Capítulo 1

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Capítulo 1

-Claro que vou ganhar as eleições, Clifford, o que é que tu esperavas?

O Michael revirou os olhos quando ouviu o comentário do Nate, o que me fez suspirar. Não me conseguia lembrar de uma única conversa que aqueles dois tivessem tido que não tivesse terminado numa discussão, e pelo tom de voz do Nate e as reações do Michael, estava a ver que aquela vez não ia ser exceção.

-Ei, vocês sabiam que há um aluno novo? - perguntei com um sorriso amarelo, tentando distraí-los da sua discussão eminente.

-Claro que já, não se fala de outra coisa, - respondeu o Nate, antes de acenar a mão como se o assunto fosse insignificante. - É só mais um idiota à procura de problemas.

Franzi o sobrolho, enquanto o Michael tornava a revirar os olhos.

-Ninguém me falou de problemas.

-Claro que não, está tudo mais interessado no encanto e no charme que ele manda do que na realidade.

-Ciúmes, Nate? - troçou o Michael. - Porque já ninguém quer saber que tu és praticamente presidente do corpo estudantil quando têm um novo brinquedo com que se entreterem?

O Nate lançou-lhe um olhar duro, o que me fez enterrar a cara nas mãos. Qualquer assunto que eu tentasse usar só dava origem a mais uma discussão, a mais provocações. Não conseguia perceber por que motivo eles não tentavam dar-se bem, mas provavelmente nunca viria a descobrir.

-Ele só vai trazer problemas a este colégio, vais ver, - disse o Nate em tom de promessa. - É incapaz de cumprir sequer a regra mais simples de usar o uniforme.

-É o primeiro dia dele, o mais provável é que nem tenha uniforme, - relembrou o Michael.

-Não interessa, regras são regras e têm que ser cumpridas.

O Nate levantou-se, avisou-nos que ia andando para a aula, e beijou-me a testa rapidamente, antes de se ir embora da cafetaria. Aproveitei o momento para lançar um olhar suplicante ao Michael.

-Vocês não podem nem tentar darem-se bem? - suspirei, ponto a minha mão na sua.

-Não vou com o estupor nem à lei da bala, ele já tem a sorte de eu não lhe partir a boca toda de cada vez que ele a abre para dizer algum disparate.

Tornei a suspirar.

-Ele não é má pessoa, Mikey, não vejo porque é que vocês não se podem dar bem.

-Porque ele é falso, e arrogante, e hipócrita, e não é de confiança. E isso é suficiente.

Não insisti no assunto - já sabia que não daria em nada. Tanto o Michael como o Nate eram pessoas de ideias fixas, pelo que seria praticamente impossível eles alguma vez mudarem a opinião que têm um do outro. Teria simplesmente que aguentar aquela rivalidade enquanto o Michael fosse o meu melhor amigo ou enquanto o Nate fosse o meu namorado - aquele que acabasse primeiro.

-Olha, o miúdo novo.

Olhei na direção para onde o Michael tinha acabado de apontar e percebi porque é que o colégio estava todo a falar dele. Como o Nate me tinha dito, ele não estava a usar o uniforme obrigatório, que era constituído por umas calças beges, uma camisa branca e um blazer verde. Estava a usar um par de calças preto e justo, com uma T-shirt branca que se colava ao corpo, e um casaco de cabedal por cima. Reparei também num piercing que ele usava no lábio inferior, que também não devia agradar muito ao Nate.

-Tem as miúdas todas atrás, - riu-se o Michael, apontando para o grupo de raparigas que já estava a meter conversa com ele.

-Tem cabelo loiro e olhos azuis, para não falar de um piercing, - respondi. - É claro que tem as raparigas todas atrás.

Just Saying • Luke Hemmings {AU}Onde histórias criam vida. Descubra agora