2.3 - Faculdade.

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L I Z

2 Semanas Depois.

Eu passei.

Caralho eu passei.

PUTA QUE PARIU EU PASSEI.

Eu passei na maior faculdade de dança do país.

Leio o email que havia chego no meu celular com as mãos trêmulas enquanto tento segurar o choro.

Olho a minha volta e levanto a mão, o garçom da cafeteria que eu estava me vê e vem até minha mesa.

-Pois não?

-A conta por favor. - Eu voltaria agora pro apartamento, meus pais precisam ficar sabendo disso e eu não vou contar por uma ligação.

Saio de lá apressada e imaginando o quanto eles ficariam orgulhosos, sempre foi o meu sonho, mas era o deles também.

Estaciono meu carro de qualquer jeito na garagem, e vou correndo pro elevador, quando vejo que ele vai demorar decido ir pelas escadas, vou correndo enquanto procuro a chave na minha bolsa.

Chego em frente a porta, abro desesperada.

-Mãe! Pai! - Chamo deixando a bolsa no sofá e já indo pro quarto deles. - Mãe? - Ninguém responde e quando abro a porta vejo os vários cabides em cima da cama.

Eles foram viajar e nem sequer me avisaram.

A dor de crescer com pais distantes sempre foi imensurável pra mim e eles sabiam disso.

Me sento na cama sentindo o cheiro deles, era como se eu tivesse acabado de levar um murro no estômago, eu tinha até esquecido da faculdade e do quanto eu estava feliz.

Sinto minhas lágrimas rolando enquanto eu digito os números do telefone da minha mãe.

-Filha! - Ouço do outro lado da linha e não consigo dizer nada além de chorar. - Aconteceu alguma coisa? - Ela pergunta.

-Como o meu bebê tá? - Ouço meu pai, devia estar no viva-voz, ele era ainda mais ausente do que ela.

Eu não me lembro qual foi a última vez que fomos ao cinema, ou ao shopping ou até mesmo qual foi a última vez que andamos juntos pelas ruas.

-Onde vocês estão?

-Filha eu deixei um recado pra você na geladeira, não viu?

-Não mãe, quando vocês voltam?

-Você está chorando? Aconteceu alguma coisa?

-Eu cheguei em casa pra contar que eu passei na faculdade pra vocês, mas mais uma vez vocês não estavam aqui, como sempre. - Digo e perco o controle do choro, viver a maioria do tempo sem eles e agora sozinha, estava sendo insuportável.

-Filha não sabíamos... - Meu pai começa a dizer.

-Eu avisei vocês que sairia hoje, eu só não sabia a hora, mas devem ter esquecido, igual com as minhas apresentações de dança.

Eu não estava com cabeça pra conversa, eu queria deitar, ligar a música mais triste que eu tivesse no celular e chorar, chorar até limpar toda a dor que me corroía.

-Querida você sabe que não fizemos por mal, tente nos entender...

-Entender pai? Eu fui criada por empregados, vocês nunca se importaram em estar comigo ou com quem eu estou, não sabem nada da minha vida. - Respondo grossa e penso em desligar na cara deles.

-Já chega Liz! Tudo o que você tem hoje é por conta do nosso trabalho!

-Eu preferia não ter nada, mas ter vocês comigo. - Desligo a chamada e o telefone, não quero falar com mais ninguém hoje, e também nem tem com quem eu falar.

A Melhor Amiga Da Minha IrmãOnde histórias criam vida. Descubra agora