-Por que a primeira-dama Anahí não está acompanhando o senhor nos eventos políticos?
Questionou um dos jornalistas na entrevista de imprensa no salão de Los Pinos.
O senhor presidente sorriu levemente, disfarçando sua pesada respiração.
-A senhora minha esposa está passando férias na Europa!
Comentou Velasco, mas na realidade, fazia semanas que Anahí estava em uma cama de hospital se recuperando da intoxicação que teve ao tentar se suicidar. Em uma reunião que esteve com sua mãe, Manuel daria mais liberdade para sua esposa visitar sua família, os quais estavam aflitos sem notícias da primeira-dama.
Os tabloides questionavam a possibilidade de divórcio entre Anahí e Velasco, mas a realidade era muito mais dura que as teorias da mídia; Anahí vive um cárcere, afundada em uma profunda depressão, alguns dias após retornar ao palácio de Los Pinos, não saiu de ser quarto, passava seus dias deitada sobre a cama, com as janelas e a porta de sua sacada fechada. A vida, a vida que ela tanto dava valor para si estava cinza, sem alegria, seu único ponto de luz era o sorriso de seu filho, esse que vinha a visitar em seu quarto e trazia um ramo de rosas na tentativa de alegrar seus dias.
A porta de seu quarto se abriu, Anahí pensava na possibilidade de ser seu filho, mas era seu marido, Manuel Velasco, que deu poucos passos e parou.
-O motorista levará você até à casa de seus pais, poderá passar algumas semanas com eles.
Ela o fitou um tanto quanto interrogativa.
-Sim, isso mesmo, você ficará com eles, para não dizer que não faço nada de seu agrado, mas meu filho não irá, estará sobre tutela de minha mãe.
A mulher nada disse, parecia mais um zumbi que perambulava pelo palácio sem nada dizer.
Manuel acompanhou sua esposa até ao veículo de luxo preto, os seguranças da presidência puderam presenciar a primeira-dama com os cabelos bagunçados com um semblante neutro em um pijama.
Em frente à residência de Henrique Puente e Marichelo Portilla, o automóvel foi estacionado, os seguranças abriram a porta auxiliando Anahí a sair do carro. Marichelo se assustou, depois de dias sem saber de sua querida filha os seguranças de seu marido a entregavam nas portas de sua casa como uma repleto cadáver, pálida e magra, de aparência espantosa.
-A senhora ficará com vocês por alguns dias!
Disse um dos seguranças logo entrando no veículo e dando partida.
Marichelo recolheu sua filha para a grande e elegante sala de estar, sentando-a no sofá, agarrou-a nos braços com lágrimas nos olhos.
-Filha, é a mamãe, o que aconteceu?
Anahí abraçou sua mãe, chorando desesperadamente.
-Tentei me matar e infelizmente falhei!
A senhora com os olhos arregalados encarou a mulher.
-O que disse Anahí?
-Não aguento mais aquele inferno, Manuel me bate, me humilha, eu vivo um inferno nas mãos da família Velasco. Mamãe, eu preciso sair daquilo, preciso tirar Manu das mãos daqueles monstros.
Henrique ao escutar os relatos da filha, desceu apavorado a escadaria de sua casa, vindo de encontro abraçar sua filha e sua esposa.
-Acalma-se, minha querida! Estamos aqui, por você!
Atentei contra minha vida; sim, tentei me matar e o que penso sobre? Nada, buscava na morte uma salvação e minha busca foi interrompida pelos médicos.
Velasco decidiu me deixar na casa de meus pais, um respiro depois de tantas coisas, só o que me deixa aflita é saber que meu filho está próximo daquele cruel homem, queria o ter em meu alcance, mas nos últimos dias a crise depressiva após uma tentativa de suicídio não me possibilitou dizer nada, e nada tinha para falar com Velasco e sua mãe, apenas Manu e sempre Manu me trazia um pouco de alegria e as perfumadas rosas que com a ajuda de Paula colhia do jardim de Los Pinos.
Uma experiência de quase morte me trouxe a gana de fazer coisas que não faria antes, não quero ser a infeliz mulher que vive o inferno tenebroso que vivo, quero ser feliz, quero estar com pessoas vivas e não almas mortas que não desencarnaram ainda.
Após alguns dias na casa de seus pais, longe de todo o tormento em Los Pinos, a jovem mulher decidiu ligar para Maite.
-Mai, é a Ani!
"-Ani, como está? Você andou tão sumida, não respondeu minhas mensagens e nem atendeu minhas ligações- ".
-Mai, eu atentei contra minha vida, estava em coma!
"-Anahí! - gritou -O que está acontecendo? -''.
-Depois lhe conto tudo, prometo amiga! Estou ligando para dizer que aceito o jantar, mas precisa ser logo, tenho pouco tempo livre do senhor presidente e Mai, necessita ser em repleto sigilo, Manuel não pode nem cogitar sobre a existência de tal jantar!
"-Não se preocupe, informarei nossos colegas - ''.
-Diga à Alfonso que quero vê-lo!
Voltarei a ver meus queridos companheiros que por anos compartilhamos os melhores momentos de nossas vidas, ademais, voltarei a ver meu grande amor. Não sei como será o jantar, como será nossas conversas depois de tanto tempo, ainda mais, como será reencontrar Poncho depois de tantos anos? Talvez eu direi "-Olá-'' ou "-Eu te amo, salva-me das garras da Televisa e de Velasco-'' ou "-Eu sinto muito-'' .
Dois dias depois, Maite me ligou informando que o nosso encontro seria hoje, o dia que acordei ansiosa, com o coração batendo aceleradamente, pensando milhões em minha mente que rodava e rodava e chegava em uma única pessoa, Alfonso; sim, estava indo por ele, por um minuto depois de todos anos poder lhe dizer "-Eu sou vítima, vítima de um acordo milionário, nós somos vítimas-''.
No espelho à frente encarava-me. O que estava pensando? O meu eu interno estava gritando, gritando porque talvez hoje ele me escutaria e saberá de toda a verdade, necessito que ele me escute...
-Filha! - exclamou minha mãe entrando no quarto em que estava alojada por estes dias -Acha uma boa ideia desobedecer a seu marido? Se souber sobre isso, você sofrerá as consequências, querida, ele é um homem perigoso e poderoso.
-Não seguirei as ordens de Velasco, não vou submeter aos seus controles, estarei com meus amigos.
-E com seu ex-namorado!
-Sim, com o homem de minha vida, ele precisa saber de tudo, de tudo que aconteceu nestes últimos anos e de o porquê desisti de nós.
Disse me levantando, colocando minha pequena bolsa em um de meus ombros.
-Espera querida, posso te levar à casa de Alfonso.
-Não precisa mamãe, eu digerirei, faz tanto tempo que não ando como uma mulher livre pelas ruas desta cidade, será bom estar sozinha e não se preocupe, ninguém me verá.
Ao entrar no veículo e dar partida, liguei o aparelho inteligente, colocando umas das músicas de Melendi, destino o casualidad, uma música que me enche o peito de inúmeras sensações e assim dei partida rumo à casa de Poncho, de meu querido Alfonso Herrera, esperando ser ouvida, esperando ter momentos felizes juntos de Dulce, Christian, Maite, Christopher e dele, de meu grande amor.
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A primeira-dama
FanfictionA vida é um mar instável, uma ressaca de janeiro, para Anahí, a vida se transformou em um campo de grãos queimados, devorados pelas chamas do mais ardido fogo; há dez anos atrás, foi corrompida de seus sonhos, de sua carreira e de seu grande amor, p...