Capítulo XVI

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   Depois de mais um ato de amor intenso, eu estava descansando sobre o peito de Bento. Sua mão me acariciava, deslizando por meus cabelos.

   — Por que com você é mais especial? —. Bento pergunta. Acho ele já estava sentindo a verdade. Era óbvio que ele me amava, só não sabia ainda.

   — Não sei, me diz o que você sente —. Sempre tive uma estratégia quando eu queria ouvir algo de uma pessoa. Eu obrigava ela a dizer.

  — Cara isso é tão embaraçoso. É uma confusão tão grande aqui dentro —. Ele aponta para a cabeça.

   — Continue —.

   — É que eu não me conheço mais. Eu não conheço mais o meu corpo, e nem a minha cabeça —. Explicou.

   — Todo mundo muda um pouco durante a vida Bento, ninguém é sempre a mesma pessoa —.

   — Não, não dessa forma. Eu nuca fui de perder o controle. E agora eu vou além do limite —.

   — Foi você que me disse, que o verão tinhas muito mais coisas além do meu quarto. E você me mostrou maravilhas —.

   — E você me levou ao céu —. Ele me dá um beijo suave e rápido.

   — Viu até seu beijo é diferente —.

   — Deve ser porque eu sou um garoto Bento —.

   — Não nesse sentido. Toda vez que você me beija, eu sinto como se fosse o melhor beijo da minha vida —.

   — Considerando que você foi o único que eu beijei, eu sinto a mesma sensação —.

   — Sério que fui seu primeiro beijo? —.

   — Sim —. Eu poderia ter ficado envergonhado, mas não fiquei, afinal valeu a pena a espera.

   — E eu mandei bem, pra uma primeira vez? —.

   — Eu não imaginaria melhor —.

   Quando se está apaixonado você parece outra pessoa. No meu caso eu ficava mais extrovertido, somente com Bento.

   — Sabe do que eu tenho medo? —. A cada segundo éramos mais confidentes.

   — Do quê? —.

   — De amar uma pessoa demais, e depois ela encontrar alguém melhor, e me deixar sozinho —. Ao falar isso Bento me aperta em seu abraço, como se estivesse mesmo temendo algo.

  — Nem se eu procurasse em outro planeta eu encontraria —. Se Bento estiver com receio de mim, preciso mostrar que sou totalmente confiável, e louco por ele, mas de uma maneira sútil, sem parecer desesperada.

  — Eu não sou tudo isso Daniel. Você que se iludiu demais —.

   Minha vontade era estapear seu rosto, até ele entender que é lindo, maravilhoso e perfeito.

   — Eu me apaixonei por você. Pode ser ilusão ou não, mas para mim você é a pessoa mais incrível do mundo —. Me levanto vou até minha mochila, e pego meu caderno onde eu guardava os desenhos que fiz de Bento.

   — O quê você está procurando? —.

   — Uma coisa muito importante para mim —. Falei. Pego o lampião levando para mais perto da cama.

   — Abre, se você tiver alguma dúvida sobre mim, ou sobre você mesmo, tente saná-las —.

   Ao abrir a primeira página, ele olha para mim com um grande sorriso.

   — Você me desenhou? —. Seu olhar encantado era encantador.

   — Nesse caderno desenhei as pessoas mais importantes da minha vida. Meu pai, minha mãe, meu melhor amigo, e a grande maioria deles é você quem está desenhado —.

   — Esse sou eu correndo? —. Ele pergunta rindo.

   — Sim. Olha como você é perfeito, isso não é invenção, essa é a mais pura realidade. Você é... —. Bento não me deixa terminar de falar, e me beija loucamente.

   Ele parecia ter acreditado em minhas palavras. Eu torcia muito por isso. Meu sonho era namorar com Bento, e isso parecia cada vez mais próximo.

   Minha vida já era boa sozinho, mas com Bento ela parecia infinitas vezes melhor. Talvez porque ele foi sempre mais aventureiro, enquanto eu caseiro e reservado.

   — Desculpa eu não confiar em você —. Com seus lábios nos meus eu perdoaria qualquer coisa.

  — Você duvidou apenas de si mesmo —. Expliquei. Eu sempre fui assim, gostava de mostrar às pessoas quem realmente elas eram. E Bento não via, com certeza isso era culpa de sua ex desprezível.

  Ela só podia ser uma pessoa muito burra, para perder uma pessoa como o Bento. Ainda mais apaixonado por alguém.

   Por ele, eu me deitaria em brasas para ele passar. Mesmo não sabendo se ele faria o mesmo. Talvez esse fosse meu maior defeito, dar mais do que receber.

   — Eu devo ter muita sorte mesmo. Você que é a pessoa mais incrível do mundo. Tanto que quando eu acenei para você naquele dia, foi quase como um reflexo —.

   — Me ilude mais —. Afundei meu rosto no seu peito.

   — Você naquela janela parecia um príncipe, na espera de seu outro príncipe. E no lugar dele, veio um ogro —.

   — Acho que na torre eu era o dragão —. Falei rindo. Eu não queria ouvir mais nada. Beijei sua boca novamente.

   Quando você é jovem, o seu corpo é tão enérgico, que você acaba fazendo loucuras além do normal. Assim era Bento e eu.

   — Desse jeito vou me acostumar com isso —. Ele pega o cobertor, e nos esconde completamente.

   Com minha boca, falo carícias por seu peitoral. Ele ri baixinho. No escuro todo mundo se revelava, e fazia tudo o queria fazer.

                        

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.

  

 

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