Ponto Colateral I [texto 2]

17 2 0
                                    

Eu não te conheço. Eu não tenho do que te chamar, e nem sei se eu devo te chamar de alguma coisa. Eu nem sei se deveria estar escrevendo isso. Talvez eu não esteja escrevendo, exatamente, pra você. É só que agora eu não quero escrever pra nenhum deles, entende? Nem Leste, nem Oeste. Você não sabe quem são. Você também não me conhece.

Esse texto é direcionado pra uma possibilidade. Uma possibilidade que me atormenta todo dia e toda hora. Será que alguém vai aparecer? Ou eu vou ficar pra sempre aqui, escrevendo pra um ponto colateral que pode muito bem ser um subcolateral ou na verdade nem constar na rosa dos ventos? Eu achei ter achado a resposta pra isso. Mas a verdade é que tudo parece o mesmo, e o mesmo é ruim. Ficar me perguntando se você só não me responde porque faz parte da sua personalidade, ficar me perguntando "o que será que ele 'tá pensando sobre mim?". Ficar me perguntando quem você é, e na verdade querer te conhecer. É cansativo. Tentar é cansativo.

E eu já tentei tanto, tanto, com todo mundo. Incluindo com você. Dei minha cara a tapa, me deixei exposta e vulnerável. Aberta. Mas parece que ninguém nunca quer ficar. Me parece que você não quer ficar. Você quer? Porque eu, sinceramente, queria era não me importar com isso. Queria era não pensar tanto num ponto colateral. Queria era não me deixar guiar pela rosa dos ventos, e ser minha própria bússola. Mas eu não consigo. E não sei o porquê. Não sei de mim, não sei de você. Mas queria saber.

Rosa dos VentosOnde histórias criam vida. Descubra agora