Noite

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Você se levanta e a sua perna está adormecida;

seu quarto está escuro e o silêncio da noite invade as reentrâncias da tua mente.

O sangue que tenta fluir arrasta a dor - e o vazio te machuca

e o vento que sopra lá fora te arrepia a alma.

As lembranças chegam como latido de cão de rua

no meio da madrugada fria

e cortam o teu sono e a tua paz

e a sua alma se contorce e geme e implora -

e se entrega.

As lembranças te consomem

e as memórias te apertam

e a saudade te fere

e a noite se esvai como areia 

caindo pela ampulheta.

As horas se distorcem

e o tempo se arrasta

e os minutos se fundem em uma dança frenética e diabólica

e os sons do teu peito a gritar ressoam nas paredes

e no telhado

e no piso frio

e na madeira do guarda-roupa

e o cômodo se espreme em agonia

enquanto tua respiração acelera e o ar te falta.

O suor escorre pelo teu rosto como um velho amigo

e te beija as faces doloridas

e quando se nota

os raios da alvorada já invadem o quarto

e as luzes rodopiam em tons de esperança,

enquanto as lágrimas secam e evaporam

e as lembranças se dissipam no raiar do dia.

Você se levanta

com um meio-sorriso estampado

no rosto grudento

de lágrimas recém-enxugadas.

O farol das memóriasOnde histórias criam vida. Descubra agora