Capitulo 5

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Liria

Como precisava falar com Yan antes de sair pra obra, acabo chegando mais cedo na empresa.⠀

Assim que saio do elevador, vejo o Yan andando por ali.⠀

— ei Yan – chamo o mesmo que para e me olha sorrindo gentil — que bom que te encontrei estava precisando de você⠀

— bom dia, precisa de mim é ? – diz de uma forma sugestiva, mas resolvo ignorar ⠀

— sim, ontem meu notebook deu pau, eu até liguei lá na sua sala, mas não tinha ninguém, Nádia me disse que já tinha ido embora.⠀

— ah é pra isso que precisa de mim – diz parecendo chateado – o not está na sua sala?⠀

— sim, vamos até lá. – digo e ele me acompanha até a minha sala.⠀

— vejo que alguém deixou presente pra você – Yan aponta pra minha mesa assim que entramos.⠀

Olho pra mesa e sorrio vendo uma caixinha ali, caminho até lá, pego a caixinha abrindo a mesma e sorrio ao ver que são bombons com recheio de licor e cereja, junto tinha um bilhete Pego o mesmo e leio disfarçadamente.⠀

" pra adoçar o seu dia pequeno lírio, sei que são seus preferidos. E. "⠀

Bem no fundo eu sabia que eram dele, não tem outra pessoa que me conheça tão bem.⠀

— Eai quem deixou o presente ? – Yan pergunta, por um momento até esqueci que ele tava aqui.⠀

Dou de ombros — admirador secreto⠀

— acho melhor não comer, vai que estão envenenados – diz sério⠀

Eu gargalho — Yan esses bombons custão uma nota, quem ia comprar só pra me envenenar ?⠀

— existe doido pra tudo nesse mundo – resmunga⠀

Nego com a cabeça achando graça, deixo a caixinha na mesa e guardo o bilhete no bolso, pego um bombom abrindo e levando aos lábios mordendo, sentindo o sabor delicioso de cereja com o leve álcool do licor.⠀

— quer, está uma delícia ? – ofereço e ele nega⠀

— bom, vou levar seu notebook pra dar uma olhada, se eu ver que vai demorar peço alguém pra trazer um da empresa até o seu ficar pronto – diz⠀

— não se preocupe, eu vou sair agora só voltarei depois do almoço provavelmente – digo⠀

— tudo bem então, eu vou indo⠀

— tchau Yan, e obrigado por me dar esse Help⠀

— só estou fazendo meu trabalho gatinha – brinca piscando pra mim e eu rio⠀

Nesse momento alguém limpa a garganta atrás do pobre do Yan, e pelo cheiro que invadiu minha sala eu até já sabia quem era⠀

— bom eu já vou indo, Tchau Li, tchau Chefe.⠀

Ele sai e Eros me encara sério.⠀

— parece que alguém tem um fã na empresa – diz entrando na minha sala⠀

— bom dia Eros, tudo bem ? – ironizo⠀

— bom dia, eu sei que está cedo, mas vim trazer um café, cappuccino de baunilha, estou certo ? – pergunta me entregando o copo⠀

— você sabe que está – digo pegando o copo e sorrio — obrigado, sai de casa correndo acabei não tomando café⠀

— ainda está cedo, quer ir tomar um café ali na padaria ?⠀

— não, até que não estou com fome, o café já está ótimo, obrigada e obrigada pelo bombom⠀

Ele aproxima de mim, ficando bem perto, o cheiro dele me atinge deixando minhas pernas igual gelatina, não dá pra descrever o poder que esse homem tem sobre mim, se eu fecho os olhos consigo sentir como era seu toque.⠀

— só queria ver esse sorriso no seu rosto – diz fazendo um carinho na minha bochecha — eu sei que não me perdoou, talvez nem vá, só que eu quero fazer tudo que está ao meu alcance pra tentar ter você de volta.⠀

Respiro fundo tentando puxar o ar que parece me faltar nesse momento — Eros eu confiava em você de olhos fechados, eu sabia que você nunca me deixaria cair – rio sem humor — mas o destino é tão irônico que foi você quem me jogou no buraco⠀

— Liria nós tínhamos 17 anos, eu me achava o rei do mundo, éramos imaturos – ele aperta os olhos como se sentisse dor ao lembrar do que fez — eu me arrependi no segundo que tinha feito.⠀

— eu concordo você se achava o rei do mundo, e tenho certeza que foi essa sua presunção mais a pressão daqueles inúteis que você dizia que eram seus amigos, que te deu a merda da coragem de fazer a merda que fez⠀

