Pra entrar em casa eu sigo por uma estrada,
uma trilha de terra batida, com grama dos dois lados
e algumas flores - brancas e lilases.
Confesso que não tenho cuidado bem delas-
penso às vezes que são seres selvagens
e que merecem crescer sozinhas,
pois só assim terão força pra desabrochar.
Em outros dias, faço questão de acariciá-las
e até conversar com elas sobre a vida.
Sempre que converso com elas, encontro a oportunidade de falar de ti.
Falo de como gostava de florese de como era a minha.
Aprendi com você a nunca arrancar uma flor do chão,
por mais bela que fosse.
Sempre digo a elas que a mim não precisarão temer,
porque terei prazer em vê-las vistosas e imponentes
e que morrerão de forma natural, como todas as outras coisas.
Às vezes, afago uma com força de mais
e faço desprender uma pétala ou duas-
isso sempre me entristece,
pois lembro de como eu te machucava, sem querer.
Solto da mão então o broto, tão miúdo,
e deixo na terra as pétalas caídas.
Despeço-me e sigo de volta pra casa.
