Capítulo 01 - Aquele com o pesadelo

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A luz do luar não era o suficiente para clarear todo o local, nem mesmo com a ajuda de um abajur velho de luz amarelada era possível se ver tudo o que estava ao redor. Não que Seonghwa estivesse interessado no que estava o rodeando, estava mais preocupado com o rádio antigo no meio da rodinha que seus amigos faziam. Não sabia ao certo porquê estavam ali, o que aquele aparelho tinha de tão especial, mas se sentia ansioso e tremia tanto pelo frio quanto pela ansiedade de entender qual a finalidade daquele encontro inusitado por um rádio dos anos 2000, velho e empoeirado.

- Ei, estão me escutando? - A resposta não demorou muito para aparecer. Quem falava no rádio era Mingi e, a ansiedade virou saudade e aflição. Queria vê-lo mais uma vez, pelo menos mais uma vez. - Se liga, estou te enviando o convite! Olhos em mim e preste atenção!

A voz grave e imponente começou a falhar por causa de um chiado extremamente estranho. Parecia que Mingi estava entrando em alguma área sem sinal, mas mesmo assim, continuava a falar coisas que não faziam sentido nenhum para Seonghwa, este que começou a soar frio, tentando se mexer e se aproximar do rádio. Tinha um pequeno walk talk no chão, talvez conseguisse se comunicar com o Song por ali e perguntar onde ele estava, se estava bem e se queria ajuda para o que tivesse de enfrentar. Mas não conseguia se mexer, nem mesmo dar um passo para frente ou para trás, pois San e Wooyoung o seguravam com mais força do que aparentavam ter.

O Park prestou mais atenção nos amigos. Pareciam mortos por dentro, sem nenhuma expressão, ruim ou boa ao escutar a voz de Mingi falhar e desaparecer como o vento. Estavam todos pálidos como estátuas de museu e não conversavam, sequer trocavam olhares e isso assustou Seonghwa. O que estava acontecendo?

Tentou se livrar dos apertos que San dava em seu braço direito e da força que Wooyoung depositava em seu braço esquerdo. A aflição voltou a tomar conta de seu corpo aos poucos, como se estivesse em uma piscina que ficava cada vez mais funda e ele não soubesse nadar. Era tudo muito estranho naquele lugar deserto e escuro, estava com medo.

- M-me soltem! - Mandou tentando sair, mas os outros dois tinham o olhar focado no rádio, hipnotizados com o aparelho. Até que San virou o rosto para si.

San sempre foi alguém alegre, embora tivesse seus momentos de raiva e tristeza, com um brilho otimista no olhar. Mas ao cruzar olhares com Seonghwa, o mais velho se arrepiou por inteiro, o medo aumentou, pois, o Choi tinha um olhar sanguinário e estranho, sem nenhum brilho ou otimismo. De repente, tudo ficou frio demais ao seu redor, tanto que começou a tremer de novo.

Frio, medo e aflição. Era o que Seonghwa estava sentindo.

A dificuldade para respirar era torturante, queria sair dali com todo o seu ser. Não queria mais olhar o rádio a espera que Mingi falasse mais alguma coisa, porque aquelas pessoas não eram amigáveis, não eram seus amigos, aquele lugar não era familiar e o frio lhe dava sensação de solidão. Era uma sensação de morte, até que fechou os olhos com força e os abriu, conseguindo se mexer. Assustado, olhou ao redor mais uma vez, estava em sua cama, em seu quarto e tudo não se passava de um sonho esquisito que iria esquecer ao decorrer do dia, porque Seonghwa sempre esquecia seus sonhos.

Resolveu ir ao único banheiro da casa antiga e afastada do centro da cidade, precisava tomar um banho quente para se acalmar daquele inferno em forma de sonho. Quando fechou a porta atrás de si, se colocou em frente ao espelho pequeno e redondo preso na parede, lavando o rosto e escovando os dentes sem muita pressa. Encarava seu reflexo, tentando relembrar o que tinha acontecido em sua vida depois de três anos após aquela noite que deixou tantas sequelas, a noite que tudo começou.

Depois da morte de Mingi, o grupo se separou e, nunca conseguiram melhoras na vida, devido as notas extremamente baixas na escola, comportamento revoltado, a relação que tinham com drogas ilícitas desde muito novos e por serem suspeitos de um homicídio que nunca foi encerrado. Ninguém queria contratar pessoas com esse histórico deplorável. Por isso, após cada um escolher seu lado na briga interna, Seonghwa, Jongho, San e Wooyoung criaram uma gangue, que gostavam de chamar de "Utopia" por pura ironia, já que roubar bancos e restaurantes para viver não era muito a definição de vida perfeita. Em contraste, Hongjoong, Yunho e Yeosang, se chamaram de Illusion, já que faziam parte de um comercio muito forte de drogas na Coréia, conseguindo dinheiro através do tráfico.

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