Capitulo 6

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Liria

Voltamos pro carro e assim que me sento Eros me encara — Galanzinho fajuto esse Fabri em⠀

Rio negando com a cabeça — tão presunçoso e autoconfiante como você – comento⠀

— que horror, além de me usar de muleta ainda me ofende – diz fingindo estar ofendido⠀

— foi mal, e eu não te usei de muleta, foi o que veio na cabeça pra não ser mal educada⠀

— eu só relevo, se você realmente almoçar comigo – propõe⠀

— só aceito de formos comer massa, se tiver banana split, e for pago por você – digo⠀

Ele nega rindo — muitas exigências pra quem quer ser desculpada pequeno lírio, mas como sou um cara gentil eu aceito⠀

— o convite veio de você, nada mais justo que você pagar docinho – brinco⠀

Ele ri, e da partida no carro, só então saímos dali rumo ao restaurante, eu não preciso nem dizer que estava morta de fome.⠀

Assim que chegamos, descemos, achamos uma mesa, e logo um garçom vem até nós.⠀

— Vamos querer macarrão com molho branco, brócolis e bacon, e lasanha – Eros pede⠀

— vinho pra acompanhar ? – garçom pergunta⠀

Eros me encara por uns minutos e eu nego fazendo careta.⠀

— Vamos querer coca cola – diz e eu sorrio.⠀

Ele anotou tudo saindo, deixando apenas nós dois.⠀

— por que negou o vinho? Combina bem com massa — diz⠀

— vinho me parece demais pra um almoço entre amigos⠀

— devia ter pedido vinho então, aí viraria um encontro – brinca piscando pra mim.⠀

— posso te perguntar algo ? – pergunto E ele concorda — o que fez por todos esses anos ?⠀

— quando eu soube que você tinha ido embora eu surtei, mesmo que já tivesse quase um ano que tínhamos terminado, eu bebi horrores, meu pai e seu teve que me buscar enquanto eu estava caído em uma calçada qualquer⠀

— eu não sabia disso, meu pai não me disse nada – digo⠀

— eu implorei pra que isso ficasse entre nós, então fiz o mesmo que você fui pra uma faculdade a quilômetros de distância, e foquei em ser o melhor, eu tinha que ser o melhor, fiquei muito tempo longe, aí fiquei sabendo que seu pai e sua avó decidiram morar na fazenda, e até fui lá um dia com meu pai visita-lós mas eu te vi, então dei meia volta e fui embora.⠀

— por que não entrou ? – pergunto⠀

— eu não ia aguentar ser rejeitado por você, não naquela época, hoje eu pensei muito e é entendi que se um dia eu te encontrasse eu aceitaria o que viesse de você, rejeição, ódio, magoa, amor , por que qualquer coisa é  melhor que nada⠀

Eu não sei o que dizer, eu vejo arrependimento é um pouco de dor bem no fundo dos olhos dele, eu até queria falar algo, ouvir assim que eu não fui a única que sofri, que me esforcei pra ser perfeita pra que ninguém me derrubasse de novo, que eu criei muros em volta de mim, pra não confiar mais.⠀

Quando penso em dizer o garçom traz nossos pedidos, acho que foi uma boa escapatória.⠀

— e você , como foi esses anos ? – pergunta me fazendo encara-lo⠀

— eu foquei em cuidar de mim, ser uma ótima aluna, fugir de qualquer homem que pudesse se aproximar, amizades também só a Ava, eu tentei fugir dela mas ela é como um chiclete – nós rimos — e ainda bem que ela não desistiu de mim⠀

— eu destruí a sua vida né ? – ele diz⠀

Nego com a cabeça — decepções são parte da vida, hoje eu entendo isso, mas a escolha de se fechar e não confiar foi toda minha.⠀

— se nada tivesse acontecido, nos ainda estaremos juntos ? – pergunta⠀

E eu nego novamente — eu acredito que tudo aconteça por um motivo, eu acredito que tinha que acabar, precisávamos crescer, viver, amadurecer principalmente.⠀

— você acredita que ainda existe chance pra gente ? – pergunta direto⠀

— eu não sei⠀

— eu acredito, o amor não acabou⠀

— nas a confiança sim⠀

— mas você me deu uma chance de reconquistar.⠀

Concordo, voltando a focar no meu almoço, afinal não tinha muito mais a ser dito não é, já falamos demais, lembramos de mais.⠀

Depois que terminamos, pedimos a sobremesa, sobremesa sempre me anima.⠀

— podemos começar o projeto hoje a tarde ? – pergunta⠀

— devemos, já que o doido quer isso pronto pra sexta – reviro os olhos – cara louco⠀

— ele pareceu ter algum tipo de interesse em você – comenta⠀

Dou de ombros — eu não tô afim⠀

Ele da uma risadinha de lado, presunçoso gostoso do caralho.⠀

Depois do almoço fomos direto pra empresa, ele vai pra sala dele pegar as coisas dele pra vir trabalhar comigo e eu vou pra minha sala esperá-lo.⠀

Entro na minha sala me assustando ao ver o Yan ali parado perto da minha mesa — que susto Yan, não esperava te encontrar aqui⠀

— desculpa, vim trazer seu notebook antes de ir almoçar – explica – quer ir comigo ?⠀

— na verdade eu já almocei, obrigado pelo convite – sorrio sem jeito⠀

Ele suspira derrotado — tudo bem, quem sabe outro dia – sorri de lado — um dia ainda comemos juntos⠀

Confirmo com a cabeça e ele sai cumprimentando o Eros que estava vindo.⠀

— esse cara vive na sua sala – resmunga⠀

— ele veio trazer meu notebook que deu problema – explico — Yan é um cara legal⠀

— tão legal que você sempre rejeita o pobre coitado – zomba⠀

— você não tem nada com isso – digo — é melhor que falar dos outros é trabalhar, bora ?!⠀

— sim senhora chefia – brinca e eu nego com a cabeça e sentamos pra começar o projeto.⠀

Encaro o Eros por algum segundo enquanto ele arruma um esboço na planta que fizemos, ele tem uma cara concentrada, e me lembro de amar observar ele enquanto fazia algum trabalho, justamente por achar a coisa mais fofa a carinha de concentrado que ele faz.⠀

— ei não me olha assim, seu olhar me desconcentra – diz⠀

— desculpa, é só que , eu me lembrei do por que gostava de te observar – explico⠀

— eu sei, é por isso que está me desconcentrando, é como um maldito dejavu – diz parecendo chateado⠀

— desculpa – sussurro⠀

Volto a me concentrar no que estava fazendo, e deixá-lo trabalhar em paz, ele está diferente, o Eros de antigamente nunca se esforçaria tanto pelo perdão de alguém, talvez esses anos tenham feito ele ver o valor que tem alguém que se preocupa com ele e o ama.

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