutos desde a última vez que tinha calculado quanto tempo faltava para o almoço. Sua cabeça doía e seus olhos estavam secos. Não havia dormido bem. Na verdade, não tinha dormido.

Sua lista de prós e contras estava bem dobrada na bolsa. Queria sair do trabalho logo e lê-la mais uma vez, para ter certeza de que Derek se mostrava em vantagem nela. Só faltava uma hora e quarenta e cinco minutos para seu intervalo.

- Próximo, por fa... - Não terminou a frase ao ver o rapaz da motocicleta, que vira no shopping, se aproximar com seu andar confiante, segurando o capacete.

Olhou para ele, atônita.

- Posso ajudá-lo?

- Preciso fazer uma retirada. - Deu a ela um cartão de débito azul.

- Pode usar o caixa automático. - Ela apontou o lado de fora da agência.

- Eu sei, mas, para falar a verdade, gosto do contato pessoal... Stephanie. - Ele leu no crachá.

Seu nome soou como uma carícia nos lábios dele.

- Certo. Precisarei da sua identidade.

- Não preciso de identidade para usar o caixa eletrônico.

- Por causa da senha. Mas, para tirar dinheiro com os atendentes é preciso uma identidade com foto.

Ele pareceu relutante e, por um momento, Stephanie achou que ele fosse embora e pararia de assediá-la. Porém, pegou uma carteira preta no bolso e a abriu. Ao ver o distintivo colado ao couro, ela sentiu uma onda de calor. 

- Você é policial? - indagou com voz trêmula.

- Isso mesmo.

Stephanie sentiu o sangue abandonar o rosto ao se lembrar de que ele a vira colocando o relógio na bolsa, na loja de departamentos.

Deu a ele uma folha para assinar, e percebeu que tinha as mãos tremendo.

- O que faz aqui? - sussurrou com urgência. - Quero dizer nesta agência. Nunca vi você por aqui antes.

- Digamos que eu esteja cuidando do local. Com o aumento nos roubos, é preciso ser cuidadoso.

Stephanie enrijeceu. Contou o dinheiro rapidamente, mas estava tão tensa, que perdeu as contas e teve que recomeçar. Entregou as notas dobradas a ele e o observou colocá-las em uma carteira de couro gasta.

- Obrigado. - ele agradeceu, sorrindo. - Nós nos veremos por aí...

A maneira como olhou para ela era ameaçadora; como se fosse vigiá-la como um falcão até que cometesse um crime.

Quando a hora do almoço chegou, ela estava pronta para pegar a bolsa e dar o fora da cidade, sem nem saber para onde. Pegaria o primeiro ônibus e iria o mais longe possível.

Oh, Deus, o homem era policial!

Daniel Escobar. Tinha lido o nome no distintivo. Ele a havia visto roubando e, certamente, a estava vigiando para que não tentasse fazer o mesmo no banco.

Felizmente, encontraria Derek para almoçar. Ele tinha dito que precisavam economizar para o casamento, e então decretara que não podiam gastar dinheiro com supérfluos. Tinham ficado de se encontrar na esquina e de andar juntos até o rio para um piquenique. Parecia muito romântico, pensou.

Andava com pressa, o salto batendo na rua. Outras pessoas também passavam, apressadas, mas era como se tivesse um sinal de neon em sua testa escrito "ladra".

Quem Eu Quero - Karlena - LenaGpOnde histórias criam vida. Descubra agora