Bússola VI [texto 14]

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"O modo como você é tratado é mais importante do que os sentimentos que você tem por aquela pessoa".

"Você não gostava de mim, e sim do meu amor por você."

Essas são duas frases que eu já li muito nos meus últimos anos de Internet. A primeira significa que, não importa o quão grande e belo seja o seu sentimento por alguém, se a pessoa te tratar mal, você deve colocar o seu amor próprio em primeiro lugar. Já a segunda frase, exemplifica o lado de alguém que aparentemente se relacionou com uma pessoa que não gostava pessoalmente dela, e sim de como ela massageava seu ego. Os dois termos em foco aqui são "amor próprio" e ego. E eu já não aguento mais o zigue-zague infinito que a minha vida tem sido em relação a esses dois.

É preciso achar o equilíbrio entre se amar (e consequentemente não se sujeitar a alguém que não te ame como deveria) e se conformar (o que significa, portanto, não deixar que o medo de ficar sozinho te faça aceitar o amor de alguém que você não ama). Só que encontrar esse equilíbrio é difícil. Não só emocional, como estatisticamente também. Reciprocidade é difícil de encontrar. Muito, muito raro.

E é mais difícil ainda se permitir tentar algo no âmbito amoroso tendo noção de tudo isso.

Saber que não vai dar certo antes mesmo de começar não é um bom incentivo pra ninguém. Pra conseguir tentar, de verdade, a gente precisa se fingir de besta e esperançosa; esquecer um pouquinho das estatísticas, pra no final não acabar se auto-sabotando. E ao contrário do que muita gente pensa, agir assim cansa. Porque é muito, muito mais exaustivo do que se contentar numa visão pessimista e simplesmente não tentar mais. Tanto é que eu me rendi a isso. Ao pessimismo. No fim, eu não sei se isso foi pra melhor ou pra pior, mas aconteceu. E fato é que isso é muito triste.

Como uma otimista, eu tendo a ver o melhor lado das coisas: o provável ao invés do improvável, o possível ao invés do impossível, e assim por diante. Eu escolho isso. Optar prestar atenção no que é bom ao invés do que é ruim, mesmo que esse seja a maioria. É uma escolha.
Só que acontece que o amor e a reciprocidade não são uma escolha. Eles acontecem, você querendo ou não.

Então, como é que se opta em relação a algo que não dá pra escolher?

Rosa dos VentosOnde histórias criam vida. Descubra agora