Ele me olha, com cara de cão que caiu da mudança, mas não diz nada, ele sabe que eu estou certa, ele mesmo disse que quando a garota chegou nele, ele sentiu o ego inflar, e os amigos começaram a chamar ele de "pegador" , " o cara" , e ele se deixou levar por isso.⠀

Encaro ele, negando com a cabeça — eu estou certa não é ?! – saio ali de onde ele me imprensou pegando minha bolsa pra sair da sala.⠀

— Liria – me chama como se implorasse por algo.⠀

— eu não te odeio, eu não te esqueci, eu não deixei de amar você, mas eu perdi o que tinha de mais bonito é importante entre nós – digo o encarando⠀

— o que foi? Se não foi o amor⠀

— a confiança, eu não confio mais em você – suspiro chateada vendo que minhas palavras o atingiram em cheio — já são 07:40 , acho melhor a gente ir.⠀

Digo saindo e ele vem atrás, essa conversa mexeu muito comigo, e com ele também, mas somos profissionais, e vamos fazer o que temos que fazer.⠀

O caminho até o lugar onde está o terreno que veríamos nunca foi tão longo, o silêncio estalando no carro do Eros era desconfortável.⠀

Assim que chegamos ao local, ele para o carro solta um longo suspiro e me encara — me desculpa por ter quebrado o laço de confiança entre nós ⠀

— tudo bem, já passou – digo não querendo mais entrar nesse assunto ⠀

— mesmo que você nunca me perdoe, e nunca mais fique comigo, eu queria pelo menos ter sua confiança, ser seu amigo, saber que se você precisar eu sempre vou estar aqui – diz ⠀

— confiança é algo que se conquista entende ⠀

— eu sei, só quero que me de uma chance pra isso, abaixa a guarda, me deixa tentar ⠀

Suspiro mordendo o canto da boca, pensando se abaixar a guarda seria boa ideia.⠀

— por favor – súplica ⠀

— tudo bem, eu só não vou mais brigar com você e fica te afastando ⠀

Ele sorri pra mim e eu sorrio de volta, dentro desse carro só existe nós dois agora, os olhos dele vai direto pra minha boca, e eu faço o mesmo, mesmo sabendo que não deveria.⠀

Mas por sorte, dois toques no vidro do carro tira a gente desse clima.⠀

Eros abaixa o vidro e o rapaz sorri, — eu vi o carro preto, com vidros pretos, suspeitei – o cara aparentemente era um segurança ⠀

— Estávamos so conversando, já estamos descendo – explico e ele concorda ⠀

Tiro o cinto pegando minha bolsa e saindo, Eros faz o mesmo, depois trava o carro e seguimos o segurança, lá já estava o empreiteiro e outro cara sério de terno que suspeito ser o tal cliente.

Esse cliente me encarava de uma forma estranha, não sei explicar, por mais que ele tenha dito que conheça meu trabalho eu não lembro de vê-lo em nenhum lugar, nem se quer em jornais.⠀

— Liria Evans e Eros Mancini, estava esperando vocês – ele diz com um sorriso grande demais ⠀

— Sou Enzo Fabri e esse é meu empreiteiro de confiança Antônio Vilar⠀

— é um prazer conhecê-los – digo simples pegando na mão deles ⠀

— um prazer revê-los – Eros diz ⠀

Depois das apresentações, andamos pelo espaço onde será construído o shopping, eu anotei algumas especificações, exigências , algumas ideias que fomos discutindo ao longo de toda a manhã.⠀

Depois de tudo terminado, finalmente, meus pés estavam doendo de ficar em cima do salto da bota, fora que eu estava morrendo de fome.⠀

— bom então é isso, foi uma manhã muito produtiva – Enzo diz — senhorita Liria, se não tiver planos pro almoço gostaria que almoçasse comigo ⠀

Eros bufa do meu lado, eu queria rir, mas ao invés disso vou usá-lo como desculpa.⠀

— obrigada pelo convite Senhor Fabri, mas eu já tinha marcado de almoçar com Eros – digo

Eros me encara confuso, e o tal Enzo muda um pouco a expressão, apesar de não perder a pose de galanteador.⠀

Ele sorri de lado — tudo bem, vamos trabalhar juntos, oportunidades não vai faltar , aliás pode me chamar de Enzo, não sou muito de formalidades ⠀

— nem de senso – Eros resmunga baixo, aparentemente só eu ouvi.⠀

Concordo com a cabeça sem dizer muito, então eles se despedem saindo e eu e Eros vamos pra onde ele estacionou o carro.⠀

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