Prólogo - Aquele onde tudo começou

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Eles se conheceram ali, em meio aos corredores daquela imensa escola católica, que pareciam se fechar, tentando os esmagar, toda vez que andavam por eles. As paredes acinzentadas e feias se misturavam com o desprazer de estar ali, criando uma ilusão de sufocamento, trazendo um pânico interno no coração de cada um dos oito garotos. As salas de aula eram assustadoras. Cheias de adolescentes suados e uniformizados, sendo monitorados por feiras rigorosas que os meninos faziam questão de associa-las com as bruxas dos contos de fadas. O silêncio reinava naquele internato masculino, era torturante ser padronizado com outras pessoas tão diferentes de você e não poder dizer nada.

Essa era a realidade de Kim Hongjoong, Park Seonghwa, Jeong Yunho, Kang Yeosang, Choi San, Song Mingi, Jung Wooyoung e Choi Jongho, os meninos que mais davam trabalho aos funcionários da escola. Eles se sentiam torturados pelos pais, pelas freiras, pelos padres, pelo diretor e por Deus. Tinham de usar a mesma vestimenta todos os dias, ver as mesmas cores, sem poder sequer gargalhar quando lhe davam vontade. Mas, tudo isso mudava no final da tarde, em que eles fugiam da missa obrigatória e corriam para um galpão abandonado perto da escola onde poderiam ser quem eles quisessem. Naquele lugar não precisavam seguir mandamentos e regras, eles eram as regras.

Todos os dias, quando o internato se reunia no santuário, fechando os olhos e juntando as mãos para orar, o grupo de amigos fugia pela porta principal segurando risadas sapecas até o lugar de encontro. Lá era o mundo deles, podiam fazer tudo o que era proibido pelo maluco diretor e sua legião de freiras. Já é de se esperar que teriam coisas ilícitas, como algumas drogas e bebidas. Afinal, são jovens fazendo merda e sem tutela dos pais, era de se esperar. Mas não era a droga que os divertia, não era o álcool em suas veias ou os jogos de festa caseira, a diversão vinha com o fato de estarem juntos, arcando com o jeito de ser de cada um.

Seonghwa, por exemplo, tinha de aguentar os mais novos o infernizando a todo o tempo, mas não deixava de os tratar com muito amor. O mais velho era, de longe, o mais amoroso dos oito. Sempre preocupado com o bem-estar de todos, dando carinho assim que pediam e muitas vezes os ignorando quando a brincadeira ia além do limite. Wooyoung costumava brincar que o Park era a mãe do grupo e, não demorou muito para o apelido ficar popular entre os mais novos. Sempre que tinham algum problema, era para Seonghwa que corriam, como crianças assustadas e, até que não era tão ruim, pois o Park se sentia amado e gostava de retribuir. Com certeza, ele enlouqueceria se acontecesse algo com sua família.

Hongjoong também era amoroso, mas do seu jeito. Diferente de Seonghwa, o mais baixo detestava abraços e era um pouco mais irritado. Era o cabeça de todas as fugas do culto e sempre usava seu QI elevado a pró de seu grupo de amigos. Apesar de ter horas que queria matar um por um, como quando Wooyoung o inventava de o chamar de "pai", como se fosse uma espécie de marido para Seonghwa. Felizmente, ninguém sabia que um tempo atrás, aquele casal era mais real que a existência de Deus. Porém, uma feira os flagrou na sala de música e depois de uma espécie de exorcismo e confissão para o padre, Kim e Park se sentiram constrangidos demais para continuar aquele amor entre dois meninos, então resolveram continuar apenas como amigos. Não era tão ruim, ainda podiam cuidar um do outro, a diferença era que precisavam lidar com mais seis crianças barulhentas.

As mais barulhentas de todas era, sem dúvida, Wooyoung e San. Os dois pareciam dividir o mesmo neurônio quando se tratava de irritar os mais velhos, especialmente Seonghwa. Confiavam um no outro de olhos fechados, de maneira que um ajudaria o outro a esconder um corpo e mentir até a morte sobre aquilo. Era uma amizade de se invejar. O Choi e Jung também eram amantes de contato físico, sempre se abraçando ou cutucando Seonghwa até que o mais velho perdesse a paciência completamente. Foram os criadores da frase "Oito fazem um time", que os acompanhou desde o primeiro dia de fuga até o último.

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