𝓒𝓪𝓹𝓲́𝓽𝓾𝓵𝓸 11

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A comitiva de Hassan saiu da estalagem como haviam previsto, após o meio-dia. Prepararam uma carroça com ainda mais conforto para Aiyra. Desta vez Hassan não foi muito a frente. Estava junto a Ammim que dirigia a carroça. Conversava com Ammim e vez outra olhava furtivamente para Aiyra. Ela sorria para ele e ele retribuía levemente, mas seus olhos lhe diziam que ele estava feliz. Ela não tinha visto sua face tão relaxada até aquele momento. Ela analisou as montarias, as roupas dos soldados de Hassan. Parecia estar na Arábia realmente. Ela pegou um livro e resolveu se concentrar na leitura. Era o seu livro favorito, carregava consigo quando passou mal na carroça pela primeira vez. Não foi para o fogo porque estava esquecido na carroça. Ela ficou muito feliz com isso. Hassan olhou para ela novamente, mas como ela estava lendo, ele se voltou novamente para Ammim.

- Não se aflija majestade. Ela não fugirá. - Hassan olhou para Ammim com um sorriso envergonhado no rosto. Não era algo costumeiro. - Nem preciso perguntar se o que vi ontem a noite teve algum resultado.

-Não como esperas, mas realmente tenho apreço por essa moça.

-Disso, todos nós já sabemos. - Ambos gargalharam. Hassan virou-se para Haad e o chamou para perto de si. Ele veio até ele apressadamente.

- Quero deixá-los ciente dos meus planos. Aqui não temos paredes para ouvir. Desconfio da criadagem.

-Alguém em particular? - Haad perguntou e se endireitou no cavalo.

-Não. Mas conheço o irmão que tenho. Ele não me deixaria agir tão livremente.

-Qual o plano então? Ontem pareceu que não tinha nada em mente ainda. - Ammim falou intimamente.

-Mas eu tenho. Apenas pensava comigo se era tempo de revelar meus pensamentos. Mas é um momento oportuno. Só iremos ao reino após uma audiência minha com o Rei da França. Consegui conversar com ele no último baile em que fui, e ele ficou bastante interessado.

-Mais uma parceria para o reino do seu irmão?

-Não. Para o meu reino. - Os três sorriram, como não tinham feito há um bom tempo.

-E para quando será isso? Não nego que estou ansioso. - Haad falou entusiasmado.

-O rei está esperando meu regresso para falarmos de negócios. Assim que chegarmos na França irei vê-lo.

-Mas tenha prudência, majestade. - Ammim estava genuinamente preocupado.

-Nem precisa temer, Ammim. Eu não farei nada que prejudique ainda mais o nosso povo. Nosso reino será grande outra vez. A tirania do meu irmão está com os dias contados.

-Como me alegro em ouvir isso. Mas por que só agora nos fala dos seus planos? - Hassan olhou para frente e falou sem emoção na voz.

-Eu não sei. Eu apenas não queria dar falsas esperanças a vocês. Mas agora vejo que é algo quase concretizado. Basta saber o que o rei vai exigir.

-Tomara que não queira nos tornar seus escravos. - Ammim falou com pesar na voz.

-Isso eu não aceito. Vou procurar outra aliança, mas isso não aceito.

-Ele não conhece Moabe, certo?

-Isso. Se eles se conhecessem jamais iria propor algo. Não sou tolo.

-Sendo assim... Deixe-me ver se entendi sua mente. Já tinha tudo isso em mente. E a moça era um meio do seu irmão pensar que tudo estava bem entre vocês. Que você queria agradá-lo. Logo não desconfiaria de você.

-Sim. Correto. Mas eu não vou fazer mais nada para agradá-lo. Até me sinto mal em ter pensado em fazer isso. As mulheres que caem nas mãos de Moabe tem um destino cruel.

As Graças do DesertoOnde histórias criam vida. Descubra agora