Abrigo

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Amor-fascínio é o grito voraz de um predador faminto-

se apaga com o abate e não mais se ouve;

É a fogueira cujas labaredas se levantam
em formas abstratas e altivas quando o vento sopra destemido-

É poderoso, mas volátil...

Não dura.

Achei que estivesse curado
quando deixei de te amar desse jeito;
quando minha voz deixou de ser um uivo
e quando a guerra deixou o meu peito...

Achei estranho estar em paz-
uma sensação distinta.

Confundi o repouso com a ausência
e só quando você partiu foi que percebi

que tinha te feito lar.

Tinha te feito a grama onde se deita o predador, saciado, para repousar.

Tinha te feito a brasa gentil que persiste quando a chama se apaga.

Tinha te feito a alegria resiliente que subsiste.

Deixei de uivar pois não precisava mais da lua como guia na noite escura - minha jornada agora se fazia de dia.

Não precisava mais de guerra, pois nada havia pra se ganhar, além daquilo que já possuía - um lugar em teu peito

pra descansar, pra existir.

Te fiz meu abrigo e me acalmei...

e então você partiu.

O farol das memóriasOnde histórias criam vida. Descubra agora