Guerra

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Lembro-me de todas as vezes em que seu sorriso gentil fez minha mente descansar-

Sua voz suave me trouxe luz quando tudo o que restava era escuridão;

seus braços me seguraram com tamanha força que eu sentia meus pedaços se remendando…

minhas feridas se curavam e minhas cicatrizes se perdiam, escondidas debaixo do teu corpo. 

Eu te disse que elas poderiam não ir embora e mesmo assim você as beijou. 

A guerra me destruiu, e seus olhos foram a piedade da natureza-

A doce piedade que traz catástrofes pra terra e monstros vorazes pro oceano,

pois mesmo quando me segurava gentilmente

eu não podia evitar a mudança que me causava - e é esse o poder do amor:

ele queima as memórias profanas e desejos nefastos e das ruínas você renasce.

E eu renasci.

Fiz-me girassóis e nuvens flutuantes num céu de verão. E nem as mais intensas tempestades me poderiam derrubar;

mas você se foi

e a mente que uma vez foi lar de pestilência guarda agora as memórias de tempos cristalinos, a mente que tornou-se um palácio pra todos os nossos toques e promessas e lágrimas

e eu as levarei pra minha sepultura, e sei que na terra fértil florescerão em vibrantes tulipas e petúnias.

O farol das memóriasOnde histórias criam vida. Descubra agora