Bússola V [texto 11]

9 1 0
                                    

Hoje eu aprendi que a reciprocidade é mais importante do que eu queria admitir. Eu sempre pensei que sentimentos individuais, direcionados a alguém que você gosta, mesmo que esse alguém não gostasse de você de volta, importassem. Mas eles não importam. Pode parecer algo cruel de se dizer, mas no final é só mais uma daquelas verdades que você tem que aceitar pra conseguir amadurecer na vida: nada do que você romanticamente sentir importa até que seja recíproco. E eu vou explicar o porquê.

Em um mundo onde a meta é a reciprocidade, o sentimento platônico pode ser representado por um monomio: um termo matemático independente, sozinho. Ele pode perfeitamente formar uma equação, caso haja um monomio de mesmo valor do outro lado do sinal de igual. Porém, concordamos que aqui a meta é uma equação, uma igualdade, certo? É claro que isso não anula a relevância do monomio em si, mas uma equação ele não é - porque uma equação exige dois lados e uma equivalência. A equação é o sentimento recíproco e saudável, e um monomio deslocado significa algo irrelevante visto que, sem reciprocidade, a conta não bate.

E, é claro, isso não significa que você a partir de agora está terminantemente proibido de apaixonar por alguém sem saber se a pessoa é apaixonada por você de volta. Não é o que eu quis dizer. Às vezes os timings são diferentes, mas eles batem no final: como se o monomio precisasse passar por outras operações matemáticas sozinho, primeiro, pra depois entrar na equação. Considere a lógica do parágrafo anterior como uma finalização pra sentimentos que não fazem mais sentido, e não para aqueles que ainda estão no começo.

Ps: Esse é definitivamente o texto mais racionalista que eu já escrevi, então, sintam-se à vontade para estranhar. Há muita paixão por trás de onde esse pensamento numérico veio, muita mesmo, só que, como você e eu concluímos aqui, nada dessa paixão importou de verdade. E tá tudo bem com isso. Nunca precisou importar.

Rosa dos VentosOnde histórias criam vida. Descubra agora