Nascendo Para Uma Nova Vida
Hassan despertou antes de Aiyra. Ela ainda estava com a cabeça junto ao seu braço, mas não estava com ela em cima dele. Ele se afastou devagar para não acordá-la ainda. Escorregou para o lado, e levantou-se. Virou-se para ver se ela tinha notado, mas ela não se moveu. Sorriu ao pensar que há muito não acordava com uma mulher deitada no seu leito. Pena que as circunstâncias não sejam as melhores. Estava penalizado por ela. Sua alma nunca se habituou à barbárie com jovens inocentes.
Batidas na porta chamaram sua atenção. Era um de seus homens.
-Majestade. - O referenciou – Bom dia. Já temos tudo arrumado. Aguardamos apenas
as suas ordens.
-Bom dia. É uma boa notícia. Não quero me demorar mais nessa casa. Ordene que três dos nossos homens vão à nossa frente. Diga para ir até a costumeira estalagem e que preparem o nosso desjejum lá. Não é longe daqui. Também preparem a carroça com algumas almofadas e tapetes macios. A moça irá nela, e está muito machucada.
-Assim será majestade. Com sua licença.
-Vá.- O homem o reverenciou e partiu para cumprir suas ordens. Ele retornou para a alcova e foi para o lavabo. Encontrou a tinha cheia de água limpa. Se despiu e entrou, não demorou tanto quanto de costume. Vestiu a roupa que seu criado havia separado. Era sempre uma mistura de roupa árabe com as roupas usadas pelos ingleses. Tinha que admitir que gostava de vestir aquelas roupas, eram mais confortáveis para andar a cavalo. Colocava o Keffiyeh pois nele estava as cores de sua linhagem real, e para proteger a cabeça do sol. Voltou para a alcova. Viu Aiyra já de pé, esticava o lençol sobre a vasta cama.
-Deixe isso aí. Eles que cuidem dessa bagunça. Vá refrescar-se, está tudo pronto para irmos.
Ayra o olhou furtivamente, viu que estava vestido como chegou. Roupas que lhe acrescentavam uns anos ao rosto. Qual era mesmo nome disso que usa na cabeça? Ela pensou distraída.
- Espero que tenha acordado mais disposta, nosso caminho será longo.
-Estamos indo para o seu país?- Hassan observou que ela ficava ainda menor dentro daquela túnica. Ela usava a sua túnica, a túnica de um príncipe. Iria escandalizar seus criados se a vissem. - Senhor?
-Não. Você tem que se trocar.
-Minhas coisas estão na minha alcova.
-Creio que já não estão mais. Vou verificar se há ainda algo lá para que possa se vestir.
-Eu posso ir...
-Não. Não podem vê-la assim. Vá banhar-se. - Ele se virou e partiu sem ouvir nenhuma
resposta. Ela estava constrangida. Dormiu no mesmo leito que seu senhor. E o mais escandaloso de tudo é que havia apreciado. O quão errado era aquilo? Se bem que apenas dormiram. Estava nervosa. Caminhou até a cama e sentou-se. Será que era realmente uma selvagem e que nada mudaria sua natureza? Pensou exasperada. - Não! Eu sou uma moça honesta e íntegra. - Mas não podia negar que gostava do cheiro de seu senhor. Sorriu sem graça. E sua pele... Tinha um abraço aconchegante. Balou a cabeça para lançar longe tais pensamentos.- Sou uma moça íntegra!
-Ninguém duvida. - Hassan falou entrando na alcova com umas roupas nos braços.- Tiveram a delicadeza de lhe separar essas peças. Ela caminhou até ele e pegou as roupas. Ele tirou o espartilho do montante e o jogou sobre a cama. - Obviamente não usará isso. Se adiante, todos nos esperam para partir.
-Senhor? - Ela falou em voz fraca.
-Sim?
-Para onde estamos indo?

VOCÊ ESTÁ LENDO
As Graças do Deserto
RomanceAiyra, uma nativa americana, vendida desde criança, foi levada para um lar inglês. É tratada tão bem que logo se esquece da sua verdadeira condição de escrava. Até que um dia, algo que nunca esperava acontece. Aiyra passa a reconhecer com tristeza s...