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— O que?! — Jisung falou um pouco alto, encarando o ruivo um tanto que atordoado.

— Eu nunca me permiti gostar de ninguém, Jisung. — Minho comentou, ele tinha total noção que o menor sabia disso. — Eu sempre tive medo.

— Eu sei... — Jisung sibilou em um sussurro voltando a ficar cabisbaixo.

— Eu nunca cogitei em me apaixonar e sempre evitei isso porque sei o quanto dói amar alguém. — Minho girava o anel em um de seus dedos de forma desleixada, tentava relaxar para conseguir contar tudo ao outro. — A minha mãe morreu amando o meu pai, o amor que ela sentia por ele a matou.

— O amor é uma arma. — Jisung comentou atraindo a atenção do ruivo que o olhou um tanto que confuso. — Você pode ser a mira ou estar segurando o gatilho. Quando você acaba amando por dois se encontra na mesma situação, o que muda é o fato de que você mira para a sua própria cabeça. — Terminou por fim, ele havia criado aquela visão metafórica desde muito novo e ela pareceu clarear mais depois do que havia acontecido entre ele e Mino.

Jisung sentiu-se assim, era como se ele segurasse uma arma e mirasse para a própria cabeça todos os dias e segurasse o gatilho questionando-se a todo tempo em qual momento iria atirar.

— É bem por aí mesmo. — O ruivo concordou. — O amor da minha mãe sufocava meu pai, ela desenvolveu dependência emocional e por mais que ele tentasse se separar ela nunca deixava.

As lembranças que normalmente Minho tentava esquecer começaram a vagar pela sua mente, aquilo o atormentava todos os dias.

— Antes eu me perguntava se ela estaria viva caso tivesse aceitado a separação e agora eu sei que não, por mais diferente que sejam as escolhas alguns resultados nunca mudam. — O ruivo continuou, suspirando. — Ela perseguiu meu pai durante todo o colegial, e acabou engravidando de mim para tentar segura-lo.

— Hyung...

— Depois que eu nasci e meu pai ficou ciente que agora tinha uma família a qual cuidar as coisas mudaram, ficaram estáveis por cerca de sete anos. — Minho sorriu fracamente. — Eu não fazia ideia nenhuma do passado deles e o amor que eles demonstravam sentir um pelo outro em minha frente me encantava, eu desejava viver um amor como aquele.

Minho fez uma breve pausa suspirando mais uma vez antes de continuar, apertou fortemente o volante e Jisung não soube o que falar para reconforta-lo.

— E então eu acabei descobrindo que meu pai tinha outra família, ele estava saindo com a mãe de Hyunjin já tinha cerca de cinco anos. — Novamente Minho fez uma pausa e suspirou. — Foi quando eu consegui perceber que estava alienado a todo esse tempo, eu percebi a forma que meus pais se tratavam, passei a enxergar o que eu fingia não ver e moldava em minha cabeça algo diferente, sabe?

— Você distorcia as coisas... — O moreno murmurou e o outro assentiu. — Olha, você era uma criança, é algo natural...

— Talvez fosse a forma que eu havia encontrado para fingir não ver o quão doentia era a nossa família. — Minho murmurou, balançando a cabeça. — Enfim, quando meu pai soube que eu havia descoberto tudo ele disse que não tinha mais razões para continuar mentindo e que iria se divorciar definitivamente de minha mãe. — O ruivo novamente fez uma pequena pausa. — Foi aí que os problemas reais começaram.

— Minho hyung, eu já entendi, você realmente não precisa... — Jisung balbuciou segurando inconscientemente no braço do ruivo.

Fazia tanto tempo que não tinham um contato direto que por mais bobo que fosse os dois sentiram uma corrente elétrica passar rapidamente por seus corpos, era como se tudo ao redor deles tivesse parado, sentiam-se absortos. Estavam, juntos, em uma bolha.

Namorado de Mentirinha  [MINSUNG]Onde histórias criam vida. Descubra agora